Cerveja de Bandeja: foi a Bélgica que me trouxe para o mundo de Gambrinus

Chimay Grande Réserve 2003, uma das responsáveis – Foto de Bruno Agostini

Eu era um bebedor de vinhos convicto, desses que até abria umas garrafas de Original, Heineken e Bohemia de vez em quando. Mas raramente. Até que conheci a Bélgica, através de suas cervejas complexas, densas, perfumadas, saborosas e excelentes parceiras para a comida. Dependendo do estilo, podem acompanhar qualquer prato, de burgers e mariscos diversos até carnes, caças e doces.

Posso dizer que o encontro mudou a minha vida, e desde então passei a explorar este delicioso universo cervejeiro, e hoje tenho bebido mais as nacionais, como forma de prestígio à excelente produção brasileira atual. Mas tudo começou com as belgas.

Sim, foi a Bélgica que me trouxe para o mundo de Gambrinus.

A cerveja Pauwel Kwak, uma Belgian Strong Ale sensacional: copo desenhado quando não havia Lei Seca – Foto de Bruno Agostini

Foi numa tarde de outono, numa loja em Ipanema. Era sábado, eu tinha textos a escrever, levei o computador e fui provando. Pauwel Kwak, St. Bernardus  Abt 12 (que conhecera semanas antes, na Itália), Orval. Foram essas quatro. Não me lembro a ordem.

Orval: cervejaria trapista belga espetacular – Foto de Bruno Agostini

Depois, em outros dias, vieram outras e mais outras: as ácidas, todas as trapistas, La Chouffe, Avervbode, Tripel Karmeliet, Affligem Blond, Mort Subite, Delirium Tremens, Gregorius Trappistenbier, Deus, Lucifer, Leffe. Até que vieram outras: Gouden Carolus Cuvée van de Keizer Blauw, Chimay Blue Grande Réserve… Passei uns meses só bebendo vinho e cervejas belgas. Estudando o assunto, que foi se ampliando: Alemanha e República Tcheca, Inglaterra, EUA…

A Westvleteren 8, um pouco mais leve e menos alcoólica que a Westvleteren 12, sobre a mesa do bar do Antiquarius – Foto do Instagram @brunoagostinifoto

Mas e a Westvleteren 12: o que é aquilo? Um monumento etílico, uma joia cervejeira, um assombro.

Depois de descobrir este universo cervejeiro flamengo, caracterizado por fermentos especiais bem marcantes, entre leveduras e bactérias,  e – muitas vezes – altos índices de álcool, veio o interesse profundo por uma vertente oposta: as ácidas. A Gueuze Mariage Parfait, a Duchesse de Bourgogne… as com adição de frutas…

Rosé de Gambrinus, produzido com framboesas – Reprodução

Até que, então, que vieram as Lambics: aí meu coração se encantou de vez. Que cervejas incríveis, excelentes para a comida, entre as melhores companhias para pescados de vários tipos, especialmente as conchas, como aquelas cultuadas pelos belgas possivelmente com a sua principal iguaria: moules et frites.

A fachada da abadiada onde é produzida a Chimay: muita vontade de visitar – Foto de divulgação

A Bélgica passou a ser um dos meus destinos preferidos para ser a próxima viagem.

E, falando em futebol… Desde que acompanho as Copas, 1982, a Bélgica é sempre cotada como emergente candidata a favorita, e até que faz boas campanhas, passa de fase, dá trabalho (quem não lembra aquele 2 a 0 sofrido nas oitavas de 2002, com gols do Rivaldo?), mas morre na praia… do Mar do Norte…

Agora dá licença que o jogo já começou.

* Este texto foi escrito durante a Copa de 2018, na Rússia, momentos antes da partida entre o Brasil e a Bélgica (a mandinga não deu certo).

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Leia mais sobre cervejas, cervejarias e afins na coluna “Cerveja de Bandeja“, no ar às quartas-feiras – ou em edições extraordinárias.

E MAIS:
– Cerveja de Bandeja: Chimay, uma das maiores e melhores trapistas do mundo
Cerveja de Bandeja: Orval, uma das melhores cervejas do mundo, regada a lúpulo, histórias e lendas
Cerveja de Bandeja: Cantillon Rosé de Gambrinus, e outros estilos que lembram vinho

 

 

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