Minhas férias em Nova York: Por Maria Luisa Agostini

Maria, na sala de embarque do Santos Dummont, esperando o voo para SP que nos levaria a NY – Foto de Bruno Agostini

Minha filha Maria é muito engraçada, o que ajudou a tornar a nossa viagem pra Nova York ainda mais divertida. Um dia, entrando no táxi, a caminho de Downtown, não me lembro porque eu cheguei e disse:
– Quando voltar ao Brasil, e suas aulas começarem, vou escrever uma redação (*), como se fosse você, contando as suas férias, esse exercício que os professores de português sempre passam aos alunos na volta às aulas. E comecei a falar como seria, fingindo ser ela, narrando em primeira pessoa. E fui falando. “Nova York é muito maneira, e estava o maior frio, mas meu pai disse que estava quente pro inverno. Uma pena, porque eu queria ver neve, e não nevou. Eu só queria saber de comprar, e meu pai só queria saber de comer” – comecei.
Depois de um minuto inventando um texto de cabeça, parei, falhou a inspiração. E, então, ela disse: “Continua, pai”. Rimos juntos, ensaio a continuação, e ali, por conta do entusiasmo dela, decidi que escreveria um texto em primeira pessoa, como se fosse ela, aproveitando os seus comentários e o seu comportamento durante a viagem.
Obrigado, filha, pela inspiração. Te amo. Muito.

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Maria e nosso kebab noturno – Foto de Bruno Agostini

Redação: Minhas férias – *Por Maria Luisa Agostini

A gente decidiu meio assim, em cima da hora, uma semana antes. Meu pai sempre me falava de Nova York, que era uma cidade muito maneira, que tinha um monte de coisa legal, para adultos e crianças. Ela falava dos esqueletos de dinossauros do Museu de História Natural, dos rinques de patinação no gelo, do Central Park, dos hambúrgueres e cachorros quentes, dos cookies. Então, de repente, a gente estava programando a nossa viagem.

Papai ficou feliz, porque conseguiu um preço barato, numa promoção de última hora. Pagou uns R$ 8 mil, com passagem, hotel e seguro, para nós dois. Mas eu não acho isso barato, não, mesmo que em dez vezes. Mas ele me falou uma coisa engraçada: que uma semana no hotel Le Canton, em janeiro, custaria uns R$ 7.200. Aí, sou mais ir pra Nova York mesmo.

Metrô na chegada – Foto de Bruno Agostini

Chegamos de manhã muito cedo. Aí eu falei, na saída do aeroporto: nem está tanto frio como você disse. Mas isso porque a gente estava na parte aquecida, quando chegamos na rua estava um frio danado, uns três graus. O que é até quente pro inverno. Uma pena, porque eu queria ver neve, mas meu pai viu na previsão do tempo que não teria neve nos sete dias em que a gente ia ficar lá. Eles acertaram tudo, as temperaturas, os dias de chuva. Meu pai ficou impressionado.  Fiquei chateada por causa da neve, mas tudo bem, agora a gente está combinado de ir pro Chile ou pra Argentina no inverno. Aí vai ter neve com certeza. kkkkk

Eu e a filha no Central Park: melhor viagem! – Foto de Bruno Agostini

A gente pegou um trem, e depois o metrô, pra chegar em Manhattan, que é a ilha de Nova York, meu pai me explicou. Demorou um tempão, e tinha muita gente engraçada  no nosso vagão. E quase ninguém falava inglês. Também tinha muito brasileiro lá. A gente sempre encontrava.

Bagel e pastrami na Katz’s Deli – Foto de Bruno Agostini

Foi muito maneiro quando a gente saiu do metrô. Até comentei com o meu pai, que parecia que a gente estava em um filme. Nova York parece um filme. Claro, como eu sou tonta… Um monte de filme foi gravado ali, meu pai falou. Parece um filme mesmo. Tem um monte de prédio parecido, com escadas do lado de fora, pras pessoas fugirem de incêndio, meu pai contou. Mas vira tipo uma varandinha.

Sobremesa no grego Milos – Foto de Bruno Agostini

Nossa viagem foi engraçada. Eu só queria comprar, e o meu pai só queria comer.

