Hoje, como já vem acontecendo há algumas semanas, bateu uma vontade imensa de viajar. Estava lidando muito bem com o assunto: simplesmente evitando-o. Não sei se foi essa nostalgia motivada por esse troço de #TBT – que eu nunca fazia – ou se é só efeito de tanto tempo sem cair na estrada. Logo eu, que desde sempre gostei de hotel, restaurante, visitar cidades novas, conhecer gente que nunca mais verei e essas coisas que uma boa viagem sempre nos proporciona. Que agonia essa Covid que nos assola, e ainda mais no Brasil. Que inveja dos países que estão se livrando da pandemia. Que desgraça é essa?
Já vinha reeditando textos antigos de lugares de que gosto, revendo fotos e escrevendo novas linhas inéditas sobre tantas e tantas viagens que ficaram tão gravadas na memória que eu lembro do cheiro e do sabor das coisas. A comida é a melhor forma de eternizar um momento. O perfume da vida fica para a vida inteira. As formas e as cores. Lembro do aroma de certos vinhos marcantes, dos temperos e texturas dos pratos mais memoráveis. Lembro dos detalhes do serviço e decoração, e quando falta uma informação, vem logo uma foto que ilumina essa parte escura das lembranças. A imagem também. Boa comida é bonita. A foto igualmente é um mecanismo forte de perpetuação dos grandes recordações.
Claro, quem me conhece sabe que um país e uma cidade estão na dianteira em minha estima de viajante inato e adicto: Itália e Nova York, é claro. (E a imigração dos primeiros ajuda a tornar NYC no mais espetacular destino gastronômico que conheço. Só há algo parecido na Ásia, posso garantir. Como Tóquio, onde fiquei pouco tempo, Hong Kong e Cingapura, onde em breve pisarei, por exemplo).
Então, nesse clima mnemônico que o #TBT nos desperta, começo hoje uma série de posts sobre uma viagem de dez dias para o Piemonte, no final de outubro – época das trufas brancas de Alba, e eu fui por causa disso. Vai ter muita comida e vinho, é claro. Mas há aventuras ensandecidas pelas montanhas da Langhe (com direito a show privado de um grupo de coral nórdico); fracassada caça às trufas (e muitas delas no prato), encontros ao acaso com ícones da enologia local, como com a famiglia Conterno; iguarias como carne de cavalo e salame de asno; cervejaria maluca; sequestro para um jantar que foi a maior furada da viagem; visita à cidade onde estão fincadas as raízes da minha família Agostini; e tantas outras deliciosas experiências, como uma tarde inteira com Angelo Gaja, em sua casa, em Barbaresco.
Vou, assim passear por várias colunas deste site, começando por uma que gosto muito de escrever, publicada às quintas: Retrato de um Prato, quando descrevo algumas dessas comidas marcantes da minha vida. Mas vai ter cerveja, sim, na terra do vinho; vai ter restaurante de hotel fora-de-série também; um ensopado rico feito com crista de galo que parece cogumelo e muitos miúdos (la finanziera); vai ter Barolo da safra fantástica de 1982; as lições que aprendi sobre trufas brancas na tradicional feira que acontece em Alba; vai ter perfume de Nutella, que toma os arredores da fábrica; vai ter muito Piemonte por aqui nas próximas semanas.
Mas por que o Piemonte? São tantas as razões, acompanhe.
Mas posso resumir: foi a viagem mais sensacional da vida, e diferente de todas (eram férias, graças a Deus, e não viagem de jornalista, essa gente que se atrasa, fala muito, é folgada e, assim, atrapalha qualquer roteiro). Nunca comi tão bem, e bebi idem. Nunca fiquei tão emocionado diante de um prato, e olha que isso acontece com frequência.
Terminei a jornada na formosura do Lado d’Orta, quando conheci Antonino Cannavacciuolo, um dos maiores cozinheiros que já vi em ação.
Que saudades do Piemonte.
Salve este post, porque vou pouco a pouco colocando aqui todos os links, formando um roteiro de viagem pela região que eu mesmo quero repetir. Em breve.
Abaixo, reproduzo o post que inspirou essa ideia, publicado hoje no meu Instagram @brunoagostinifoto (aliás, segue lá).
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#TBT: O PIEMONTE
Pode, no mesmo dia – morrendo de saudades da Itália –, fazer dois posts de #TBT ?
Estava evitando escrever e relembrar de viagens, por síndrome de abstinência. Mas chega. Sonho tanto com a vacina quanto com as minhas primeiras viagens depois dela. Pensando nos destinos, o que é sempre um prazer sem tamanho.
Planejar uma viagem é uma das mais deliciosas partes dela.
Que saudades de um avião, e até das filas nos aeroportos e da comida de bordo.
Voltar ao Piemonte na época das trufas é uma das metas. Mas há pelo menos 50 roteiros na cabeça. Entre velhos e queridos destinos e outros inéditos.
Nas fotos:
1) Eu no vinhedo Bussia, de Barolo
2) Na sala de barricas da Tre Donne
3) O tartufo bianco: iguaria que vale a viagem
4) Derramado sobre tajarin al burro e tartufo bianco…
5) … e sobre batuta di Fassona
6) Grafite em Alba
7) Bochecha de cavalo al Barolo, com purê de maçã e menta, no Il Bologna
8) Prato com antipasti típicos, no La Piola
9) O monumental queijo badagu blu, dos melhores que já comi
10) E, para encerrar, o melhor risoto da vida, no La Cinzia, em Vercelli, cidade Natal de meu tataravô, Angelo Agostini: coelho com foie gras (no lugar da manteiga!!!!!!!) com fonduta de queijos do Piemonte. P.S. – A foto ficou de lado e não consigo mudar… (aqui no site consegui rsrsrsr).
Até escorreu uma lágrima de saudades…
#vemvacina !!!
#piemonte #alba #italia #melhorcomidadomundo #tartufobianco #menuagostini @menu_agostini #barolo #barbaresco #risoto
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BUONA GIORNATA
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