Ristorantino: e a lasanha mais famosa do Brasil chega ao Rio, e muito mais

De vitelo, com fonduta, arrosto e chuvas de trufas: só alegria! – Foto de Bruno Agostini

Quando o Ristorantino abriu as portas, não importa o ano, deve ter uns 10 ou 12, um prato me chamou a atenção. Era uma lasanha deitada, uma fatia da massa, com recheio de ragu de vitelo, sobre um leito bicolor: de um lado, fonduta di formaggio, do outro, o arrosto da carne. Uma linda composição, sem qualquer sombra de dúvidas, que acintosamente ainda era coroada com trufas negras, ó Ceus!
Cobicei muito, com certo sentimento de inveja de quem podia provar tal composição, uma vez que o restaurantezinho italiano estava em São Paulo, e eu no Rio.
Até que a casa do Ricardinho Trevisani veio até mim, quando se instalou no Village Mall,  aguçando de novo meu desejo, que já andava esquecido, de garfar lentamente tal motivo de cobiça.
Enfim… como se diz, há dias de luta, e outros de glória.
E, também, há dias em que temos as duas coisas. Foi o que ocorreu no meu almoço sublime de quinta passada no novo Ristorantino, com seus 40 dias de vida carioca, instalado no meio do primeiro andar do shopping de luxo, instalado entre lojas do Empório Armani, da Prada e da Xxxxx, marcas de luxo italianas, que reforçavam o momento de luxúria gastronômica que vivi.
Pra começar, vi no menu que havia anchoas del Cantábrico, esse peixinho salgado que é uma espécie de benção de um só bocado. Uma hóstia marinha em conserva, que nos consagra o divino sabor, como se fosse um altar do prazer celestial das profundidades do Atlântico Norte, uma das mais finas iguarias da Terra, ironicamente vinda do Mar que ocupa a maior parte deste planeta mal-batizado pelo Homem (inclusive porque Mulher seria mais apropriado pra definir a Humanidade. Mas, isso já é muita filosofia pro meu gosto).
Meu negócio é comida. E, nesse assunto, o Ristorantino tem tarimba.
Logo vi quando veio o couvert, simples como pede essa introdução, com pão quentinho, manteiga batida do mais alto nível, e ainda grissini e uma cumbuca de fino acabamento que trazia recheio à altura: mousse de queijo de cabra e compota de tomate, uma espécie de Romeu & Julieta, só que introdutório em vez de finalizante.
Apresentado ao menu, nem precisei abrir pra determinar ao maître Wender, velho conhecido de Gero e Casa Tua, a minha escolha: quero a lasanha, por favor.
Expliquei as razões listadas acima, que tornam minha decisão irrefutável.
Só então fui manusear as cartas.
Então, eu vi ali: acchiughe del Cantábrico.
Algumas coisas os espanhóis fazem melhor que os italianos, entre elas estão o presunto cru e esse peixinho curado, primo de alici (que eu amo), só que imensamente melhor (acreditem, se nunca provaram).
Pra mim, é iguaria das mais nobres do mundo, boto no patamar de caviar, trufas brancas de Alba e… nada mais. É meu triunvirato sublime, a realeza da mesa.
Pois bem.
Não vou detalhar demais, o post já está demasiadamente longo.
Vai por mim.
Peça os dois, e pudim de pistache no fim.
A rima foi sem querer. A visita ao Ristorantino quero sempre.

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