No primeiro dia a gente encontrou uma amiga dele, que mora na Filadélfia (essa foi fácil gravar, porque eu adoro hot philadelphia).

Lobster roll no Lukes, no food hall – Foto de Bruno Agostini

A gente foi tomar um café numa praça de alimentação chique perto do nosso hotel, o Park Lane, na rua do Central Park. O nome do lugar era The Plaza Food Hall, e a gente foi lá praticamente todos os dias da viagem.

Com a Flavinha e o milk shake – Foto de Bruno Agostini

Depois fomos comer hambúrguer com milk shake. Quer dizer, eu pedi milk shake, meu pai pediu cerveja mesmo. Os milk shakes eram muito malucos, cheios de delícias penduradas, com biscoitos, M&M, algodão doce, um monte de coisa, todos coloridos, grandões. Muito maneiro.

Times Square, perdição de M&M – Foto de Bruno Agostini

Aliás, falando em M&M tem uma loja muito, mas muito grande, só de M&M, pertinho da Times Square, que eu queria muito ver, por causa das luzes, dos painéis. Também pedi pra gente ir naquele Hard Rock Café, ali mesmo, pra comprar uma camisa.

O famoso rinque de patinação do Rockefeller Center – Foto de Bruno Agostini

Depois, a gente andou pra caramba, e ficou procurando o Rockefeller Center, e não achou, acredita? Só fomos uns dias depois, e é lindo o rinque de patinação e a árvore de Natal (que já estava desmontada, mas vi em fotos).

Aí, a gente foi numa padaria, Bouchon Bakery, e meu pai comprou uns biscoitos muito bons. Tinha até uma imitação do Oreo, muito melhor, e muito maior. Caramba, muitos bons os biscoitos. Meu pai falou que eram de um chef famoso, muito bom, chamado Thomas Keller. Deve ser mesmo.

Fusilli com polvo e tutano, prato preferido do meu pai – Foto de Bruno Agostini

No dia seguinte fomos andando pelo Central Park, e depois almoçamos num restaurante muito chique, com vista para o parque. Foi muito bom. O nome dele é Marea, e meu pai é fã de lá, diz que vai todas as vezes.

Pastrami no Mile End – Foto de Bruno Agostini

Depois a gente saiu. E de noite foi comer um hambúrguer em um bar. De noite é maneira de falar, porque eram umas cinco da tarde, e já estava escurecendo. Meu pai comeu um monte de hambúrguer na viagem, e eu sempre provava. Sanduíche de pastrami também.

Pastrami na Katz’s Deli: nem cabia na boca – Foto de Bruno Agostini

Foram pelo menos três, que eu me lembre. Teve um num bar grandão, antigo, Kat’z Deli, e que estava lotado. Era tão grande o sanduíche que não cabia na boca do meu pai. Ele ficou mais de uma hora pra comer. Também porque ele fala muito. kkkkk

Ostras no Grand Central Terminal – Foto de Bruno Agostini

A gente fez um monte de coisa maneira. Fomos num bar que funciona numa estação de metrô, pra comer ostras. Nunca vi isso, restaurante no metrô. Tinha um monte, até uma loja de cup cakes, que a gente via as pessoas fazendo os bolos, através do vidro, muito irado. Aí, tive que comer um, né?

Porque não só de ostras vive um oyster bar: queremos “clams” – Foto de Bruno Agostini

Comi primeiro a sobremesa, depois que a gente foi comer as ostras. É muito nojento, parece meleca, mas o gosto é bom, delicioso.

O bairro italiano – Foto de Bruno Agostini

A gente foi num bairro chamado Little Italy, porque tem um monte de italiano, e meu pai ama a Itália. E num outro que chamava Chinatown, porque tinha um monte de chinês, e um monte de gente de outros países de olhos puxados.

Agnolotti dal plin, no Eataly: uma maravilha! – Foto de Bruno Agostini

Meu pai também me levou para comer em uns restaurantes muito bons. Comemos um macarrão com polvo em um lugar que estava muito bom. O tal Marea. Meu pai disse que este restaurante tem duas estrelas Michelin, e que o máximo são três estrelas e que esse é o prêmio mais importante do mundo. Tudo bem, mas sabe o que aconteceu? A gente foi num restaurante em um lugar chamado Eataly (entendeu o nome? Eu entendi, e expliquei pro meu pai. Eat, de comer, com Italy, de Itália).

