Depois de uma visita incrível, com destaque para a coleção de pôsteres antigos de bebidas, de taças e outra de artefatos para a produção de vinho, chegou a hora de fazer a degustação.
Vamos ao bar. Ao entrarmos no salão, que tem uma decoração impecavelmente linda, que me remeteu aos “saloons” do Velho Oeste americano, cheguei a tomar um susto:
“Chevaliers de la Table Ronde
Goûtons voir si le vin est bom
Chevaliers de la Table Ronde
Goûtons voir si le vin est bom
Goûtons voir, oui, oui, oui
Goûtons voir, non, non, non
Goûtons voir si le vin est bon
Goûtons voir, oui, oui, oui
Goûtons voir, non, non, non
Goûtons voir si le vin est bom”
Que delícia de momento. Este é um clássico do cancioneiro popular francês, que convida os Cavaleiros da Távola Redonda a provar o vinho pra ver se ele bom. Depois, a letra continua com versos ébrios como “Se eu morrer, quero ser enterrado em uma adega onde há bom vinho / Ambos os pés contra a parede, e a cabeça debaixo da torneira”.
Uma delícia de experiência, ainda mais considerando que eu estava na ilustre companhia do amigo Didu Russo. Ele se recorda de uma passagem interessante, e que eu havia esquecido.
– Uma coisa curiosa percebemos… a nossa guia estava absolutamente sem graça de nos levar no Duboeuf… perguntei a razão e ela claramente disse que ele não tinha o “perfil” do produtor francês. Concordei e discordei. Concordei, pois é um fato. Duboeuf não representa o típico produtor artesanal dos deliciosos, excepcionais e desconhecidos por nós, vinhos Crus de Beaujolais. Discordei porque o Duboeuf, como um verdadeiro Walt Disney do Beaujolais, agrada a qualquer turista e ainda ensina e conquista o coração das crianças. Um gênio secondo me – me escreveu Didu, quando pedi para ele algumas considerações sobre aquela tarde.
De fato, o chamado Hameau Duboeuf, em Romanèche-Thorins, próximo a Fleurie, uma das melhores denominações de Beaujolais, é diferente de tudo o que já vi na Europa, não só na França.
É tão Disneylândia que a visita termina… numa loja, assim como acontece na saída das atrações dos parques temáticos, com toda a sorte de souvenirs – e toda a linha de rótulos deste produtor, morto no começo do ano, e que foi tema recentemente da coluna Vinho da Semana, publicada às segundas (para ler, clique aqui).
O lugar é mesmo um parque de diversões para enófilo algum botar defeito. E a sala de degustação, por mais cenográfica que seja, é um lugar delicioso, que remete a cabarés do começo do século passado, com algo de saloon do Velho Oeste.
Durante a visita há projeção de filmes simpáticos – num deles a estrela é uma abelhinha, mostrando a importância desse inseto para a polinização.
Mas voltemos ao bar, onde provamos quatro vinhos, uma boa amostra da produção desta grande figura do mundo do vinho. Não foram os melhores que degustamos na viagem, mas são belos vinhos, redondos, agradáveis de beber, como geralmente são os vinhos dessa região pouco valorizada, injustamente.
SERVIÇO
Hameau Duboeuf: 796 Route de la Gare, Romanèche-Thorins. Tel. : (03) 8535- 2222. Ingressos entre 10 e 20 euros. http://www.hameauduvin.com/ http://www.duboeuf.com/