Um Cabernet Sauvignon do Chile, produzido no Vale do Maipo, tem uma regularidade rara, ano a ano. Com uma clima muito pouco variável a cada safra, a gente sabe o que esperar deste tipo de vinho. Muita fruta, taninos firmes, mas maduros, e vigor, com robustez. Bom é quando o álcool fica em torno dos 13,5%, o que é cada vez mais comum. Isso porque, hoje, os enólogos buscam mais acidez no vinho, e tentam colher a uva um pouco mais cedo. O perigo disso é a gente ter indesejáveis aromas verdes, de pimentão e grama cortada, de modo exagerado, dominando o paladar.
Este Perez Cruz Reserva 2018 é um exemplo de um vinho muito bem feito, redondo, macio e com boa presença aromática, consegue justamente manter o equilíbrio entre a acidez, os taninos e o álcool, podendo assim revelar uma agradável combinação de frutas frescas, como cerejas e amoras, com notas de especiarias, como pimenta-do-reino, ervas, como tomilho e alecrim, e apresentando ainda alguns elementos vindos do carvalho (12 meses), que deve ser americano, pois deixa notas de insinuação adocicada, como baunilha. (Depois de escrever, vi a ficha: 60% carvalho americano e 40%, francês, além disso, tem 6% de Carménère).
Tal perfil de vinho caiu no gosto do brasileiro justo pela características citadas acima. Combina boa presença de fruta com toque de madeira, tem taninos e acidez presentes, mas equilibrados, e apresenta notas condimentadas com sugestão adocicada, levemente, o que agrada em cheio o nosso paladar.