Vinho da Semana: Deux Montille Meursault Grands Charrons 2007

2007:Meursault de vinhedo único com boa evolução – Reprodução

Na semana passada estive em Porto Alegre, a convite do enólogo Adolfo Lona, para participar de duas palestras sobre vinho, explorando assuntos que adoro.
Quem deu a sugestão de pauta foi o próprio Lona, e eu adorei as ideias, inclusive vou replicar por aqui, porque foi delicioso tratar desses temas: Vinho & Fotografia e Vinho & Viagem.
São coisas intimamente ligadas: a imagem, o lugar e a bebida.
Desafiado a fazer essas apresentações, fui pensando a respeito. Ao começar a desenhar como seria o roteiro da palestra Vinho & Viagem, logo pensei:
– Mas, afinal, o que é o vinho, senão um lugar engarrafado? Quando abrimos uma garrafa o que fazemos é trazer até nós um lugar. Mais que um lugar, um terroir, porque este conceito é mais amplo, e envolve não só o terreno, mas também as pessoas, suas técnicas de cultivo da uva e da produção do vinho, o clima. Porque terroir não é um local, mas sim a comunhão entre as pessoas e a sua terra, por isso é um conceito tão bonito.
Divagando sobre isso e buscando inspiração para escrever a coluna de hoje, me veio à cabeça Meursault, um terroir cheio de personalidade, um vilarejo da Borgonha famoso por seus brancos monumentais, untuosos, onde a Chardonnay fermenta em barricas de maneira exemplar. São brancos mastigáveis, longevos, densos e dourados, com uma cor de ouro que é metáfora do que esses vinhos são: preciosos.

Uma aula sobre produção de barricas: DNA de Meursault – Foto de Bruno Agostini

Baratos nunca são, mas garimpando conseguimos encontrar coisas interessantes, como o Meursault Grands Charrons 2007 da Deux Montille. Além de ser um Meursault de vinhedo único, já tem idade suficiente para mostrar evolução. Diria que está no ponto para ser bebido.
O que se espera de um Meursault ele tem: é cítrico e mineral, sem ser demasiadamente amanteigado, com leve toque de brioche e notas defumadas, de pedra quente quando toma uma chuva; de isqueiro. Das frutas, algo de limão de pomelo se destacam no nariz, mas na boca o que fica é um agradável sabor de pera e maçã verde. Límpido e fresco, tem uma bela coloração dourada que revela seu DNA de fermentação em barricas.
Gostaria de comer com cavaquinhas ou lagostins grelhados, king krab na manteiga ou com carne de porco, como costelinhas assadas e uma bela porchetta (imagino também uma barriga crocante à moda chinesa, com muita especiaria, sabor e untuosidade).
É um vinho que custa uns US$ 75 ou até US$ 100 lá fora. Logo, o preço da Mistral, R$ 596, está é muito bom.
Link: https://www.mistral.com.br/p/vinho/meursault-grands-charrons-2007-deux-montille

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