Vinho da Semana: Torres Grans Muralles resgata uvas históricas da Catalunha

O vinho é um corte de uvas conhecidas e outras que estavam praticamente extintas – Foto de Bruno Agostini®

Há alguns anos fiz uma viagem de dez dias pela Catalunha,  em parte ciceroneado pela Familia Torres, que é um dos maiores sobrenomes da enogia mundial. Fazem parte do seleto Primum Familiae Vini, grupo de vinícolas históricas e familiares, que reúne ícones do ramo: Marchesi Antinori, Château Mouton Rothschild, Domaine Clarence Dillon, Joseph Drouhin, Egon Müller Scharzhof, Famille Hugel, Champagne Pol Roger, Famille Perrin, Symington Family Estates, Tenuta San Guido, Miguel Torres and Vega Sicilia.

Um dos pontos altos do roteiro foi a visita à proprietária onde é produzido Grans Muralles, um dos mais representativos vinhos desta bodega.

Este rótulo é resultado de um trabalho de pesquisa,  uma espécie de arqueologia do vinho, antropologia de tradições ruraie locais, um trabalho de preservação do patrimônio sócio-cultural de uma região.

Trata-se de um corte de castas típicas da Catalunha, de uma pequena e pouco conhecida Denominación de Origen, D.O. Conca de Barberà, localizada no coração da região. Temos no vinho Garnacha, Cariñena e Monastrell, as três tintas comhecidaa da região, mas também duas raridades, que a Torres redescobriu: Garró e Querol. Todas as cinco uvas são vinificadas em separado, para então sendo mescladas, de modo a criar um corte que mostre o melhor de cada uma. Depois de misturados os vinhos, ele o corte vai para um período de18 meses em barricas novas de carvalho francês.

Provei a exuberante safra 2016 em noite muito especial no Giuseppe Grill, programa exclusivo, a convite de uma amiga, compradora pesada de vinhos para uma rede de supermercados.

É um vinho concentrado, elegante e vigoroso, com taninos firmes mas sedosos, e uma acidez que o torna coringa pra sommelier. Muito complexo, tem várias frutinhas negras, de amoras às nossaa jaboticabas e pitangas. Mas a gente vai aos poucos percebendo algo terroso, como cogumelos e alcaçuz, mineral, como grafite, e amadeirado, como cravo, notas defumadas e ligeiramente adocicadas, lembrando futos secos, como ameixas e figos.

“Nas publicações espanholas, levou um trio de extraordinários 98 pontos pelo Guía Vinos Gourmets, pela La Semana Vitivinícola e pelo Guía Vivir el Vino; enquanto o tradicional Guía Peñín concedeu bons 94 pontos.

Internacionalmente, teve 92 pontos na Vinous, 94 pontos na Wine Spectator, na Wine Enthusiast e na Tasted, do famigerado sommelier Andreas Larsson. Na Vinum Wine Magazine cravou 18.5/20 e na Falstaff alcançou ótimos 95 pontos.

A cereja do bolo veio no Decanter World Wine Awards 2020, quando se consolidou entre os 50 Melhores Vinhos do Mundo, levando o título de Best in Show, a Medalha de Platina e fantásticos 97 pontos!”, diz o site Vinum Day, que vende esta garrafa a R$ 899, neste link.

Vinhaço de verdade. Tanto que encerrou a noite no Giuseppe Grill, escoltando com galhardia de Guarda Suíça o french rack de cordeiro uruguaio com mousseline de batata baroa – sendo servido depois até do que o emblemático Mas La Plana, este famoso supercatalão, seu irmão mais velho, mas não melhor.

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