Vinho da Semana: Vivente Vinhos Vivos Cabernet Franc pétillant naturel – delícia da enologia brasileira

Vivente Vinhos Vivos Cabernet Franc, produzido através do método ancestral – Foto de Bruno Agostini

 

 

Conheci a Vivente Vinhos Vivos em 2017, em Brasília, durante o Vinum Brasilis, se não me engano. Os sócios Diego Cartier e Micael Eckert, os sócios e vinhateiros, são dois desses outsiders que tanto bem andam fazendo para a nossa enologia, ao lado de nomes como James Martini, Carl, Luiz Henrique Zanini, Alvaro Escher, Marina Santos, Marco Danielle, Eduardo Zanker, Lizete Vicari e alguns outros poucos e bons, fora profissionais da comunicação, como Didu Russo, um incansável defensor desses pequenos e competentes produtores que fazem encantadoras garrafas.

Foi na capital do país que fui apresentado às garrafas da Vivente Vinhos, cuja especialidade são delicados espumantes feitos através do chamado método ancestral, na França também conhecidos como pétillant naturel, ou simplesmente pét-nat. Nesse processo há uma única fermentação, e não duas, como ocorre em outros estilos de espumante, basicamente o champenoise (ou tradicional), quando as borbulhas se formam na garrafa, e charmat, dentro de autoclaves. A fermentação é espontânea, sem adição de leveduras selecionadas – ou seja, dentro das garrafas, e é uva, e apenas ela.

Melhor do que tentar explicar mais da empresa, deixo isso a cargo deles, reproduzindo o texto do site: “Vivente nasceu da amizade entre amigos apaixonados pelo que fazem e com personalidades diferentes que se uniram para produzir vinhos de verdade, com alma, sem seguir tendências e sempre respeitando o tempo, a natureza e as vivências envolvidos na agricultura e vinificação. Produzimos vinhos vivos, nada além de uvas fermentadas espontaneamente por leveduras selvagens.

Iniciamos a vinícola e o vinhedo próprio com uvas de agricultura orgânica em 2018. No nosso terreno também cultivamos outras frutas como amoras, framboesas, mirtilos e temos nossa horta para consumo próprio. Tudo natural e saudável, sem adição de agrotóxicos. Estamos na Linha Ano Bom Alto, município de Colinas, no alto de uma montanha que divide a serra e o vale. Um lugar único, no meio da natureza, a cerca de 500m de altitude, entre Teutônia e Garibaldi.”

Vale acompanhar o trabalho deles.

No Rio a lista de lugares onde é possível encontrar esses vinhos é inteiramente formada por alguns dos endereços que mais admiro: Acolheita, Aprazível, Cru, Lasai, Marchezinho, Oteque, Sud, o pássaro verde, Sult e The Slow Bakery – empresas que valorizam os pequenos produtores, o artesanato etílico e gastronômico, tão necessário para a evolução de nossa cultura quando o assunto é comer e beber. Em São Paulo, acontece o mesmo: e entre os lugares os Vivente Vinho podem ser comprados estão nomes como Chou, Corrutela, D.O.M., EAP (Empório Alto dos Pinheiros), Enoteca Saint VinSaint, Evvai e Sede 261 – isso para não alongar demais a lista, citando só os lugares que mais admiro e cujo trabalho, ou conheço de perto, ou acompanho com atenção.

Pois falamos da empresa, do pétillant naturel e de onde encontrar, mas ainda não tratamos desse vinho, que é uma verdadeira delícia. Produzido com a Cabernet Franc (já vi safras com Merlot no corte, como em 2019, a mais fácil de se encontrar no mercado hoje), tem borbulhas finas e delicadas, e como é de se imaginar, os aromas de frutinhas vermelhas se desprendem da taça, agradavelmente, junto com sutis notas de panificação (as leveduras não são retiradas da garrafa). O teor alcoólico é baixo, em torno de 10,5%, como geralmente são os vinhos desse estilo, quase um suquinho de morango e framboesa com toque de limão, leve, refrescante e com acidez bem marcada. Eu iria com carne de porco (costelinha) e atum gordo, e outras espécies dos peixes azuis, como bonito e cavala, e também com sardinhas, trutas e salmonete (trilha). Uma boa panelada de mariscos, com mexilhões e também camarões e lagostins, certamente ficariam lindamente harmonizados.

Já fizeram, também, pét-nat Chardonnay/Pinot Noir, e Glera/Chardonnay/Moscato de Alexandria, mas esses não me lembro de ter provado, bem como a sidra. São vinhos naturais e orgânicos, como a toda a linha deles, que inclui vinhos tranquilo, de Pinot Noir, Barbera e outras uvas que eles têm plantadas na propriedade, como as brancas Moscato de Alexandria e Chardonnay, que dão origem a um vinho laranja.

para saber mais, visite o site da vinícola: http://viventevinhosvivos.com.br/

Ficou curioso sobre os pétillant naturel? Procure por:
– In Vitro, das Vinhas do Tempo, Estrelas do Brasil, Faccin e Casa Ágora (nacionais)
– Domaine Philippe Bornard, Domaine Plageoles, L’Altérité e Volubilis (franceses)
– Weeping Juan (australiano)
– Pignoletto Frizzante Sui Lieviti (italiano)

 

 

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