De Bar em Bar: Conheça o Baianinho, e outros endereços da cultura botequeira em Teresópolis (RJ)

Salsichão, salada de batata, chucrute, chope e mostarda: Taberna Alpina, um clássico serrano – Foto de Bruno Agostini

Teresópolis tem tradição botequeira que vem de longe. Desde o saudoso Café Angelo, na Pracinha do Alto, até a Taberna Alpina, no Centro, com seus quase 70 anos de vida (foi inaugurada em 1954), além de outros endereços tradicionais já com uma boa estrada, como o Caldinho de Piranha, de 1994. São muitos os endereços, e variados de tanto investigar –  e mastigar – este assunto que é dos meus preferidos, eu acabei conhecendo muitos lugares que são quase um segredo, como o acanhado e inacreditavelmente bom Recanto do Baixinho, ao lado do Ginásio Pedrão.

Coelho no vinho com fettucini, na Birosca Romana di Sandro – Foto de Bruno Agostini

Fiz uma reportagem sobre essa tradição, para O Globo, com o título: Terê Botequim: uma seleção de nove endereços imperdíveis (o texto completo está no fim deste post). Da reportagem d’O Globo, a Riser Delicatessen  e a Custela du Manel fecham as portas, e o dono da Birosca Roamana di sandro Morreu, porém as funcionárias não deixaram a peteca cair, e deixaram o posto onde estava o restaurante italiano, dos bons, para se instalar em espaço mais simpático e arrumadinho, um pouco mais à frente, na Estrada Teresópolis-Friburgo. A Camponesa da Beira também fechou, mas o local continua com a mesma equipe de cozinha, servindo basicamente o mesmo menu lusitano: mas agora se chama Portugália. Vale lembrar que o filho do Manel que sempre fez linda comida de boteco, está entregando empadas, as empadas do Bruno  (RECOMENDO com força: prove a de costela!).

Polvo ao alho, com porção extra de alho, azeite e muita pimenta, no Caldo de Piranha – Foto de Bruno Agostini

Os demais seguem firmes e fortes:  o Caldinho de Piranha e seu polvo magnífico; e a Taberna Alpina, e seus pratos germânicos e cariocas; já citados; além do Bar do Rangel, do Bar do Mineiro – que hoje tem um rival, o Recanto do Mineiro, no Alto, com cardápio quase idêntico.

Vitrine da Leiteria Santo Antônio, em Teresópolis – Foto de Bruno Agostini

E também a Leiteria Santo Antônio, e suas incríveis empadas, fora a melhor ricota que já vi por aqui; o Cantinho da Valéria Fernandes, e suas centenas de pasteis e conservas, e os pratos de caças alucinantes…

O PF árabe do Eyas, com charurinho de couve, homus, coalada seca, babaganuj, salada fatuche, arroz com lentilha e cebola frita, falafel

Fosse eu escrever a matéria hoje teria substitutos para os ausentes:  no lugar da Camponesa da Beira eu iria sugerir a entrada do Recanto do Baixinho e no da Costela do Manel, o ingresso do Eyas Comida Árabe. Para tapar a ausência da delicatessen Riser, entraria um boteco escondidinho, mas que é uma joia: o Bar do Baianinho (tel. 21-97529-9442), no Bairro de São Pedro, que estive umas cinco vezes desde dezembro, quando conheci o lugar, na companhia de dois velhos amigos. Comi língua, jiló e moela naquela ocasião.

O excelente mignon à milanesa do Nando, do meu amigo Alexandre Luz – Foto de Bruno Agostini

Recentemente em duas visitas, em sextas seguidas, na companhia do amigo Alexandre Luz, do Nando Cozinha Descolada (aliás, forçando uma barra dava até para incluir nesta lista, já que tem muitos pratos botequeiros no menu), o jiló continuou brilhando. Torresmo também.

Da primeira vez nossa happy hour teve: torresmo de tira, bolinho de carne e bolinho de jiló, ambos com mostarda preta e a (excelente) pimenta da casa.

Da segunda vez, igual: comemos alguns jilós recheados de calabresa (deliciosos) e novamente torresmo, desta vez em versão “pipoca”.

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Bar do Mineiro: “O que que é isso?” – Foto de Bruno Agostini

Terê Botequim: uma seleção de dez endereços imperdíveis*

(Restaurantes com textos em itálico fecharam as portas).

A edição 2012 do guia Rio Botequim traz vários endereços no interior. Mas nenhum deles em Teresópolis, que já teve um bar indicado em anos anteriores, o Caldo de Piranha, um dos melhores lugares para se comer peixes e frutos do mar que temos por essas bandas. Inspirados no livro de Guilherme Studart, nós fizemos a nossa seleção de botecos imperdíveis na cidade, que tem tradição no assunto.

BAR DO MINEIRO: Os PFs são ótimos, mas a razão para uma visita a este botequinho simples e simpático é o raro chouriço, produzido em Além Paraíba (MG), além de uma costelinha de porco fabulosa. Tel. (21) 3097-2258.

