Continuando a matéria anterior…
A coluna de estreia da Enoteca YMG, no site You Must Go, foi sobre vinhos gregos. Tinha como gancho a chegada ao Brasil dos rótulos da Zacharias. Eu gostei bastante.
Mas, se eu precisar escolher um único vinho da importadora GRK para indicar este seria o Costa Lazaridi Okeanos Assyrtiko / Chardonnay 2019, um vinho que combina tradição e modernidade, o que é bem comum na enologia grega atual.
A primeira destas virtudes é representada pela uva autóctone Assyrtiko, que lhe empresta frescor e acidez, uma jovialidade que essa uva antiga carrega em seu DNA. Ela, a Assyrtiko, parece ter nascido para ser apreciada à beira do Mar Egeu, comendo mariscos na brasa e salada grega. Já a Chardonnay entra com sua austeridade, sua gordura e amplitude, formando um excelente par, dando origem a um vinho que é a cara da vinícola Costa Lazaridi, que sabe mesclar muito bem castas gregas tradicionais, como a Assyrtiko e a Agiorgitiko, esta tinta, com variedades internacionais, desde as mais óbvias, como Chardonnay e Syrah, até outras menos comuns, como a Sémillon.
O vinho faz sucesso por aqui há alguns anos, e pode ser encontrado em vários restaurantes, como o Sult e a Churrascaria Palace.
Coringão à mesa, vai obviamente muito bem com pescados, de uma maneira geral, desde preparações mais delicadas, como um carpaccio de peixe, até outros mais ricos e suntuosos, como lagostins grelhados e vieiras com presunto de Parma, este último um prato que adoro e que no saudoso Lorenzo Bistrô era chamado de Cornwall scallops.
Tem uma coloração ligeiramente dourada, bonita, mas é ao girarmos a taça que o vinho se mostra, muito exuberante nos aromas, com perfumes florais e cítricos. Na boca é agitado como as ilhas gregas no verão, marcado pela acidez eletrizante e com sutil toque salino, mineral e com certa untuosidade.
– Eu harmonizaria com o nosso fettuccine com mariscos, como o sururu. Como o meu menu tem forte influência da culinária mediterrânea, busco sempre que a carta tenha vinhos representativos. A Grécia não podia ficar de fora – diz o chef e sócio do Sult, Nelson Soares, amante e estudioso de vinhos.
O empresário completa:
– A combinação da untuosidade, trazida pela massa e pelos sururus, dialoga bem com a Chardonnay, e o toque marcante de limão siciliano usado na receita conversa com a acidez da Assyrtiko – conta ele, em referência ao Okeanos 2019, da Costa Lazaridi, que na carta do seu restaurante sai a R$ 140.