Pode ser até que isso seja fruto da grande quantidade de cearenses que trabalham nas cozinhas cariocas. Mas o fato é que os cardápios dos bares e restaurantes do Rio de Janeiro estão entre os mais engraçados do mundo. É a comédia gastronômica, que se manifesta de diversas maneiras.
O festival de piadas talvez mais engraçadas sejam os menus com tradução para inglês que pipocam nas áreas mais turísticas. Copacabana tem a maior concentração de antológicas descrições de pratos na língua de Sheakespeare. Eu prefiro que acreditar que seja fruto do bom humor, e não da ignorância, o que lhe tiraria grande parte de sua graça. Nessas genias traduções, a mais risível é o contra-filé à Oswaldo Aranha, que é “against filet oswald spider” em certo cardápio. Ninguém me contou, eu vi.
Fui conferir pessoalmente depois de ler uma reportagem, alguns anos atrás, que trazia outras pérolas, como o bife à cavalo que para o inglês foi versado como “beff steak to the horse”, e a carne-de-sol que virou “sun meat”. Confesso que gargalhei, ainda, lendo outras referências, como a carne-seca à mineira, traduzida como “meat to drought mineira” e (ah ah ah ah ah ah ah) o medalhão à moda da casa, que foi brilhantemente chamado de “medallion to fashion house”.
Também existem os cardápios divertidos pelos seus atributos estéticos. Quando abriu as portas, há mais de 15 anos, a primeira Devassa, no Leblon, era um show de humor. Inteligente, engraçado, como o próprio e provocativo nome da marca, hoje sem muita identidade.
Outro cardápio que acho incrível, e loucamente divertido, é o do Cachambeer. O visual é caótico, com remendos espirituosos, muitas fotos. Entre os pratos, temos o Enfarto completo, combinação de e farofa, carne de sol, cebola e salsinha, linguiça calabresa, coração de frango, aipim, carne seca e torresmo, além do porquinho embriagado, marinado na pinga.
Aliás, outro menu espirituoso é o do Bar da Frente, que me serve o porquinho de quimono, um harumaki de costelinha com requeijão.