Saí andando do cais onde atracam os barquinhos que fazem a travessia até a Ilha da Gigoia com o propósito de ir até a Praia da Barra, para lá, então, pegar um táxi até meu destino, o hotel Grand Hyatt. Atravessei caminhando o canal de Marapendi, onde quase peguei um barquinho em direção ao condomínio Barramares, por preguiça, mas decidi ir andando mesmo. Então, cruzei a avenida em frente ao Downtown e peguei o caminho do mar. Estava sol, mas ali em grande parte o trajeto era arborizado, e com sombra garantida pelos prédios altos.
Cheguei, enfim, ali na altura do Post 5. Pedi meu carro. Estava muito trânsito, demorou quase 20 minutos para chegar, embora estivesse perto. Andamos um pouco, e logo paramos. Empacamos de verdade, assim como toda a rua. Entrei no aplicativo Waze, que indicava interdição por paralisação, pouco antes do Grand Hyatt, meu destino naquela tarde de ontem, com sol inclemente. Era o protesto contra a morte do congolês Moïse, no quiosque Tropicália. Entrei no Google Maps, e vi que em cerca de 45 minutos andando eu chegaria lá ao hotel.
– Amigo, aproveita o retorno, e me deixa aqui, vou caminhando, está tudo parado, nem dá para passar, está interditado um longo trecho perto do hotel – eu disse.
Feito.
Confesso que nem foi tão dramático assim, ainda que estivesse mesmo muito sol e calor. Mas, deu tudo certo, troquei o sapato por um chinelo que levava na mochila. Cheguei encharcado de suor, mas valeu pelo exercício inesperado.
Tudo ficou de novo às mil maravilhas quando fui brindado pela oferta:
– Vai uma caipirinha? – perguntou o Marcio Moutinho, gerente de alimentos e bebidas do hotel, que cuidava do serviço do almoço. – Sugiro a Grand Hyatt, com tangerina, limão siciliano, melado de cana e manjericão, bem refrescante – emendou, ao saber da óbvia resposta positiva.
Sambinha bom rolava, a piscina estava cheia e deu vontade de pular, mas nem traje para isso eu tinha… Pena, vou providenciar na próxima vez.
– Esta caipirinha venceu um concurso entre os hotéis do Rio – disse o Marcio.
Provei e dei razão aos jurados.
Ainda com o copo do drinque mais brasileiro de todos em mãos eu fui ao bufê, que tem saladas, frios e também uma bancada de doces, além dos itens de feijoada. A verdade é que feijoada mesmo, de verdade, em que ter rabinho e orelha, ou – ao menos – um dos dois extremos do porco, que são fundamentais na textura e no sabor do caldo. Aliás, um pé também é fundamental.
Tinha rabinho. Fiz um prato. Dois. Três. Cheguei a usar batatinhas finas e crocantes, porque gosto de fritas com feijão. Pimenta, usei durante todo o tempo. Em forma de molho e geleia. Agora, sim, que eu precisava de uma caminhada, já lá por volta das 17h, em temperatura mais civilizada. Pedi um café, comi um doce perfumado com cumaru e peguei o rumo de casa.
Saí andando pela orla, no sentido inverso. Sem sinal de internet, não conseguia pedir o táxi, e continuei a caminhada, agora, às 17h e pouco, já agradável, com o sol baixo, ao contrário das músicas horrorosas dos quiosques repletos. Tirando a trilha sonora, estava tudo muito bom, a brisa etc.
Cheguei no Jardim Oceânico, parei no Brewteco para uma Traçado IPA grande. E segui o caminho de volta rumo à Ilha da Gigoia, aonde cheguei navegando, o que é sempre bom.
SERVIÇO
Cantô Restaurante: Hotel Grand Hyatt, Av. Lucio Costa 9600, Barra da Tijuca. Tel.: 3797-1234. www.hyatt.com Instagram: @canto @grandhyatt