No shopping gastronômico Eataly – Foto de Bruno Agostini

Era como se fosse um shopping, mas só de comida da Itália. Lá dentro tem um monte de coisa: queijo, peixe, massa, vinho. Era dia de aniversário, sorte nossa: tinha várias barracas dando provas. Tem um monte de restaurante. Fomos duas vezes lá. E sabe o que é engraçado? O restaurante não tem nenhuma estrela, mas eu comi uma massa, era um tipo de ravióli, pequenininho, com recheio de carne, que estava até melhor que a massa com polvo, do restaurante duas estrelas. Meu pai até concordou comigo. Quer dizer, ele disse que os dois pratos estavam no mesmo nível. E lembrou que custavam quase a mesma coisa.

Com o esqueleto de dinossauro, no museu – Foto de Bruno Agostini

O Museu de História Natural era muito maneiro mesmo, como ele havia dito. Mas o mais legal eram as lojas. Tinham várias lojas dentro. Uma mais maneira que a outra.

Não resisti ao pirulito do meu signo – Foto de Bruno Agostini

Comprei comida de astronauta, pirulito com escorpião dentro e também uns grilos, sabor sour ‘n’ cream, que é o que eu mais gosto na Pringles.

A gente andava muito, e Nova York é mesmo muito maneira. Parece filme mesmo. Tem um monte de gente engraçada. Acredita que um dia a gente viu um cara só de sunga, tocando violão, na Times Square? Tava o maior gelo, muito frio mesmo, não sei como ele aguentou.

Eu e meu pai no topo do Empire Estates – Acervo pessoal

A gente fez mais um monte de coisa maneira. Subiu no Rockfeller Center, e no Empire State. Eu queria ir até Nova Jersey, pra ir no shopping que tem lá, e também na loja do Buddy, a Carlo’s Bakery. Mas meu pai não queria. Como eu já disse, eu só queria saber de comprar, e ele só queria saber de comer. Mas ele disse que a Carlo’s Bakery era uma porcaria, mas que se eu quisesse ele me levava. Claro que eu queria. Tem em Manhattan também. Comi um cup cake, que estava muito bom, e meu pai pediu um cannoli, que ele disse que estava uma porcaria. Duvido. Comprei também uma camisa.

Café da manhã de despedida no Four Seasons – Foto de Bruno Agostini

No último dia a gente trocou de hotel. Fomos pro Four Seasons, em Downtown, muito chique. Convidaram meu pai pra ficar uma noite lá. Ele sempre se dá bem com essas coisas. Uma vez eu fui com ele pra Disney, com tudo pago, acredita?

Com a Ponte do Brooklyn ao fundo – Foto de Bruno Agostini

Aí a gente foi num lugar chamado Memorial de 11 de Setembro. Tinha um buraco com água, era até bonito. Meu pai foi tirar uma foto minha, aí eu fiz uma palhaçada. Ele riu, mas logo mudou, e pediu para a gente respeitar aquele lugar. Aí ele começou a me explicar a parada do atentado, que morreu um monte de gente, que ele trabalhou no dia, no Jornal do Brasil, logo no começo da carreira… Aí ele começou a chorar. Depois ele me mostrou uns vídeos dos aviões batendo nos prédios. Que horror. Os pilotos se mataram? Cruzes. E mataram um monte de gente, quase 3 mil pessoas…

Pura felicidade – Foto de Bruno Agostini

A gente fez um monte de coisa legal, como disse, mas ficou faltando um montão de programas que a gente tinha combinado: comer cachorro quente na rua, almoçar num tal de Jean-Georges, ver um jogo de basquete, ir até Nova Jersey…

Foi muito maneiro. Depois a gente voltou pro Brasil, e meu pai me chamou pra ir de novo, no ano que vem. Ainda não sei, falta muito tempo ainda.

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P.S. – Ainda não voltamos, que seja logo. Esse texto é de 2017, quando fizemos a viagem, tempo em que podíamos viajar tranquilos (que saudades). Que a gente possa voltar logo. A viajar e a Nova York!

 

 

 

 

 

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