Diário de Bordo: Galícia, dia 1 – Santiago de Compostela

A Catedral de Santiago de Compostela, destino de 500 mil peregrinos por ano – Foto de Bruno Agostini©

Chegamos à Galícia de manhã cedo, deixamos as malas no hotel e partimos para uma caminhada na cidade.
O Turismo de Galícia, entidade que promove o turismo na região, nos deixou um kit, que além de informações e um charmoso trio de conservas de pescados, especialidade local, continha uma capa de chuva, um gorro impermeável e quentinho,  e um guarda-chuva. Sim, chove muito por lá.
Embaixo de persistente garoa, começamos nossa caminhada pela famosa Catedral de Santiago de Compostela, construção que teve início no século 10, construída entre 1075 e 1128, destino de aproximadamente 500 mil peregrinos ao ano, que deixam no local uma energia impressionante, que cria uma vibração mística, uma atmosfera muito particular. Existe ali uma força diferente, que emana do templo, e estar em seu interior pode causar arrepios, tirar lágrimas dos olhos e fazer o coração palpitar de emoção. Não é, definitivamente, um lugar qualquer.

LEIA MAIS: Diário de Bordo: viagem à Galícia, na Espanha, terra de pescados e muita História (post com todos os links das matérias da viagem)

A vista do telhado da Catedral – Foto de Bruno Agostini©

Lá dentro, a arte sacra ultrapassa o sublime, indo além dos elementos arquitetônicos, e da beleza de cada detalhe: os santos, o acabamento dourado de ouro, o órgão medieval impressionante, com os característicos tubos deitados na vertical. Terminando, literalmente, subindo no telhado, de onde se tem belos panoramas da cidade.
Paramos um pouco na praça central, ecos peregrinos não param de chegar, caminhando ou mesmo de bicicletas, e ouvinos gritos efusivos de quem alcançou o destino depois do duro trajeto, que é feito como processo de purificação, de encontro consigo mesmo, de reflexão profunda.
Vemos gente de todos os lugares e idades, solitárias ou em grupo, olhando a linda fachada do templo, entre a emoção e a incredulidade.

O Mercado de Abastos tem lojas e bares – Foto de Bruno Agostini©

Como disse: causa arrepios, tira lágrimas dos olhos e faz o coração palpitar de emoção.
De lá, passamos pelo Mercado de Abastos antes de irmos almoçar no Pazo de Altamira, um Bib Gourmand laureado com razão.

As zamburiñas, que são vieiras menores e mais saborosas, no Pazo de Altamira – Foto de Bruno Agostini©

Ali, logo vi que a fama da cozinha local se justifica. Vieram croquetas de polvo, zamburiñas na concha com tempero que eleva esse tipo de vieira, mais miúda e saborosa, ao patamar de divina. Além de excelentes amêijoas em salsa verde, lagostins com jalapeño, bacalhau confitado, sem falar nos aspargos verdes sensacionais, sobre molho romesco.

Reservatório do Palácio de Oca – Foto de Bruno Agostini©

De lá, partimos para ver os jardins da área da Ruta de la Camelia, com seus palácios monumentais, e um paisagismo lindamente impressionante, cheio de simbologias, plantas viçosas e desenhos simétricos, com muita água em forma de rios e reservatórios. Uma exuberância que lembra florestas e jardins tropicais.

Pulpo à la gallega simplesmente impecável – Foto de Bruno Agostini©

O jantar foi no A Noiesa, outra comprovação de que a Galícia é o Paraíso pata quem gosta de comer pescados. A sequência que foi servida arrebatou, começando com notáveis canelones de centolla, servidos sobre uma espécie de bisqye com as carcaças deste caranguejão, e culminando num polvo à galega estonteante, que ao final da viagem eu elegi como o melhor entre todos, sempre deliciosos.

Era só o começo, apenas o primeiro dia de cinco que me deixaram apaixonado pela Galícia. Eu já te amava, mas não sabia. Me senti em casa, ouvindo a língua galega, muito próxima do português, e de origem comum. Deixei um vídeo do garçom apresentando o polvo no restaurante A Noiesa (clique aqui pra ver: é preciso estar logado no Facebook) .

A sombra do peregrino – Foto de Bruno Agostini©

No final da noite, a caminho do hotel Casa de la Troya, que é confortável e bem localizado, no coração do Centro Histórico. No caminho, passamos por essa sobra, reproduzindo a imagem de um peregrino.

Continua amanhã, com o segundo dia dessa viagem deliciosa.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *