Vinho da Semana: Castello de Montepò Morellino di Scansano 2019, joia da Toscana com assinatura Biondi-Santi

O vinho custa R$ 662, no site da Mistral – Foto de Bruno Agostini®

Morellino di Scansano é um vinho fácil de gostar e de beber. Frutado, e com boa acidez, reflete o clima mediterrâneo de onde vem. É alegre, jovem e bom para a gastronomia, sendo ótima companhia para massas com molho de tomate e pizzas de modo geral, assim como para receitas com carne, incluindo um bom churrasco.

Podemos até nos referir a essa denominação como berço de vinhos simples, sem maiores pretensões. Mas esse fato não se aplica a todos os produtores, e a famiglia Biondi-Santi, um dos grandes nomes da Toscana, é exceção à regra.

Seu Castello di Montepò Morellino di Scansano é algo sério. Conjuga as virtudes de sua D.O.C.G com um refinamento de gente grande, digno dos chamados supertoscanos. Mas, ao contrário desses, é um representante legítimo da enologia local, produzido inteiramente com um clone de Sangiovese que é exclusividade da família, o BBS11 plantada unicamente por eles, naquele solo litorâneo sagrado.

Podemos notar as virtudes de um bom Morellino logo de cara, com seu painel de frutas vermelhas e negras, o frescor vindo da influência marinha da área de Maremma e de seu relevo montanhoso, e as notas ligeiramente pedregosas que são entregues pelo terreno.

A vinificação com estágio em barricas lhe empresta complexidade, trazendo notas balsâmicas, achocolatadas.

Encontramos tons terrosos, algo de turfa. (não confunda com trufa: trata-se de um material orgânico, de origem vegeta, muito característico de certos tipos de uísque).

Na boca é sedoso, com textura firme, bem equilibrado entre a acidez, o álcool e os taninos, bem redondos. Tem corpo, mas é macio como seda. Tem 14%, mas é delicado.

Como um bom Morellino,  faz bonito à mesa. E assim se mostrou em jantar recente na novíssima Casa Tua, empreitada do empresário Alexandre Acioly com o maître Atagerdes Alves, reeditando os áureos tempos da parceria no Gero, no início da operação do grupo Fasano no Rio, que em 2022 completa 20 anos de praia. Mas agora, é a praia da Barra, onde a grife paulista da hospitalidade fincou sua bandeira por algum tempo.  No acordo para deixar a empresa,  Alves ficou com o ponto. E com a clientela, como os Biondi-Santi. Ecco! (Neste post aqui, falo um pouco da comida, e da novidade).

Voltando ao vinho e ao jantar de dez dias atrás… À mesa, o Morellino mostrou a que veio, se incumbindo de fazer bonito com dois pratos. O agnolotti de porco, que trazia a acidez adocicada da mostarda de Cremona, e um untuoso risoto de brasato al vino rosso.

Ao final, um cordeiro em crosta de funghi era a pedida para os dois vinhos mais exuberantes da memorável noite, depois do Schidione 2011, que merece post à parte. O Sassoalloro 2018 e o Sassoalloro Oro 2019. Mais um belo comportamento do Morellino frente ao trio, que não se intimidou com seus irmãos mais caros (exceto o Sassoalloro, que custa R$ 425), que passam dos R$ 3 mil a garrafa. Ele custa “só” R$ 662 (no site da Mistral, sua importadora). Acima da média de um Morellino. Porque merece. E, além de tudo, honra o seu sobrenome,  que é referência em vinho italiano.

Mais informações no site: www.mistral.com.br

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