Touriga Nacional é uma uva perfumada.
O porco é um animal gostoso.
Ao longo da vida, sempre se encontram.
Se deitam numa mesa.
Ela em cima, numa taça de haste fina e bojuda, de modo que seus aromas sejam valorizados. Sua linda cor rosada é sedutora. E sua acidez eletrizante deixa o porco enlouquecer.
A gente. De prazer.
Lasciva é a carne suína. Deitada no prato. Sua pele até pode ser macia. Mas melhor é quando está crocante. Seus músculos, por sua vez, são suculentos, untuosos.
Melhor, como todo caso de amor, é que haja pimenta na jogada. Um pouco de açúcar também faz bem à relação. E, como sempre na História da Humanidade. Um toque de acidez é fundamental para que as coisas não fiquem lisas, chatas e desinteressantes.
Sim, acertou quem pensou em receitas agridoces, com toques picantes.
Eu lembro logo da cozinha asiática: China, Japão, Tailândia, Vietnã… Suas cozinhas nos servem muita coisa assim: um porco com ácidos, picantes, açúcares e gorduras.
É o sexo em forma de comida.
A Touriga come o porco.
O porco come a Touriga.
A gente delira.
Não é voyerismo. Porque comemos e saboreamos os dois.
A carne e os sucos.
Da uva.
Que é metáfora da vida.
E o porco, que é a mais incrível comida.