Piemonte: porque eu ando sonhando com a viagem mais deliciosa da vida?

A cidadela de Alba: nem precisava ser bonita, de tão gostosa que é (mas é linda) – Foto de Bruno Agostini©

Hoje, como já vem acontecendo há algumas semanas, bateu uma vontade imensa de viajar. Estava lidando muito bem com o assunto: simplesmente evitando-o. Não sei se foi essa nostalgia motivada por esse troço de #TBT – que eu nunca fazia – ou se é só efeito de tanto tempo sem cair na estrada. Logo eu, que desde sempre gostei de hotel, restaurante, visitar cidades novas, conhecer gente que nunca mais verei e essas coisas que uma boa viagem sempre nos proporciona. Que agonia essa Covid que nos assola, e ainda mais no Brasil. Que inveja dos países que estão se livrando da pandemia. Que desgraça é essa?

Nascidos um para o outro, tipo Romeu & Julieta da Itália: Barbaresco (Barolo também serve) e tartufo bianco (este com fonduta… Jesus!!! Me salva) – Foto de Bruno Agostini©

Já vinha reeditando textos antigos de lugares de que gosto, revendo fotos e escrevendo novas linhas inéditas sobre tantas e tantas viagens que ficaram tão gravadas na memória que eu lembro do cheiro e do sabor das coisas. A comida é a melhor forma de eternizar um momento. O perfume da vida fica para a vida inteira. As formas e as cores. Lembro do aroma de certos vinhos marcantes, dos temperos e texturas dos pratos mais memoráveis. Lembro dos detalhes do serviço e decoração, e quando falta uma informação, vem logo uma foto que ilumina essa parte escura das lembranças. A imagem também. Boa comida é bonita. A foto igualmente é um mecanismo forte de perpetuação dos grandes recordações.

Barraca de salames em Alba (tem de asno, javali e maturado no Barolo) – Foto de Bruno Agostini©

Claro, quem me conhece sabe que um país e uma cidade estão na dianteira em minha estima de viajante inato e adicto: Itália e Nova York, é claro. (E a imigração dos primeiros ajuda a tornar NYC no mais espetacular destino gastronômico que conheço. Só há algo parecido na Ásia, posso garantir. Como Tóquio, onde fiquei pouco tempo, Hong Kong e Cingapura, onde em breve pisarei, por exemplo).

Angela Gaja, na sua sala de degustação e jantar privativa: que tarde, meus senhores – Foto de Bruno Agostini©

Então, nesse clima mnemônico que o #TBT nos desperta, começo hoje uma série de posts sobre uma viagem de dez dias para o Piemonte, no final de outubro – época das trufas brancas de Alba, e eu fui por causa disso. Vai ter muita comida e vinho, é claro. Mas há aventuras ensandecidas pelas montanhas da Langhe (com direito a show privado de um grupo de coral nórdico); fracassada caça às trufas (e muitas delas no prato), encontros ao acaso com ícones da enologia local, como com a famiglia Conterno; iguarias como carne de cavalo e salame de asno; cervejaria maluca; sequestro para um jantar que foi a maior furada da viagem; visita à cidade onde estão fincadas as raízes da minha família Agostini; e tantas outras deliciosas experiências, como uma tarde inteira com Angelo Gaja, em sua casa, em Barbaresco.

Finanziera do restaurante La Libera em Alba – Foto de Bruno Agostini©

Vou, assim passear por várias colunas deste site, começando por uma que gosto muito de escrever, publicada às quintas: Retrato de um Prato, quando descrevo algumas dessas comidas marcantes da minha vida. Mas vai ter cerveja, sim, na terra do vinho; vai ter restaurante de hotel fora-de-série também; um ensopado rico feito com crista de galo que parece cogumelo e muitos miúdos (la finanziera); vai ter Barolo da safra fantástica de 1982; as lições que aprendi sobre trufas brancas na tradicional feira que acontece em Alba; vai ter perfume de Nutella, que toma os arredores da fábrica; vai ter muito Piemonte por aqui nas próximas semanas.

Mas por que o Piemonte? São tantas as razões, acompanhe.

