Eu sou fissurado por pubs. Tenho vontade de viajar a Dublin só para fazer um roteiro por esses bares tradicionais do Reino Unido, hoje espalhados pelo mundo, viagem regada a folk music, irish ales, fish ‘n’ chips e Guinness com ostras – começando pelo Temple Bar e voltando a ele várias vezes (não sei porque, mas é dos lugares que mais tenho vontade de visitar no mundo).
Quer dizer, no fundo, eu sei… É porque como dizia, eu adoro pubs. Em Londres e Nova York, traço uma rota passando em alguns deles, onde entro para um pint ou dois – se for um dia quente do verão em Manhattan é fundamental, entre 11h30 e 15h se refugiar em um pub para fugir do calor. Também entro aleatoriamente, de vez em quando, em algum que encontre pelo caminho.
Lembro-me logo do Mc Sorley’s Old Ale House, no East Village, um dos meus bares preferidos no mundo, despojado, histórico (é de 1854!) e delicioso, com suas ales e seus fish ‘n’ chips (como relatei neste post) – tudo impecavelmente bagunçado, como deve ser.
Recordo-me também do icônico The Anchor, emblema entre os pubs londrinos…
… e da Union Oyster House, em Boston, um pub marinho, desses típicos dos portos e marinas da Nova Inglaterra, especializados em peixes e frutos do mar, uma das categorias mais apreciadas por mim. Eu amo pubs!
Em Chicago estive em vários deles, inclusive um curioso “Pub Mexicano”, e fiz um roteiro por endereços do gênero nesta cidade, e em breve eu posto aqui, porque logo logo, esperamos, estaremos voltando a viajar.
Buenos Aires, que comparamos a Paris, mas que no fundo queria ser Londres e acabou virando uma espécie de Nápoles, há muitos e muitos pubs, além de clubs, rugby teans, Argentine Polo Association e tantas outras referências britânicas, a começar pela emblemática Torre de los Ingleses, monumento importante da capital argentina – fora o periódico Buenos Aires Herald, que circulou até 2017, em inglês, fundado em 1876.
Boston também é bom lugar para se visitar pubs e – acredito, mesmo nos parques de Orlando a alguns bem dignos, onde bebemos pints e comemos fish ‘n’ chips satisfatoriamente, em locais como o Finnegan’s, em Universal Studios; e o Rose & Crown Pub & Dining Room, em Epcot Center – fora The Boathouse, que se trata de um pub marinho, e o Raglan Road, ambos em Disney Springs, onde se passeia sem ingressos e há boa oferta de bares, lojas e restaurantes, fora atrações náuticas, cinemas, balão etc – é sempre divertido (neste link há vários posts sobre o complexo). Temos, ainda, o elegante Enchanted Rose, um american pub, dentro do mais icônico hotel de Walt Disney World: The Grand Floridian Resort & Spa.
O fato é que em quase todas as cidades do mundo é fácil encontrar um pub, até mesmo em regiões vinícolas com pequenas cidades, como o Piemonte: estive em pubs cervejeiros bem legais em Alba, em Neive e em Piozzo.
No Rio, pena, há poucos. Frequentei bastante o finado Shenanigan’s, na General Osório, em Ipanema. O bairro parece ser a principal referência no assunto pub. Lembro de pelo menos dois, já fechado: um outro, na mesma Praça General Osório, cujo nome eu me esqueço (Irish Pub?), e The Big Ben, este na rua Paul Redfern – nome de origem inglesa, e que por coincidência abriga um dos poucos pubs existentes no Rio hoje, The Lord Jim Pub. E, pensando bem… O Londra, no Fasano, não deixa de ser um pub… Da Lombardia. No Humaitá temos o divertido Macaco Caolho, na Capitão Salomão. Sei de um, chamado Lapa Irish Pub, mas ainda não fui. E, qual mais? Não me lembro.
Essa semana, procurando fotos de um café da manhã típico inglês, fui revirar o baú e ver umas fotos de Londres. Vi um delicioso fish ‘n’ chips, que saboreei num almoço agradável em East London – e então resolvi escrever sobre este prato, o mais emblemático dos pubs britânicos, onipresente, e sempre uma boa pedida para acompanhar pints e mais pints.
Tem como dar errado? Excelente peixe: é o codfish, o bacalhau fresco, da mais alta qualidade, nos melhores e mais clássicos endereços do tipo, vindos das águas geladas do Atlântico Norte, com suas águas imensamente geladas – de onde, nós sabemos, saem alguns dos melhores, mais gordos e saborosos peixes do mundo. Batata frita rústica: mas quem não gosta? Condimentos a gosto: molho tártaro, limão, Tabasco, ketchup, “malt vinegar” (ótimo com as batatas fritas, acredite), purê de ervilhas… Ou alguma “english sauce”: Oxford, HP, Worcestershire… Todas combinam e são bem-vindas.
Nas melhores casas do ramo, o peixe é cortado com entre um e dois dedos de espessura, carne rígida e gordurosa, é facilmente separada só com o uso do garfo, soltando-se em lascas vistosas, brilhando com o óleo natural que a reveste.
Feito num empanado que geralmente é algo entre a milanesa e o tempurá, o fish ‘n’ chips combina com uma Irish Red Ale e com um India Pale Ale, cervejas que mostram sua aptidão à mesa, com esses pratos de boteco britânico, com toda a sua fidalguia, seus maltes tostados e sua potência.
Parece até bobagem, mas fish ‘n’ chips com uma boa Ale maltada é um dos mais altos patamares da cultura gastronômica.
Bye!
2 commentários
EBom, pub no Rio só frequentei um, o Lord Jim de Ipanema. Um dia fui no Queen’s Legs da Lagoa, mas perdeu feio em decoração, comida e pint para o Lord Jim. Perdi a conta de quantas vezes fui lá. A dona era a Anne Philips. Onde estará? Atenção eu falo do antigo Lord Jim. No atual, que acho já fechou, entrei só 1 vez, tinha virado pub americano e dei meia volta e saí. Assim a memória daquele fantástico pub inglês não seria difamado. Nada de hamburguers. No térreo jogos dardos e chopp. No primeiro e segundo andares decoração original inglesa, linda, irish coffee, chopp e comida inglesa maravilhosa: shepherd’s pie, steak and kidney pie (minha predileta), cole slaw, vários medalhões flambados com vinho do Porto ou Jerez, fish & chips, e aos domingos, Madras Curry. Portanto nunca haverá um pub como The Lord Jim. Em Londres na City fica o Ye Old Chechire Cheese, não é bem um pub mas é quase. Redtaurante fundado em 1667 ainda tem partes originais. A melhor Sreak & Kidney Pie de Londres
Mais uma vez, obrigado pelo excelente comentário, Fernando. Um abraço!