Braza Hops, Aryna Sour e companhia: Brasil derruba mitos sobre a cerveja nacional

A dupla produzida pela Black Princess, na Região Serrana do Rio – Foto de Bruno Agostini®

Quando eu comecei a beber cerveja com atenção, muito do que se dizia sobre este fermentado não se confirmou. Estava buscando conhecer os estilos clássicos, as tendências e assim entender um pouco do assunto, já que escrevia sobre vinhos e achava importante estudar outras bebidas, como um todo. Conversava muitos com alguns dos maiores especialistas do país, entre cervejeiros, importadores e sommeliers. Acho curioso ver que as previsões eram pessimistas, e felizmente não se concretizaram.

(Faz dez anos, foi em 2012, quando numa viagem à Itália descobri as cervejas belgas, através da St. Bernardus ABT 12, ainda hoje uma das que considero das melhores do mundo.)

Voltemos àquele momento, uma década atrás, eu e o país começando a beber cervejas ditas especiais, porque, de fato, são.

Diziam o entendidos do assunto.

* É impossível produzir lúpulo no Brasil.

* A sour é um estilo difícil, não vai pegar por aqui.

* Falta muito para a gente ter uma escola brasileira.

* O mercado já está saturado, não cabem novas cervejarias.

As previsões que ouvi de especialistas eram essas.

Logo me interessei pelas sours, através da Duchesse de Bourgogne e das Cantillon. E, uns dois anos depois, acompanhei as primeiras feitas aqui neste estilo ácidos, ali por volta de 2014.  Os cervejeiros já estavam explorando as nossas frutas, o que logo fez nascer o primeiro estilo brasileiro, a Catharina Sour, consagrado pelo BJCP (Beer Judge Certification Program) desde 2018. (Já escrevi sobre ele aqui, certa vez aqui e aqui).

A sour tem morango e açaí – Foto de Bruno Agostini®

A Aryna Sour que ilustra este post eu já havia provado há algumas semanas, logo depois de seu lançamento. Uma sour com açaí e morango, levinha e refrescante, com aromas de frutas, e acidez bem controlada, mas presente. Queria provar com ostras e mexlihões, ou mesmo sem nada, só apreciando o líquido perfumado, de bonita cor levemente rosada e delicadeza no paladar, com agradáveis borbulhas.

Bebi numa tarde de sol do inverno de Teresópolis, onde, aliás, está localizada a fábrica dessas cervejas especiais do grupo Itaipava: é na cidade que fica o moderno Centro Cervejeiro da Serra, unidade de perfil mais experimental da empresa, onde fazer rótulos de menor escaca de produção.

A cerveja estilo German Pils foi produzida com lúpulo plantado em Petrópolis – Foto de Bruno Agostini®

Já a Braza Hops eu ainda não conhecia. Achei que era lançamento, mas no rótulo diz que é já a sua segunda edição. Não tinha ouvido falar, mas já sabia dos avanços na produção do lúpulo em Teresópolis, aliás, de onde escrevo este post (ganhei umas mudas de uma amiga, mas não resistiram às minhas viagens ao Rio, assim como já tinha publicado neste post aqui que a cidade é a Capital Nacional do Lúpulo).

O assunto está mesmo fresquinho como lúpulo recém-colhido: o projeto de Lei foi aprovado há exatamente uma semana (dia 20/7) pelo Senado, como se vê aqui.

Pois a cerveja é produzida com lúpulos teresopolitanos, e foram usados ainda em flor, para mostrar ainda mais frescor e notas aromáticas mais nobres. O resultado é uma cerveja do jeito que o brasileiro se habituou a gostar, leve, refrescante e não muito amarga nem no aroma nem no paladar. Levaria orgulhosamente para um churrasco, e mesmo para um encontro de cervejeiros, dada a raridade, a questão do lúpulo nacional etc.

Foram feitas apenas 2 mil garrafas long neck – ganhei duas, ou 0,1% disso – vendidas exclusivamente no site www.bomdebeer.com.br, um e-commerce de cervejas. Custa R$ 11,90, assim como a Aryna.

Tá valendo acompanhar de perto essa história.

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