Baladin: gênio do mundo cervejeiro, mesmo na terra do vinho – Foto de Bruno Agostini©

Mas posso resumir: foi a viagem mais sensacional da vida, e diferente de todas (eram férias, graças a Deus, e não viagem de jornalista, essa gente que se atrasa, fala muito, é folgada e, assim, atrapalha qualquer roteiro). Nunca comi tão bem, e bebi idem. Nunca fiquei tão emocionado diante de um prato, e olha que isso acontece com frequência.

Orta San Giulio é uma pequena vila com excelente hotéis e restaurantes ao redor do lago: puro charme numa tarde do final de outono – Foto de Bruno Agostini©

Terminei a jornada na formosura do Lado d’Orta, quando conheci Antonino Cannavacciuolo, um dos maiores cozinheiros que já vi em ação.

A arte de Antonino Cannavacciuolo – Foto de Bruno Agostini©

Que saudades do Piemonte.

Salve este post, porque vou pouco a pouco colocando aqui todos os links, formando um roteiro de viagem pela região que eu mesmo quero repetir. Em breve.

Abaixo, reproduzo o post que inspirou essa ideia, publicado hoje no meu Instagram @brunoagostinifoto (aliás, segue lá).

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#TBT: O PIEMONTE

Pode, no mesmo dia – morrendo de saudades da Itália –,  fazer dois posts de #TBT ?

Estava evitando escrever e relembrar de viagens, por síndrome de abstinência. Mas chega. Sonho tanto com a vacina quanto com as minhas primeiras viagens depois dela. Pensando nos destinos, o que é sempre um prazer sem tamanho.

A codorna assada na imperdível e famosa Trattoria della Posta – Foto de Bruno Agostini©

Planejar uma viagem é uma das mais deliciosas partes dela.

Que saudades de um avião, e até das filas nos aeroportos e da comida de bordo.

Voltar ao Piemonte na época das trufas é uma das metas. Mas há pelo menos 50 roteiros na cabeça. Entre velhos e queridos destinos e outros inéditos.

Nas fotos:

Um dos mais importantes vinhedos de Barolo: Bussia – Foto Acervo Pessoal©

1) Eu no vinhedo Bussia, de Barolo

Foto: Acervo Pessoal©

2) Na sala de barricas da Tre Donne

Foto de Bruno Agostini©

3) O tartufo bianco: iguaria que vale a viagem

Talharim cortado “alla chitarra”, manteiga bem gorda e lâminas de trufa fresca: Se eu quiser falar com Deus… eu lembro disso – Foto de Bruno Agostini©

4) Derramado sobre tajarin al burro e tartufo bianco…

Tartare de vitelo e seus complementos: ovinho de codorna estalado, mostarda, sal, pimenta, brotos e chuva de trufas – Foto de Bruno Agostini©

5) … e sobre batuta di Fassona

Um grafite na cidadela de Alba: capital da maior iguaria do mundo, apenas isso – Foto de Bruno Agostini©

6) Grafite em Alba

Foto de Bruno Agostini©

7) Bochecha de cavalo al Barolo, com purê de maçã e menta, no Il Bologna

Prato que reúne os antipasti do La Piola, em Alba: vitelo tonnato; salada russa e batuta di vitelo etc – Foto de Bruno Agostini

8) Prato com antipasti típicos, no La Piola

Foto de Bruno Agostini©

9) O monumental queijo badagu blu, dos melhores que já comi

Risoto de coelho com foie gras do La Cinzia: o melhor! – Foto de Bruno Agostini©

10) E, para encerrar, o melhor risoto da vida, no La Cinzia, em Vercelli, cidade Natal de meu tataravô, Angelo Agostini: coelho com foie gras (no lugar da manteiga!!!!!!!) com fonduta de queijos do Piemonte. P.S. – A foto ficou de lado e não consigo mudar… (aqui no site consegui rsrsrsr).

Até escorreu uma lágrima de saudades…

#vemvacina !!!

#piemonte #alba #italia #melhorcomidadomundo #tartufobianco #menuagostini @menu_agostini #barolo #barbaresco #risoto

——————————–LINKS ABAIXO———————————–

BUONA GIORNATA

– Retrato de um Prato: um serviço de entrada típica do Piemonte que ajudou a revolucionar a cozinha francesa

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