Destilado do Balcão: Bloody Mary carnívoro – Nós provamos sete versões animais do coquetel

No Quartinho, em Botafogo, o drinque é feito com caldo de porco de curry – Foto de Bruno Agostini

Antes bastava fritar um bacon, fazer um torresmo, ou mesmo depositar uma fina lâmina crocante de carne-seca. Adornavam o Bloody Mary com alguma carne, geralmente suína, e o drinque não só ficava mais vistoso, mas como também mais gostoso, porque este drinque salgado, picante e bem condimentado, ácido e alcoólico harmoniza muito bem com torresmos, e carnes gordas, de uma maneira geral.

O Bloody Malta: é picante e untuoso, feito com gim infusionado com pimenta, coentro, folhas de louro, suco de tomate temperado e fatias de bacon – Foto de Bruno Agostini

Ótimo aperitivo para um churrasco, como dizíamos, acabou ele mesmo, o coquetel, ganhando em suas variáveis receitas a adição de elementos animais, especialmente caldos de carne ou de osso, além da técnica de “fat wash”, que é a infusão a frio de uma gordura (de porco, não maioria das vezes) no álcool.

Mas nem sempre fat wash é animal, pode ser preparado com derivados.

– Temos uma ótima opção com manteiga de garrafa, e quando voltar ao El Born experimente o Lily of West,  vai gostar: tem tomilho e tangerina importada, entre outros deliciosos ingredientes – conta, me provocando vontade, Mariana Ferreira, que comanda com maestria o balcão do El Born.

William Barão, do Beef Bar Escondido, em Copacabana, faz umas versão com “bone wash”, usando os ossos da costela defumada da casa, em infusão de vodca.

William Barão em ação no Beef Bar Escondido: com caldo de carne, linguiça e maçarico – Foto de Bruno Agostini

– A ideia nasceu da necessidade de se ter uma versão do clássico Bloody com a personalidade do novo bar. Como agora somos um bar de carnes, quis fazer um drinque para amantes da mesma e ter um coquetel com um sabor potente – conta William Barão, do Beef Bar Escondido, em Copacabana.

Provamos e aprovamos. Os sete.

Vamos a elas, as Marias Sangrentas Animais.

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Na versão do Beef Bar Escondido, além de “bone wash”, o drinque é servido com “espeto de gostosuras” – Foto de Bruno Agostini

Beef Bar Escondido: É o Bloody de Boá, feito com Bourbon infusionado em osso de costela, com “mix de temperos misteriosos”, suco de tomate e espeto de gostosuras, com bacon, linguiça, coração e limão, para dar um perfume. É “salgado, herbal e picante”, como define a carte de drinques, como de fato é.

No El Born, o bar de inspiração espanhola, é finalizado com um toque de azeite – Foto de Bruno Agostini

El Born: Na casa de Antônio Rodrigues, da rede Belmonte, na hora de escolher o que beber a melhor pedida são os drinques, e esse é dos melhores endereços de coquetelaria do Rio. No quesito Bloody Mary eles arrebentam com uma receita equilibrado, cuja espinha dorsal é o excelente tempero do suco de tomate aliado ao defumado do fat wash de bacon que a simpática bartender Mariana Ferreira faz questão de exibir com orgulho. Em termos de conceito, é o mais diferente, com Averna Cynar e vinho do Porto, sem a vodca, usual.

– Usamos Absolut infusionada com bacon frito depois de retirar todo o excesso de gordura com papel toalha. Na receita temos ainda sal de aipo, limão, molho inglês, Tabasco e Averna,  Cynar e vinho do Porto. O molho inglês é feito com diversas pimentas e temperos – diz Mariana Ferreira, bartender da casa. 

