Certa vez, no Japão, ao sair de um restaurante francês o maître e o sommelier ficaram à porta, curvados, até que eu dobrasse a esquina, como forma de reverência. Achei um exagero, mas tudo bem.
Na terça passada, sabendo que o Irajá do chef Pedro de Artagão ia começar o seu menu de almoço, lá fui eu. Porque sou pontual, cheguei exatamente ao meio-dia, no instante em que alguém tirava as cadeiras que fechavam a entrada. Subi os degraus da varanda e recebi uma salva de palmas de todo o salão.
– Que é isso, o que está acontecendo?
– É que a gente aplaude todos os dias o primeiro cliente de todas as casas. É uma prática do Grupo Irajá – respondeu alguém, para meu espanto.
Novamente, achei exagerado, mas é legal.
Não me considero digno de aplauso em nenhum caso, mas tudo bem, obrigado, eu agradeço, e me curvo à toda a equipe cordial do Irajá Gastrô, desses lugares onde gosto de estar.
Tinha reuniões tarde adentro, e só queria uma refeição ligeira, e a chance de contar a novidade em primeira mão.
Pois, é isso.
O menu de almoço do Irajá é dividido em dois. À esquerda, o à la carte. Ali temos couvert, quarteto de ostras, presunto cru Yaguara, tartare de wagyu, PF Irajá, o famoso bolo de brgadeiro e um mil folhas sublime, de avelã, que foi a minha pedida.
Deste setor do menu também foi de onde tirei o meu prato, na verdade um sanduíche, que pra mim vale por uma refeição. Poderia chamar de leve, se não fossem as fritas tentadoras que me desviaram do bom caminho das virtudes dietéticas, essas que eu não tenho. Lobster roll é o nome, um sanduíche de cavaquinha com salada de aipo na maionese da casa, aquela coisa típica do Maine que arrebata corações em toda a costa Atlântica das Américas, vem de New England e arredores para o coração do Rio e dos adoradores da boa comida. Nos EUA usam lagosta, mas ali no Leblon é cavaquinha, e como se sabe, cavaquinha é melhor do que lagosta, e achei esse sanduíche melhor do que todos do gênero que comi em Boston, Nova York e alhures.
É a pura comunhão da textura fofa do pão tostadinho com a cremosidade da pasta de crustáceo, com boa quantidade dele, que ganha volume com a maionese, e profundidade de sabor com o aipo sempre refrescante.
Eu bebia uma Já, a cerveja da casa, feita pela sommelière do Grupo Irajá, Julieta Carrizzo, em parceria com a infalível Hocus Pocus, com toque de caju. Harmonizou perfeitamente. Mas eu deveria mesmo é ter pedido um Bloody Mary, para fingir que meu almoço de negócios em plena terça (foram 90 minutos de deleite na boca, e dedos nervosos no WhatsApp, porque o tempo não para) seria um brunch dominical.
Fato é que foi lindo.
Já ia me esquecendo de dizer que no lado direito do menu temos há a “Cozinha de Mercado”, por R$ 90, com couvert, entrada, prato e sobremesa”.
Na semana passada, era assim.
Achei bem-vindo esse almoço do Irajá, tanto que enquanto escrevo estou considerando almoçar por lá.
SERVIÇO
Irajá Gastrô: Rua Dias Ferreira 233, Leblon. Tel.: 21-3128-6551. www.irajarestaurante.com.br Instagram: @irajagastro e @grupoiraja
E MAIS:
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– De Bar em Bar: Boteco Rainha, do Grupo Irajá do chef Pedro de Artagão, reina na Dias Ferreira
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