Nos últimos anos meu irmão vem acertando em cheio nos meus presentes natalinos: vinhos italianos. Mais que isso, de estilos que muito aprecio: em 2019 foi um Langhe Nebbiolo e em 2020 um Primitivo di Manduria. Estilos antagônicos, e eu gosto muito de ambos. O primeiro, um vinho austero, fresco, outonal, e – assim como os seus pares piemonteses Barolo e Barbaresco – cheio de notas terrosas, minerais e delicadas. O segundo, o Primitivo di Manduria D.O.C. Contessa Carola Il Mio Segreto Rosso, que provei há alguns dias, é uma explosão de frutas, um vinho solar, condimentado, robusto e de muita presença, com notas lindas de cerejas maduras, mas também passeando pelos solos das vinhas italianas, com grafites e aromas pedregosos que caracterizam as montanhas da Puglia. Fiz churrasco no dia. Uma bela linguiça artesanal, ancho, vazio, farofa de alho, chimichurri, o vinho e só. Um excelente vinho para churrasco, de uma maneira geral, acompanhando vários cortes de carne, com acidez para cortar e taninos para enfrentar a gordura, sem deixar de ser sedoso, defumado e cheio de futas e especiarias, o que sempre vai bem com assados. Bingo!
Nos dois casos meu fratello divide os méritos com o vendedor que lhe atende, numa loja em Nova Friburgo chamada Château Vinhos, inaugurada em 2016, no Centro da cidade (Rua Farinha Filho 16, loja 3; tel.: 22-2523-8140; chateauvinhos.com.br). Confirma algo que sempre digo: tenha um sommelier de confiança, ou mais, e use seu conhecimento para te ajudar a escolher o vinho. Muita gente me escreve algo assim: “Bruno, quero dar um vinho de presente para o meu sogro, me indica um, por favor?”. Posso dar indicações genéricas, de acordo com os gostos pessoais ou origens da pessoa a ser presenteada. Se for alguém de família portuguesa eu iria em D.O.C.s de confiança, como Porto e Madeira, por exemplo. Mas prefiro responder assim: “Onde você pretende comprar? Minha dica é ir numa boa loja e procurar o sommelier. Conte um pouco do tipo de vinho que procura, da faixa de preço desejada (isso não é vergonha alguma, antes um vinho legal bem garimpado que seja barato do que um vinho caro e sem caráter) e outras informações, que ele mesmo vai tratar de descobrir durante a conversa. Um bom sommelier trabalha assim, e há muito por aí. Mas, é claro, também há os pilantras. Se você chega, pede uma indicação de vinho e o cara vai logo num rótulo caro, dispense a ajuda do sujeito. Como a ABS ensina aos seus alunos: “Vinho caro é o cliente que pede, a não ser que ele indique que deseja um vinho com preço alto”, diz o mestre e amigo Ricardo Farias, que por várias vezes presidiu a entidade e é dos melhores professores do ramo, e companheiro de mesa.
Eu, particularmente, adorei os meus presentes. O primeiro me agradou e surpreendeu porque o Piemonte é a minha região italiana preferida, até por raízes familiares (fora os vinhos, as trufas brancas de Alba, o dal plin, as cervejas Baladin, a battuta di Fassona, o gorgonzola dolce, a salsiccia di Bra, a grappa di Barolo, o vitello tonnato, as avelãs etc…). Além de tudo eu sou um entusiasta dos Langhe Nebbiolo, um modo acessível de beber um vinho piemontês produzido com esta uva tão emblemática. Já o segundo foi outro acerto, porque me trouxe um exemplar de uma das regiões com melhor relação qualidade x preço que eu conheço, e falo a nível mundial, não só de Itália. Tanto Langhe Nebbiolo quanto Primitivo di Mandura nunca falham, são vinhos que eu sempre gosto. Bons exemplares, de ambos, custam na faixa dos R$ 150, preço de tantos e tantos vinhos ordinários que encontramos por aí.
Cheguei a ver este vinho a R$ 199 na loja Planeta Sonho (21-99152-5095). O melhor preço, porém, encontrei no Empório Marino, em São Paulo (11-94578-5433): R$ 144,90, no link https://emporiomarino.com.br/produto/vinho-primitivo-di-manduria-doc-contessa-carola-750ml/ (Obs. Preços pesquisados em 1/3/2021).
Valeu, dr. Lauro Agostini. Curti. Obrigado, e mande os meus cumprimentos ao sommelier.
Grazie mille.