No meio do ano passado já podíamos notar uma tendência que de fato se concretizou: o Rio, tão carente no assunto, vinha observando a inauguração de muitos restaurantes dedicados aos peixes e frutos do mar, ou pelo menos mais atentos ao apreço cada vez maior por parte dos cariocas por itens como ostras e mexilhões.
O Escama do chef Ricardo Lapeyre foi um marco na categoria, e depois vieiram Sabor das Águas, do churrasqueiro e pescador Marcelo Malta, e o Ocyá, na Ilha Primeira, na Barra.
Sempre existiram as Tias de Guaratiba, e os botecos com cardápios marinhos junto às colônias de pescadores, como a Ilha do Governador. E o Satyricon. Mas essa carência de casas com cozinhas de excelência, em ambientes mais refinados, dedicadas aos pescados, era evidente, e lamentável.
Hoje temos um bom leque de escolhas, incluindo a novidade da semana, que hoje está completando sete dias de funcionamento – abriu as portas na segunda passada: a Peixaria Mocellin, na Praia da Barra, um ponto privilegiado mas decadente da orla, junto ao Quebra-Mar.
Ouvi dizer até que a iniciativa de ceder o espaço para a família Mocellin, da churrascaria de mesmo nome, os fundadores do Porcão, partiu da prefeitura do Rio, para valorizar a área. E aposto que isso vai acontecer.
Além do espaçoso restaurante, que terá sushi bar no segundo piso, eles espalharam mesas e cadeiras do outro lado da rua, junto ao Quebra-Mar. Vai ser um bar de ostras que desde já estou certo de que será um sucesso nas quase sempre lindas tardes do outono-inverno carioca.
O manual de conduta de quem visita o lugar é simples: evite firulas, e vá nos peixes e frutos do mar assados na brasa.
Eu não fui muito feliz com um pastel de lagosta com muito creme e pouca carne, nem com um camarão empanado no coco, que ficou demasiadamente doce, e nada crocante.
Mas, em compensação foi certeiro o último pedido: uma chapa fumegante de lagostins, camarões, cherne e salmão, dourados na churrasqueira com muito bom tempero – e tempo de grelha adequado.
O carrinho circulando pelo salão é um chamariz e tanto, e fica difícil resistir.
Dizem que é pra duas pessoas, mas três comem, especialmente se nos distrairmos com ostras frescas, camarões ao ajillo e casquinhas de siri, que vão servir de abre-alas em minha próxima visita.
Que será breve.
Na guarnição, acatei a sugestão do garçom e fui no arroz de coentro. O molho belle meunière arredendou tudo. E a boa pimenta da casa colocou fogo no prato, ampliando os nobres sabores do mar.
A carta de vinhos está entregue em boas mãos, aos cuidados do sommelier Leidson Alves, ex-Aprazível. O lugar conta com adega bonita e uma já bem boa seleção de rótulos.
– Com o tempo vou aumentar a oferta, incluindo grandes vinhos, como um bom Mersault – diz ele, lembrando a famosa e cobiçada denominação de brancos da Borgonha.
Gosto da iniciativa de usar as latinhas da Arya, cujos vinhos foram feitos cim ajuda do sommelier Diego Arrebola, muito premiado. Provei o branco e achei bem correto.
Eu levei uma garrafa do Quinta da Lixa que sempre se comporta muito bem em casas do ramo, escolha certeira para peixes e frutos do mar.
Salve, Iemanjá!
SERVIÇO
Peixaria Moccelin: Av. Do Pepê 32, Quebra-Mar, Barra da Tijuca. Instagram: @peixariamocellin