Houve um tempo eu que eu escolheria Champanhe para acompanhá-las. Ou Chablis.
Até que descobri o Muscadet, e foi algo sublime. O mesmo vale para o Sancerre, outra denominação do Vale do Loire que é clássico no ramo.
Então, numa noite marcante, degustamos duas garrafas da mítica Cantillon: Rosé de Gambrinus e Vigneronne. E a harmonização foi avassaladora.
Um dia, vi no menu do Grand Central Oyster Bar uma sugestão impossível de não pedir: shot de Bloody Mary com três ostras – não na concha, mas mergulhadas no drinque.
(Desde então, quando estou na Palace com algum amigo curioso, como fiz recentemente com o mega Bond Boteco, eu peço um Bloody Mary, adiciono mais pimenta-do-reino e gotas de Tabasco, além de um prato de ostras e outro de bacon no mel. O trio faz um mènage bem pornográfico em termos gastronômicos, realmente deliciosa suruba gustativa.)
Novamente em Nova York, me sugeriram um Manzanilla para elas, e até hoje lembro daquele momento com vontade de repetir. Farei em breve.
Nas casas japonesas, aprecio testar com saquês. Quando tem aquele tempero clássico, com ponzu e pimenta, acho legal com os meio secos, mas frescos.
Fato é que nos últimos 20 anos faço uma profunda investigação empírica, sem método, só prazer, observando a melhor bebida para acompanhar as ostras.
Ainda bem que não cheguei a resultado algum, de modo que continuo tentando.
Recentemente, com base na experiência com as duas Lambics belgas, passei a provar ostras com as nossas Catharina Sours, primeiro estilo de cerveja brasileiro consagrado pelo BJCP, ácidas e com adição de frutas.
Com o amigo Padilha, fui estimulado a derramar a Orange Sunshine, da Hocus Pocus, com adição de laranja, diretamente sobre as ostras, e então sorver o marisco com a cerveja, tudo junto. Vez ou outra repito a brincadeira.
Há uns 15 dias perguntei a Fabio Santos, do Herr Pfeffer, meu consultor para assuntos zitológicos, ou cervejeiros mesmo, sem essa de erudição: quais são as melhores cervejas para ostras?
– Saison, Farmhouse Ale, Witbier, Geuze e Lambic – foi a resposta, que logo ganhou acréscimo: – Essas são as harmonizações óbvias. Eu não gosto do Stout, a mais conhecida, talvez. Mas, te falo que funciona muito bem também, saindo da caixinha, com Dubbel. Eu curto muito com Dubbel, essa combinação ousada, tá? Provei e achei muito bom – indicou o estudioso e querido amigo.
Agora cabe a mim comprar uma Dubbel, levar amanhã para a Palace e fazer o teste.