Delivery: pernil no bafo acebolado, farofa e torresmo, do Bar do Rangel – Foto de Bruno Agostini

BAR DO RANGEL: Você não dá nada por esse boteco simples com uma churrasqueira na porta… até provar o cupim e o peito de boi assados no bafo, a farofinha e o feijão. Tel. (21) 2642-9039.

BIROSCA ROMANA DI SANDRO: O nome dá bem a noção do que se trata: um boteco italiano, que oferece boa comida a ótimos preços. O melhor são as massas acompanhadas de carnes servidas com molhos admiráveis. Prove a polenta com carne moída, a rabada, o ossobuco, o carneiro e o coelho assado. Tel. (21) 2644-8484.

CALDO DE PIRANHA: Um dos melhores lugares do RJ para comer peixes e frutos do mar. Além da sopinha que batiza a casa, vale provar o polvo ao alho e óleo e também o camarão acebolado no bafo, que ficam ótimos na companhia de brócolis. Tel. (21) 2643-4908.

Bolinhos de bacalhau com azeite e pimenta na Camponesa da Beira (agora Portugália) – Foto de Bruno Agostini

CAMPONESA DA BEIRA: Uma portinha discreta no Centro de Teresópolis serve bolinhos de bacalhau fantásticos (peça para fritar na hora), além de receitas com o peixe. Sob encomenda serve outras receitas, como cabrito assado. Tel. (21) 2742-1993.

Cantinho da Valéria Fernandes: pastéis e conservas – Foto de Bruno Agostini

CANTINHO DA VALÉRIA FERNANDES: São 113 sabores de pastel (como cordeiro com shitake) e cerca de 300 conservas diferentes. Além dos petiscos, há um pequeno menu de pratos principais, e de outros que podem ser encomendados, como o picadinho de javali ao alho. Tel. (21) 3643-6285.

CUSTELA DO MANEL:  Casa especialidade no corte bovino que a batiza, mas não só: além de preparar pedaços generosos e deliciosos de costela bovina assados no bafo –  vendidos a preços risíveis (R$ 37,90, o quilo) – tem  ótimos pratos mineiros. Tão bom e barato que a gente até perdoa o nome que maltrata o português. Galeto e picanha também valem a visita e, além de um mix grill bem servido, há pratos com carnes e acompanhamentos, como tutu à mineira e feijão tropeiro. Tel. (21) 2741-2184.

LEITERIA SANTO ANTÔNIO: Apesar do nome, e da boa oferta de queijos e laticínios, o lugar é famoso mesmo por causa das empadas deliciosas, servidas em versões com ou sem pimenta: a de carne-seca, apimentada, é claro, é a melhor. Tel. (21) 2643-2435.

RISER DELIKATESEN: Típico armazém, vende queijos, vinhos, conservas e produtos alimentícios variados. Mas também é ponto de encontro de moradores, que bebem cerveja de pé, consomem algumas das comidinhas disponíveis (com pão da padaria ao lado) e eventualmente até se juntam para cozinhar na pequena cozinha nos fundos. Tel. (21) 2742-9680.

Bife tartar da Taberna Alpina: “- Quer que eu misture ou o senhor mesmo faz?”, pergunta o garçom – Foto de Bruno Agostini

TABERNA ALPINA: Endereço tradicionalíssimo, tem o charme da idade avançada, com garçons à moda antiga e cardápio idem. As especialidades alemães dão o tom: pato assado, salsichas, steak tartare, goulash e língua ao molho madeira estão entre os pratos mais indicados. Para encerrar, apfelsdrudel. Tel. (21) 2742-0123.

* Reportagem escrita para o jornal O Globo, em fevereiro de 2012.

1 comentário
  1. Boa noite Bruno. Mesmo tendo comprado minha casa há 34 anos, tem lugares que você citou que ainda nunca fui. Preciso conhecer. Minhas observações são:
    1- Na Biroska Romana di Sandro sugiro comer o delicioso Coelho com polenta. Casamento perfeito.
    2- o Bar do Mineiro, na Tijuca, é famoso não só pelo chouriço mas também pela deliciosa feijoada dos sábados, uma das 2 melhores da cidade. A outra é no Parada dos Trilheiros, pertinho da minha casa, na fronteira entre a Posse e a Cascata do Imbuí.
    3- o restaurante Camponesa da Beira mudou para o bairro Cascata Guarani mas fechou durante a pandemia, tendo a família retornado à Portugal. No lugar está o pequeno restaurante Lusitânia, especializado em FALSA comida portuguesa. Começa com a anotação no cardápio que todos os pratos são acompanhados por arroz. Só isso já serve de exemplo de que a legítima comida portuguesa passou longe. Depois ali comi a pior dobradinha à moda do Porto da minha vida. Tudo errado. Só comi uma coisa que prestou: moelas ao vinho com batatas coradas SEM arroz.

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