Cerveja de Bandeja: Brooklyn Monster Ale 2012 e a alegria de provar uma cerveja vencida há sete anos

A cerveja parou de ser produzida em 2012, com a morte do gato Monster – Foto de Bruno Agostini®

 

Está adesivado toscamente na parte de trás da garrafa, numa etiqueta Pimaco: Validade Novembro 15.

Pois era uma preciosa garrafa de Brooklyn Monster Ale 2012, uma raridade guardada pelo amigo Fábio Santos, do Herr Pfeffer. Há exatos sete anos vencida.
– Melhor no inglês “Best before”, disse alguém, sobre a maneira que se diz em na língua de Shakespeare a data de validade: melhor antes. Neste caso, nem é verdade. Se está no auge, não sei. Nem se ainda pode melhorar. Fato é que está sublime, complexa, potente mas delicada, sem fazer nenhuma falta a carbonatação.
(Uma curiosidade que explica porque essa cerveja é rara e especial. Monster era o nome do gato que habitava a fábrica da cervejaria, em Nova York. Quando ele morreu, em 2012, a Brooklyn parou de produzir. Virou objeto de desejo).
Eram duas garrafas, na verdade. Provamos na semana passada. No melhor bar do meu mundo, o Herr Pfeffer, no Leblon. E esta Barley Wine histórica estava sublime, melhor que nunca.
No período de um ano tive a sorte de provar quatro dessas raridades, por cortesia do amigo. Duas delas na semana passada, numa confraternização de final de ano. O que faz todo o sentido, porque além de ser uma ocasião especial para abrir uma jóia dessas entre amigos, esta cerveja tem notas que combinam com a época do ano, pois remete a frutos secos, panetone, Vinho do Porto Tawny, mel e especiarias, incluindo o indefectível christmas cake, clássico natalino inglês. O estilo Barley Wine, um Strong Ale, tem inclusive origem na Inglaterra. É potente e longeva, com aromas profundos de malte, que fazem lembrar essa paleta de aromas citada, além dos fermentos, que contribuem para lhe dar corpo, assim como o teor alcoólico, que neste caso chega a 10,8%.
O joelhão deve ser encomendado por antecedência, e é finalizado com a cerveja de preferência – Foto de Bruno Agostini®
A razão do encontro era o joelhão. Ou melhor, o joelhão era a atração principal da tarde de confraternização de amigos cervejeiros. Era. Pois dividiu as atenções com a Monster Ale, uma gentil surpresa do Fabinho pra galera, servida logo em seguida, com ele – o monumental joelhão, ainda nos pratos (para quem quisesse, afinal, esta é uma boa harmonização, potência com potência, tons caramelizados da cerveja e o Maillard da carne).
Trata-se de um corte grande, para imensas ocasiões, que traz uma porção do pernil agregada ao joelho, servida apenas sob encomenda, capaz de saciar a fome de 10 a 12 pessoas, com direito a sobra na quentinha.
Tá quanto mesmo, Fabinho, o joelhão?, pergunto.
– Vendemos por peso, a R$ 59 o quilo. Em média, são 4.5kg. Recomendamos para entre  8 e 12 pessoas, dependendo do que pedir de entrada e acompanhamentos, que são cobrados à parte, assim como a cerveja escolhida pra finalização, que é opcional, mas recomendamos – responde o mestre, dos caras que mais entendem do assunto entre os que conheço, responsável por muitas das melhores cervejas que já provei, que tem a humildade dos sábios.
Esta gigante iguaria também pode ser encomendada na casa-mãe do Herr Pfeffer, a Adega do Pimenta, em Santa Teresa, outro templo da cultura gastronômica alemã.
– Foto de Bruno Agostini®
A tarde teve ainda essa outra joia cervejeira, a Dama Bier Reserva.
Língua defumada à milanesa, com salada de batatas: saudades do Bar Luiz – Foto de Bruno Agostini
Além de croquetes, língua defumada à milanesa, muita mostarda e pimenta (ambos molhos imperdíveis preparados na casa).
Reprodução
(Mais um parêntese: o amigo José Raimundo Padilha marcou o pai da Monster Ale, Garrett Oliver, num post. Ele perguntou se estava boa, e ficou feliz em saber que estava “deliciosa”, segundo palavras do amigo que eu corroboro).
Por isso, eu sempre digo: o Herr Pfeffer é o melhor bar do mundo!!!
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