Esplanada Grill – Bloody “Bull Shot” Mary – Foto de Bruno Agostini

Esplanada Grill: No Esplanada Grill, tecnicamente, o Bloody Mary segue a linhagem tradicional. Suco de tomate da casa temperado com pimenta, molho inglês, além de vodca e o toque que esta steak house dá. Porém, quem quiser pode fazer como eu e um outro cliente do restaurante: sabendo que ali é preparado um autêntico e tonificante beef tea, vez ou outra peço para colocarem esse caldo de carne no drinque. Fica ótimo, perfeito aperitivo para se lançar depois aos pecados e prazeres da carne. 

Bloody Mary “animal”, temperado com beef tea: no Guimas tem – Foto de Bruno Agostini

Guimas: Segue a mesma lógica do Esplanada Grill. Não tem no cardápio, oficialmente. Porém, como um dos poucos lugares do Rio que preparam o beef tea, a receita pode ser encorpada com o caldo de carne, e muitos clientes preferem pedir assim. Como é o nosso caso. Combina que é uma beleza com os aperitivos da casa, faça o teste, como os bolinhos de bacalhau, os pastéis e o ainda mais com o burger da casa e o steak au poivre.

Na churrascaria de inspiração americana, uma versão, além de linda, deliciosa – Foto de Bruno Agostini

Heat Firehouse:  Na casa mais defumada do Rio, o Bloody Mary tinha que ter bacon. É chamado Big Bill, em homenagem a um dos mais fomosos traficantes de bebidas dos tempos da Lei Seca. Além da fatia presa no pregador adornando o copo, temos um espetinho com deliciosa linguiça.
– Preparei para harmonizar com os cortes mais nobres da casa Nós usamos Bourbon, que é o destilado que eu mais uso, e temperamos o suco de tomate com consomê de porco, sal de páprica, wasabi e lemonpepper e outros temperos clássicos, incluindo suco de limão siciliano. Na Guarnição usamos linguiça de costela artesanal e presunto de Parma desidratado. É um coquetel que muita gente diz que equivale a uma refeição, está vendendo bastante – conta Marcelo Emídio, chef bartender do grupo 14zero3 (Pici Trattoria, Luce, Oia, L’Atelier e Brasserie Mimolette, e em breve o italiano Posí, um mozzarella bar, com foco em pescados e massas).

De fato, não tem maneira de se começar uma refeição ali melhor que o Big Bill. Quem quiser pode deixar para pedir o drinque para acompanhar o já emblemático Brontossauro, costela assada e defumada por 24 horas, estrela do cardápio. Combina demais, bem como com o pastel de brisket, outro elemento fundamental do menu.

 

A versão do templo das carnes – Foto de Bruno agostini

Malta Beef Club: Até a coquetelaria, amigo, é encharcada de carne: o Bloody Malta (R$ 32) é picante e untuoso, feito com gim infusionado com pimenta, coentro, folhas de louro, suco de tomate temperado e fatias de bacon. Uma loucura, o melhor bloody mary do Rio, na opinião deste que vos escreve, carnívoro e suinófilo assumido. Também é dos poucos lugares do Rio que preparam um legítimo bull shot (R$ 32), com caldo de carne caseiro mesmo, como manda a regra: além dele, este coquetel clássico que combina vodca e especiarias, como pimenta-do-reino, suco de limão, molho inglês, sal, tabasco.

Consegue ser potente, mas leve e refrescante, bem apimentado, e é perfeito não só para começar a brincadeira no playground carnívoro, mas bem como para ir até os pratos principais, de carne. Peça qualquer corte, porque a cozinha é altamente confiável, e prove com o Bloody Malta. É uma experiência.

 

Close na suína versão do Quartinho, em Botafogo, deliciosa novidade – Foto de Bruno Agostini

Quartinho: Uma das melhores novidades da  temporada, combinando clima descontraído, gente bacana, comidinhas deliciosas e una coquetelaria de primeira, o Quartinho já é dos meus locais preferidos, posso dizer que em grande parte por conta de seu Bloody Mary.Na versão deles do do drinque ele é preparado com caldo de porco e curry,  e é espetacular (minha pedida usual quando estou por lá: é dos meus preferidos no momento). 

 

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