Saudades do Penafiel, parte 2: Por Guilherme Studart e Paulo Thiago de Mello (obrigado)

A minha versão do prato – Foto de Bruno Agostini

No sábado eu matei um desejo que durava uns 13 anos: comer língua no feijão-manteiga. Puro conforto, era meu prato preferido no saudoso restaurante Penafiel (ainda esta semana eu publico a minha receita, e atualizo este post com o link).

Cozinhando quase que diariamente, ando testando receitas, repetindo outras de que gosto, mas a maior alegria mesmo é tentar reproduzir receitas que adoro, prestando  homenagem a alguns dos pratos que mais marcaram a minha vida. É o caso deste (para ler o post, clique aqui).

Atendente serve a língua, nos famosos e cobiçados panelões com os pratos do dia – Foto de Bruno Agostini

Como escrevi no final do texto: “Pedi a dois amigos e notórios frequentadores do Penafiel, Guilherme Studart e Paulo Thiago de Melo, que não por acaso já foram autores do sempre delicioso livro “Rio Botequim”, para escreverem algumas linhas sobre o saudoso Penafiel, e publicarei em breve. Obrigado, amigos.”

O salão lotado do Penafiel, no seu último dia de funcionamento – Foto de Bruno Agostini

O Penafiel: era pérola no Centro do Rio – Por Guilherme Studart

“O restaurante Penafiel ficava localizado na rua Senhor dos Passos 121, bem no coração da região da Saara, no Centro do Rio. Era um tradicional restaurante português da cidade, que servia comida à moda antiga e destacava-se pelo incomparável tempero de seus pratos. Tinha à frente de sua cozinha o sergipano Antônio Bispo dos Santos, autodidata, que quando completou 48 anos de casa era considerado o chef com mais tempo em atividade num único restaurante do Rio. O restaurante era como uma pérola no Centro do Rio, de ambiente simples e agradável, com antigos ventiladores nas paredes e destaque para seus grandes panelões exalando os aromas dos pratos do dia, que eram apresentados aos fregueses por funcionário exclusivamente destacado para essa função.

Entre as iguarias mais famosas estavam a dobradinha à moda, o frango com quiabo, o mocotó, a língua defumada com feijão manteiga, o ossobuco de vitela com arroz de brócolis, os pratos de bacalhau, a empadinha de queijo com cebola, o mineiro de botas e o creme de abacate peneirado.

Ah, estava me esquecendo, ali eram servidas também as melhores iscas de fígado à lisboeta da cidade!”

A cozinha aberta, nos fundos do restaurante – Foto de Paulo Thiago de Mello

O Penafiel: primava pelo sabor – Por Paulo Thiago de Mello

“Uma verdadeira casa de pasto, como se via no começo do século passado no Centro do Rio, onde os clientes escolhiam a refeição abrindo as fumegantes panelas em vez de consultar o cardápio. No caso do Penafiel ainda havia o fato de estar situado num mercado multiétnico, completando o cenário de uma cidade dinâmica e cosmopolita. Sua comida primava pelo sabor, com cozidos suculentos e assados no ponto certo. Fechou as portas a poucos anos de completar seu centenário.”

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Assim como eu, um outro amigo que adora esses restaurantes antigos, Joaquim Ferreira dos Santos, também esteve no Penafiel no seu último dia de funcionamento, quando o salão, que não mais enchia, ficou lotado e com fila na porta. Fiz um texto para o meu antigo blog (Direto do Rio, no site Viaje Aqui), mas infelizmente eu não consegui encontra-lo, se perdeu nesses 13 anos. O Joaquim fez para O Globo uma crônica comovente sobre, e escrevi para o amigo com quem já tive o prazer de dividir a mesa algumas vezes, perguntando se ele tinha o texto. Igualmente não achou (no arquivo do jornal certamente está, vou tentar conseguir). Ele me mandou este link abaixo, sobre o trágico fim de outro GRANDE  restaurante tradicional do Rio, o Pastoria, mais conhecido como 28: http://joaquimferreiradossantos.blogspot.com/2015/04/tragedia-13042015.html

Cabrito com coradas do 28: sublime e barato – Foto de Bruno Agostini

Aproveito, já que estamos saudosos, para deixar um link para um post no meu antigo blog (“Ode ao 28”), Rio de Janeiro a Dezembro, que agora migrou para este Menu Agostini (https://menuagostini.com.br/category/rio-de-janeiro-a-dezembro/), e também virou perfil no Instagram @rio_de_janeiro_a_dezembro, e também página no Facebook: segue lá.

Como escrevi na página do FB, a ideia é essa: “Esta coluna, parte do site Menu Agostini (https://menuagostini.com.br/), se dedica a fazer listas, dar notícias e selecionar os melhores lugares do Rio de Janeiro, cidade e estado, para se comer, beber e hospedar. Toda sexta temos uma “Seleção Carioca” com “O Melhor do Rio”, fazendo esse trabalho, gostoso.

A próxima lista (dia 3/7/20) é com as melhores empadas do Rio, lamentando o fechamento do restaurante Mosteiro, que tinha uma sensacional.

Siga também o perfil do Instagram: @rio_de_janeiro_a_dezembro

https://menuagostini.com.br/category/rio-de-janeiro-a-dezembro/

 

2 commentários
  1. O dono demitiu meu pai que era auxiliar de cozinha e estava com problemas de saúde. Meu pai foi cobrar os direitos trabalhistas dele, infartou e morreu sem receber nada. Colocamos na justiça, mas o restaurante faliu e o dono sumiu deixando esta dívida com a gente. Se souber onde ele se encontra, me avise, por favor.

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