Dias de Bar e Mar no Leblon é uma espécie de clube de praia, mas com os pés no concreto

 

Quarteto de conchas: no limão; no molho ponzu (vinagre, shoyo, limão, laranja e azeite); no vinagrete de tangerina e picles; e frita com supreme de limão e aioli branco – Foto de Bruno Agostini®

O Dias de Bar e Mar indica no nome o que é de forma irreverente. Trata-se de um bar localizado na rua Dias Ferreira que tem nos pescados a sua especialidade. Simples assim. Mas há, por detrás do nome bem humorado, uma sofisticação. Tudo ali é buscando uma dose de graça e alegria, se inserindo numa praia que não existe – só a três ou quatro quadras dali. Mas, até parece que estamos com os pés afundados na areia. Dá próxima vez eu vou botar uma camisa de linho azul-bebê, desabotoada, uma bermuda cargo cáqui, um dockside e um par de óculos escuros, claro.

Seria pretensão dizer que parece que estamos numa praia de St. Tropez, num bar tipo Club 55. Tem jeito carioca mesmo, que no fundo é muito melhor.

A letra da logo é claramente inspirada nas assinaturas do genial Millôr Fernandes, rato de praia, um dos primeiros adeptos do frescobol, o “Único esporte com espírito esportivo, sem disputa formal, vencidos ou vencedores”, segundo suas (sempre geniais) palavras.

Para não parecer muito mais mediterrâneo do que já parece, em vez de usar as cores azul e branca para marcar a decoração despojada como numa birosca pé-na-areia, eles foram no amarelo e branco. Assim são os guarda-sóis e cadeiras de praia.

O cardápio é um passeio pelas barbas de Netuno: tem polvo à galega, mas servido em lâminas e com baroa e aioli; coquetel camarão; crudo de atum; moules marinière com fritas, claro; crab cake; patinhas de caranguejo é um espetinho surf ‘n’ turf.

Eu diria que são as estrelas da companhia marítima, junto com o quarteto de ostras: com limão, no ponzu (vinagre, shoyo, limão, laranja e azeite), no vinagrete de tangerina e picles e a versão frita, com supreme de limão e aioli branco. Certeira.

O menu de almoço agrada gregos e troianos: atum com purê de cará, molho roti e farofa de panko; polvo com arroz meloso; e linguini com camarões ao limão, mas também steak au poivre.

Igual com o trio de sanduíches: o shrimp roll reluz, com camarão no brioche com gribiche dill e picles de cebola roxa, mas o cheeseburger do Dias me soa bem também, olha só: blend da casa 120g, american cheese, geléia de cebola roxa e molho de alho Dias, com fritas, óbvio…

Há petiscos terrestres, como croquete de porco, burrata com rúcula, e steak tartare. Fica todo mundo contente, mas no Dias eu vou mesmo é dar um mergulho nesse mar.

Já está funcionando o Velvet, no subsolo, um pequenino club de jazz, que justifica a palavra intimista para o definir. Parece imperdível, o cúmulo da exclusividade. Dei uma espiada no fim das obras e, além do trio de jazz e da dupla de bartenders, devem caber umas 10 pessoas. No máximo. Assim que é bom. Já ia esquecendo de dizer: o bar é uma parceria de duas feras, do mar, que são sócios. O Jonas Aisengart, do Quartinho, Pope e Chanchada; e Rod Werner, um dos melhores bartenders do Rio, com passagem por muitas das melhores casas do Rio.

Termino saudando Iemanjá, Rainha do Mar, celebrada semana passada, nos versos de Caymmi, esse sábio: o mar quando quebra na praia é bonito.

Melhor ainda:

“Quem vem pra beira do mar, ai
Nunca mais quer voltar, ai
Quem vem pra beira do mar, ai

Nunca mais quer voltar

Andei por andar, andeiE todo caminho deu no marAndei pelo mar, andeiNas águas de Dona Janaína
A onda do mar levaA onda do mar trazQuem vem pra beira da praia”

SERVIÇO
Dias de Bar e Mar: Rua Dias Ferreira 410, Leblon. Instagram: @diasdebaremar @velvetsubsolo

 

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