
Como um leitão me levou a um haddock
Acontecem coisas curiosas comigo. Ganhei da Amanda um leitão de Natal. Porém, ele ainda estava congelado, e cru, com todos os seus miúdos dentro.
Dois pulmões e rins, fígado e coração também ainda estavam ali, grudados ao corpo. Fiz patê com eles.
Depois de deixar o porquinho na geladeira por um dia pra desidratar a pele (afinal, a ideia é pururucar), fiz a marinada, aquela vinha d’alhos esperta.
Já havia convidado pai e filha pra um convescote, tendo o prazer de saborear o nobre e miúdo animal como motivo.
RECEITAS AFETIVAS EM FAMÍLIA
– Além de leitão e tender no Natal, o que seu avô gostava mesmo de fazer era haddock – disse meu pai, completando depois: – E a gente bebia Mateus Rosé.

Lá em casa esse leitão foi um excelente almoço pré-natalino, na tarde dia dia 23.
Fui, então, em busca do haddock, uma vez que o Mateus Rosé eu sei onde encontrar.
Fiz pesquisas, que compartilhei com o amigo Danilo, enquanto contava a história envolvendo meu pai e avô, o leitão, o Mateus e o haddock.
– Pega aqui o haddock quando for fazer – acarinhou-me o meu fratelo.
Assim eu fiz.
Um dia antes do meu aniversário busquei o peixe defumado.
Tratei de comprar uma magnum de Mateus Rosé, pra dar o devido valor ao vinho tão familiar.
Enquanto eu pesquisava sobre isso tudo, buscando receitas, referências harmonizações etc, também fui atrás de mais informações.
SAUDADES DO ANTIQUARIUS
Como era a receita do Antiquarius, que meu avô tanto adorava?
Sabia que era parecida com a que ele fazia em casa: cozinhava o haddock no leite, fazia purê de batatas com o rico caldo lácteo que restava na panela, e ainda fazia uma maldade: beurre noisette. Era só isso, e basta.
Descobri que no Antiquarius a única diferença é que eles serviam com aquelas batatas cozidas, torneadas, em vez de purê.
No antológico restaurante português do Leblon eles preparavam ainda outra receita, assim como informou o maître Otávio, que trabalhou na casa antes mesmo do primeiro dia de funcionamento, uma vez que foi contratado ainda durante a obra.
– Faziam também haddock com purê de batata e lagostins, tudo gratinado.
Quando eu disse que essa era uma história curiosa, acho que estava certo. Como um leitão me levou a um haddock é o inevitável título deste relato gostoso demais, ao menos pra mim.
Esqueci de dizer como terminou.
(Na Antenor & Filhos você encontra o leitão e o haddock, além de ótima seleção de produtos: tem entrega no Rio. Veja o site: www.antenorefilhos.com.br)

Na tarde de meu natalício, fiz o haddock cozido no leite com purê de batata e beurre noisette.
Bebemos um litro e meio de Mateus Rosé.
Foi meu melhor presente.
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