Está não menos que excelente o novo menu do Irajá Gastrô. Um dos destaques do ano, pra mim, e foi uma alegria ver a casa lotada num almoço de meio de semana – restaurantes cariocas, bons e ruins, caros e baratos, estão sofrendo essa avalanche de crises: no mundo, no país, no estado e na cidade. Tenho ouvido relatos de chefs e empresários que são de cortar o coração.
Mas aqui não tratamos de coisas ruins, somos como a biografia do Alvaro Moreyra, cujo título diz tudo a respeito da publicação. Chama-se ” As Amargas, Não”. É isso. Vamos falar de coisa boa. Neste caso, novinha em folha, e mais que boa: excelente.
Aos fatos – e os pratos.
Todo os dias há pratos off-menu. Informe-se. No meu dia, que sorte, tinha beignet de camarão – que bocado delicioso, não deixe de pedir caso esteja sendo servido.
Enxuto, o cardápio resume em uma folha muito do que mais gostamos, recriando pratos clássicos, explorando ingredientes desses com legiões de aficionados e com descrições apetitosas.
São cinco seções e três possibilidades de degustação: 8, 5 e 3 etapas (R$ 210, R$ 180 e R$ 140).
Quem preferir a la carte, vai ter dificuldade de escolher assim como eu tive.
O couvert tem pão de fermentação natural, manteiga e chips de mandioca (R$ 26).
Depois, quatro tentadores pequenos preparos (todos a R$ 48): caprese 7.0 (especialidade do chef), 3 x atum (que bela sacada), vieiras com iogurte e maracujá (comeria todos os dias) e carpaccio com foie gras e anchova (idem).
Em seguida, mais um quarteto de fazer salivar (R$ 78): ravióli chinês de rabada ao creme de queijo (pode me chamar de deliciosa fusão Brasil-Ásia), Piemontês 2.0, picadinho “desde 2003” e a combinação entre cardoncello, creme de baroa e café.
Na hora do principal, vivemos certo sofrimento (R$ 88): como escolher entre cavaquinha, abóbora e requeijão, este feito na casa (releitura certeira do escondidinho), o “novo arroz de bacalhau” (se o antigo já era bom…), polvo, purê Robouchon, aioli de linguiça (mar e montanha em alto nível) e peixe do dia com vatapá e farofa de quiabo (como não pensaram nessa farofa antes?).
Pra encerrar (R$ 28): manga, maracujá e manjericão (doce, ácido, perfumado), aipim, doce de leite e coco (muito amor num só doce), suspiro, marshmellow e frutas vermelhas (texturas, contrastes, acidez e doçura), pistache, banana e gianduia (só coisa boa) e o mítico bolo de brigadeiro Irajá (dispensa comentários).
Não deixe de pedir o cafe servido com bolinho de milho.
Para beber, a carta de vinhos selecionada por Julieta Carrizo, foca em brasileiros, naturais e biodinâmicos. Coisas maravilhosas, como este raro Furta Cor Rosé, da Vinha Unna, da admirável Marina Santos.
Vale uma espiada na carta de drinques. Só não vale deixar de conferir.
Irajá: Rua Conde de Irajá 109, Botafogo. Tel. 21-2246-1395. www.irajagastro.com.br