Cozinha em Revista: coquetéis gastronômicos e receitas mediterrâneas no novo Salí, no Leblon

O Bloody Salí tem tinta de lula e sal de páprica na receita – Foto de Bruno Agostini®

Drinques com guarnições que puxam para os sabores salgados não são novidade, e o Dry Martini com suas azeitonas, picles e outros petiscos na fórmula, e o Bloody Mary, com suas pimentas, tomates e aipos, estão aí para provar que essa tradição já é mais que centenária.

Porém, é fácil constatar que coquetéis ganham destaque nos menus, com criações que chamam a atenção pelo uso acertado de complementos em forma de tentáculos de polvo, bacons, lambretas, picles e uma série de outros elementos que dão às receitas contornos de um quase petisco bebível e comestível.

Em viagem recente ao Peru fiquei impressionado positivamente, e muito surpreso, em um pequeno bar chamado Ladybee, em Miraflores, muito bem recomendado pelo amigo Alex Mesquita, um globetotter da coquetelaria, que está sempre visitando os países da vizinhança sul-americana em busca de bons drinques. A comunhão entre drinques e comidas é notável ali. Mas isso é assunto para a próxima coluna De Bar em Bar, cujo link vou postar aqui.

Para limpar a boca, um Sauvignon Blanc sul-africano da Klein Kloof – Foto de Bruno Agostini®

Um pouco antes do roteiro limenho, estive na semana do soft opening do Salí, no Leblon, e percebi com força essa tendência. Apesar da boa carta de vinhos, cuidada pelo maître e sommelier Lindeberg Jr, a lista de drinques chama ainda mais a atenção, e vale a pena apostar nela. E foi o que fiz, depois de limpar a boca com um Sauvignon Blanc sul-africano, leve e refrescante.

O prato de charcutaria feita na casa, com pato curado: harmoniza com o Bloody Salí – Foto de Bruno Agostini®

Na minha visita, entre os drinques que provei, dois deles se destacaram justamente pela aposta certeira em guarnições que fazem a diferença.
Logo no início, o Bloody Salí, versão do Bloody Mary, trazia em sua fórmula vodca, mix de temperos, limão siciliano, azeitonas verdes e suco de tomate, como de hábito, mas também tinta de lula e sal de páprica, uma delícia de aperitivo, bem descrito como “ácido, picante e cheio de umami” na carta de bebidas. Curta e exata definição, o coquetel apresenta tudo o que é bem-vindo para começarmos uma refeição, que teve início com belo prato de charcutaria da casa, com itens produzidos ali, como o peito de pato curado e uma infinidade de picles – que repousam em vistosos potes de vidro – além de embutidos de marcas como a friburguense Porco Alado, com a uma mortadela de cordeiro sensacional.
Essa seleção de salames, presuntos, copas etc varia sempre, e é essencial para se começar uma refeição no restaurante, que ocupa o espaço do antigo Gusto, que fechou no início do ano para dar origem à novidade.

Concha no drinque: tendência na gastronomia – Foto de Bruno Agostini®

Outro coquetel que fez o maior sucesso na mesa foi o Lambreta Martini, um Dry clássico, com gim e vermute bianco, enriquecido com uma concha, numa combinação muito interessante entre o mar e o bar.

Além do couvert, chamado de Mezze, que traz a charcutaria, pães, conservas e outros itens de aperitivo, o menu é dividido em quatro partes (menu completo no fim do post: clique nas fotos para aumentar):

Lambretas em molho cremoso: peça isso, por favor! – Foto de Bruno Agostini®

– Voo: uma seleção de petiscos, que tem excelentes mexilhões e lambretas em molho cremoso, com batatinhas fritas “croustillant” e maionese de shriracha; tartare na ponta da faca e carpaccio de javali curado, além de deliciosos e indispensáveis croquetes de lagostins com aioli de limão siciliano.

– Mergulho: são cinco pratos principais, com foco nos pescados, onde encontramos peixe do dia com compota de tomate e pesto de pistache; tamboril envolto em jamón com mousseline de couve-flor e vinagrete; polvo com purê de grão-de-bico, molho de espumante e salada do chef; tagine de cordeiro com baroa, arroz cítrico de altitude e castanhas; e ancho com molho choron e mix de raízes brasileiras.

– Mão na massa: tem espaguete com mexilhões, vôngoles e molho diepoisse; orichietti com tomatinhos assados e babaganuj de quiabo; lasanha de pato com aspargos e molho de vinho do Porto; gyoza de foie gras com demi-glace e strudel de porco preto com salada morna, pecorino e tomate confitado.

Banana, Pastis e Caramelo: deu a amior liga – Fotos de Bruno Agostini®

– Sobrevoo: são quatro sobremesas, começando por torta basca com compota de figo; banana flambada com Pastis, creme de caramelo e sablé salgada (nossa escolha infalível); baklawa, com tahine, pistache, nozes e amêndoas; e bolo denso de cacau, com calda quente de café e sorvete de baunilha, doce que me deixou muito curioso, e que me prometi voltar para provar.

Deu para notar que o Salí tem um menu original, onde uma clássica base de receitas mediterrâneas ganha intervenções da dupla Ricardo Lapeyre, chef executivo, e João Skroch, que é quem cuida efetivamente – com muito talento – da cozinha no dia-a-dia.

SERVIÇO
Salí: Rua Dias Ferreira 78, Leblon. Tel.: 21-2512-6526. E-mail: reservas@salirestaurante.com Instagram: @sali.restaurante

 

 

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