Fala-se muito da Merlot, mas eu digo, repito e reafirmo: na média, as melhores uvas tintas do Brasil são a Cabernet Franc e a Touriga Nacional. O que tenho provado nos últimos tempos só confirma uma tese que defendo há pelo menos dez anos: não só no Brasil, mas a Cabernet Franc é a grande uva da América do Sul, com comportamento exemplar não apenas no Rio Grande do Sul, mas também no Uruguai, Argentina e Chile – e muitas vezes uma pequena proporção desse vinho em um corte é capaz de mudar seu perfil, dando-lhe profundidade e elegância, vivacidade e frescor, complexidade e maciez. Sou mesmo fã.
Por aqui temos alguns exemplos eloquentes de qualidade, como o Fvlvia de Marco Danielle, do Atelier Tormentas, os vinhos da Don Giovani (já bebi garrafas com quase 20 anos, e estavam deliciosas), o Aurora Pequenas Parcelas e os vinhos da Valmarino com Cabernet Franc. E até em Minas há belos exemplares.
Tem até espumante, como o produzido de forma natural pela Vivente Vinhos (procure conhecer!): o Tipo Ancestral ou Pet Nat Rosé, uma maravilha!
Quando eu falo de comportamento eu quero dizer também que essas uvas dão origem a vinhos não mais puros, mas mais fáceis de fazer, a uva já sai redonda da planta. Ao enólogo cabe apenas cuidar da fermentação e não estragar o trabalho da natureza.
Isso tudo para dizer com todas as letras que eu não conheço vinho melhor nessa faixa de preço, aqui no Brasil, do que esse lindo Almadén Cabernet Franc, da Miolo, feito com uvas da Campanha Gaúcha, que a cada ano apresenta mais vinícolas e melhores resultados (consegue na média fazer vinhos mais baratos que os da Serra Gaúcha).
Um vinho jovem e sincero, com sua honestidade revelada nas notas de fruta, na limpidez de cor e de aromas, e no bom equilíbrio entre corpo e acidez. Um balanço delicioso, ótimo vinho para a mesa, inclusive pelo seu preço: R$ 21,35 a safra 2018 no site da Miolo (já comprei até mais barato).
Obra do enólogo português Miguel Ângelo Vicente Almeida, que é seguramente um dos mais competentes do país, e que deu um salto de qualidade nos vinhos da marca Almadén, com seus preciosos e vastos vinhedos dos anos 1970. É a linha de melhor qualidade-preço no mercado brasileiro hoje, e também recomendo especialmente o Tannat, o Merlot e o Riesling.
Como é de praxe na linha, são vinhos mais leves, e com teor alcoólico moderado: no caso, 12,5%. Acho ele ótima indicação para a comida. Vai bem com as carnes de um churrasco, mas também com pizzas e massas com molho de tomate (quando até finge ser um Sangiovese toscano). Podemos até, no verão, colocar ele no gelo, de leve. E pelo preço e qualidade, não haverá vinho melhor para fazer uma sangria. Curry de cordeiro? Pela acidez, acho que ele topa. Leitão assado? Perfeito. E o clássico prato da Serra Gaúcha, o galeto al primo canto? Ideal, não só com o franguinho, aliás, mas com todo aquele tradicional rodízio servido por lá.
É assim. Quem não conhece esse Almadén Cabernet Franc não sabe o que está perdendo.
3 commentários
Bruno, acabei de comprar 12 gfs só pela sua dica . 💪🏻 Abraço
Boa, garoto! Depois me fala o que achou. E sucesso com o Pecorino carioca! Abraços!!!
Acabei de provar! Honestíssimo! Adorei a dica!