Escrever em tempos de pandemia

A incrível entranha da Palace: meu corte favorito na casa, que em breve ganha post no site – Foto de Bruno Agostini

Escrever é uma atividade muito louca.  Bipolar. Na verdade ela torna as pessoas que vivem do ofício bipolares. Posso tirar como exemplo meu rol de conhecidos profissionais do ramo, entre jornalistas, poetas, cronistas, contistas, romancistas, roteiristas e outros escribas. É quase tudo doido. Pelo menos, vivem no limiar entre a loucura e o discernimento, entre o delírio e a genialidade. Acho lindo isso. Sem um pouco de maluquice é impossível viver por aqui, ainda mais em momentos como este, ainda mais no Brasil, e pior ainda no Rio.

Talvez o momento seja propício para a literatura, porque a situação atual do planeta e do país serve de inspiração para escritores das mais variadas vertentes, do drama à comédia, da ficção à realidade. Bom, ainda, para o jornalista que trata de temas cotidianos, das artes à política.

Mas e para nós, pobres especialistas nos prazeres da vida? Não está fácil falar de vinho, da boa mesa, das viagens e afins. Não só porque escasseou a matéria-prima (menos vinhos provados, menos idas a bares e restaurantes, zero viagens), mas também porque é duro escrever sobre hedonismo quando o mundo vive essa tragédia. Duro, muitas vezes impossível. Com tanta gente morrendo, tantas famílias sofrendo, tantos restaurantes fechando…

Estou com vários e vários textos por escrever, sobre vinhos e cervejas provados recentemente, sobre bares e restaurantes visitados nos últimos meses, sobre lembranças de viagens, sobre pessoas e lugares, além de compilações de escritos diversos, atualizados e ampliados, revisados e ilustrados com mais fotos. Mas como faz?

Estou com um livro na manga que está difícil de começar. Como fazer a necessária pesquisa de campo, entrevistar as dezenas de pessoas que fazem parte dessa História e focar no trabalho potenc ialmente tão lindo e gostoso de fazer, ainda que árduo e longo.

Escrever pode ser fácil, e fluir tranquilo como as águas de um rio manso, mas também pode ser um processo difícil, turbulento e desconfortável, como tomar um caldo numa das ondas de Nazaré, para continuar na analogia aquática.

Quase pronto está um texto sobre a Churrascaria Palace, versão ampliada de uma postagem no Instagram, mostrando os melhores caminhos para explorar o melhor deste restaurante histórico.

E também outros, para esta semana.

Vamos em frente que, com a vacina, tudo tende a melhorar. Mas o momento é para, quem puder, ficar em casa – e nem precisamos falar de máscaras, álcool, lavar as mãos etc.  Eu estou isolado nas montanhas, quase sem sair, e não sei até quando. Escrever também pode ser uma válvula de escape, uma viajada, uma alegria e um prazer.

 

 

 

 

 

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