De Bar em Bar: Brewteco abre em dezembro sua quarta filial, onde era o Hipódromo, na Gávea

Refeição no Brewtco: Double IPA acompanha – Foto de Bruno Agostini
Essa tragédia chamada Covid-19 foi devastadora para o mercado de bares e restaurantes. Especialmente, ao que me parece, no Rio, onde vários lugares, alguns deles já cansados de guerra, já vinham sofrendo com a crise econômica aguda do país, do estado e da cidade, e pior ainda no Centro.
Alguns lugares me doem muito no coração: é o caso da Casa Villarino e de O Navegador, ambos no decadente Centro; do Garden, casa que frequento desde a mais distante infância (comia lasanha verde à bolonhesa, aos cinco anos, por aí), a deliciosa Casa Carandaí, as três filiais das cinco que existiam do Aconchego Carioca… As estimativas indicam que vão fechar as portas 20% dos estabelecimentos do segmento (no Centro seria o dobro).
Outros lugares, porém, não me farão a menor falta, com todo o respeito ao histórico deles, pois não tinham qualquer valor para mim. Caso do Alcaparra, que baixou as portas há alguns dias (achava caro, e a comida normal) e o Hipódromo – embora tivesse relevante valor histórico e cultural, não tinha outros méritos nem gastronômicos nem etílicos, além de reunir boêmios e outras castas notívagas. Era um bar que não soube se ajustar aos novos tempos (sei que muita gente adora, eu respeito, mas não sentirei nenhuma falta de lá, mais uma vez, com todo o respeitos aos clientes fiéis, entre eles muitos amigos, aos sócios, e aos funcionários).
Mas, no caso do Hipódromo, eu até fiquei ligeiramente feliz. Não pelo fechamento, claro. Mas porque no lugar dele, e mantendo, pelo menos em grande parte, os funcionários, e certamente parte dos clientes, vai abrir a maior filial (vai virar matriz) de um dos melhores bares do Rio: o Brewteco. Servem comida boa e barata, no melhor estilo dos mais especiais botequins (provem a rabada!) junto com uma excelente seleção de cervejas. Isso, sim, é o que o Rio merece. Lugares decadentes já estamos cheios, e basta a própria cidade. Não quero ofender ninguém, mas é isso o que eu penso.
(Obs.: fiquei chocado com as manifestações de ódio quando o Brewteco anunciou que iria pegar o ponto. Chocado, triste e assombrado: era para os cariocas agradecerem a ousada empreitada, em tempos de pandemia.)
Fato é que isso é um presente para o Rio, pelo menos em minha opinião de cervejeiro convicto e botequeiro ainda mais. Quando comprou o botequim do Leblon que deu origem ao grupo (quando abrir no lugar do Hipódromo serão quatro casas, com unidades também na Barra e na Tijuca).
No Leblon são 15 torneiras, com cervejas, e vários rótulos em garrafa e em lata, que podem ser vistas no site e também no aplicativo do bar (assim como o menu), que também é canal de entregas de comes e bebes.
Para comer, há como se espera petiscos, pastéis (costela com mussarela, a R$ 13), sanduíches e pratos, com executivos excelentes de ótimos preços. Entre os aperitivos de destaque, a coxinha (R$ 28, quatro unidades) não leva massa: é como se fosse um croquete, e carne desfiada e prensada é frita em farinha panko. Puxando a brasa para o universo cervejeiro em que o bar se enquadra, o bolinho de malte tem bacon e é servido com aioli.
São dois burgers, e no quesito sanduíches tem ainda um buraco quente, de costela desfiada, requeijão e mussarela gratinada no pão francês (R$ 29). Entre os burgers, provem o bruto (R$ 30): 180 gramas do blend da casa, com gorgonzola, aioli defumado e picles, no brioche artesanal.
Os executivos são excelentes, e hoje, terça, tem vaca atolada (R$ 23), enquanto às quartas é a vez da sensacional rabada. Porções bem fartas, que podem servir duas pessoas facilmente.
Não sei se foi coincidência: no Prêmio Veja Rio, semana passada, o Brewteco ganhou na categoria Bar de Cerveja e o João de Deus Lopes, o Boi, craque do serviço no Hipódromo, venceu como Melhor Garçom – ambos merecidamente. Na simpática foto que estampa a reportagem ele já aparece com o uniforme do Brewteco, e uma bela bandeja de chopes. Porque ele, assim como muitos ex-funcionários do Hipódromo, vão continuar a trabalhar no lugar, a partir de sua reabertura, em dezembro. Vida longa ao Brewteco, e que continuem sua expansão, e a revitalizar lugares, e – principalmente – a manter o emprego de tanta gente. Eu só agradeço.
o Brewteco é um Boteco com “B” maiúsculo, e serve Cervejas excelentes, com “C”, maiúsculo. Vai por mim.
SERVIÇO
Brewteco – Rua Dias Ferreira 420, Leblon. Tel.: 3217-8280. https://brewteco.com.br/
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