Nesses tempos de quarentena, mais do escrever, cuidar das plantas e limpar a casa (sim, varrer, lavar a louça e passar paninhos úmidos para tirar poeira são ótima distração), meu maior prazer e alegria tem sido cozinhar, e isso já foi tema de post aqui neste site.
A terapia culinária é puro conforto, porque muitas vezes mato as saudades de lugares queridos, rendendo homenagem a alguns dos pratos que mais marcaram a minha vida.
É o estrogonofe da Dona Irene.
É o arroz de pato do Antiquarius.
É o rosbife com salada de batatas (pedido da filha, que queria essa salada que só faço no Natal) da Taberna Alpina.
É nhoque com carne assada, reverência a todos os botequins cariocas que servem o prato (os mais lindo que tenho visto recentemente é o do Bar da Frente). O mesmo vale para a feijoada.
É massa com bottarga, azeite de limão siciliano, alici e pangratatto, para lembrar da amada Itália, em especial a Sardenha.
É cassoulet com pato confit, recordando a França que tantas alegrias me deu à mesa.
E assim vamos driblando o confinamento.
Hoje é dia de saudar um lugar que tanto gostava de ir: o Penafiel, que infelizmente cerrou suas portas em 2007 ou 2008 (faria 100 anos em 2013), para minha imensa tristeza (fui lá no último dia de funcionamento e chorei). Ficava na rua Senhor dos Passos, coração do Saara.
O prato que mais gostava era a língua defumada no feijão-manteiga. Pedia uma cerveja, ou duas, lascava pimenta, e voltava feliz para o trabalho, inspirado pelo almoço glorioso. Se não me engano, o prato era servido às quartas, logo era esse o meu dia preferido para ir até lá.
É esse o prato do dia de hoje, e que vou repetir amanhã, e provavelmente na segunda. Vou servir com farofa de alho, porque gosto mesmo é de feijão com farofa. E só.
Está no fogo, brando, na panela de ferro, porque não estou com pressa: já esperei 13 anos para comer novamente o prato.
Com um tempero extra: a língua defumada do Alemão da Serra, de Guapimirim, cujos ótimos produtos já conhecia, mas não esse.
Eu, que não sou bobo nem nada, cortei umas fatias fininhas (para o prato são mais grossas), para comer com picles e mostarda. Que maravilha, que sábado promissor.
Na próxima semana publico aqui a minha receita deste prato tão delicioso quanto saudoso.
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E MAIS:
Saudades do Penafiel, parte 2: Por Guilherme Studart e Paulo Thiago de Mello
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P.S. – Texto escrito antes do almoço de sábado, para o Instagram @brunoagostinifoto
P.S. 2 – Pedi a dois amigos e notórios frequentadores do Penafiel, Guilherme Studart e Paulo Thiago de Mello, que não por acaso já foram autores do sempre delicioso livro “Rio Botequim”, para escreverem algumas linhas sobre o saudoso Penafiel, e publicarei em breve. Obrigado, amigos (link logo acima).