O Leblon tem imensa vocação para a boemia, e hoje o Jobi simboliza isso como nenhum outro lugar. Seja do lado de fora, atendido pelo Chiquinho, ou nas mesas da varanda, o chope desce madrugada adentro, enquanto amigos se encontram ao acaso. É possível comer uma feijoada às 4h, e arrematar com um chope.
A Pizzaria Guanabara não entra na lista das 100 delícias, mas cumprimos o dever de informar que umas 5h, quando o Jobi começa a fechar as portas, ainda é possível pegar umas rodadas de saideira nas mesas externas deste bar.
Outro dinossauro entre os botecos do Leblon é o Clipper, onde o chope jorra das torneiras e nos fins de semana encontramos na vitrine aquecida um joelho de porco de fechar a rua. Também gosto dos bolinhos de bacalhau e do caldo de feijão. E tanto o pernil quanto a carne assada, suculentos pra caramba, e bem temperados, funcionam muito bem cortados em pedaços pequenos, como aperitivo, assim como em fatias, recheando redentores sanduíches. Refeições fartas e saborosas.
O Leblon não tem a tradição que tem o Centro e Copacabana, quando o assunto é galeteria. Porém, um dos mais importantes representantes da categoria está na rua que tem a maior quantidade de restaurantes e bares do bairro. O Galeto do Leblon, na Dias Ferreira, serve a ave muito bem temperada, e outros cortes, como contrafilé e picanha, além de pão de alho e linguiça. Para acompanhar, arroz, batata frita, farofa de ovo e molho à campanha. Excelente é o arroz de brócolis, para ser lambuzado de pimenta e azeite.
Na mesma rua está o Brewteco, herdeiro de lendário botequim do Leblon, que foi comprado por Rafael Thomaz, que teve uma grande sacada. Manteve a decoração e a equipe de cozinha. Colocou umas geladeiras abastecidas com as melhores cervejas do mercado. E instalou 15 torneiras, com uma oferta ótima de cervejas on tap. Os PFs estão entre os melhores da atualidade. Famosa é a rabada das quartas. Prove.
Uma das mais badaladas grifes da boemia carioca, o Belmonte tem em sua filial do Leblon uma das unidades mais movimentadas. Gosto de lá porque vendem algumas cervejas de que gosto, como a Indica e a Vixnu, da Colorado, com bons preços. No mais, a comida é sempre honesta. Gosto da sinceridade do Belmonte.
Em frente ao Belmonte está outro emblema da gastronomia, e que também carrega o bairro no nome: no Cantinho do Leblon a frescura não entra. Mas sim a galera voltando da praia, para umas tulipas de chope com uma respeitável picanha, com farofa, fritas e arroz de brócolis. Bela feijoada. Outro prato clássico é o filé à parmegiana.
Mas se a ideia é festejar a mais legítima tradição botequeira do Leblon, o lugar certo é o Embalo Bar, vizinho ao Venga, o último representante da categoria ainda vivo na Dias Ferreira.
Foi nesta rua, aliás, que nasceu um dos maiores fenômenos da gastronomia carioca nos últimos anos. O Sabor DOC, de Marcelo Malta, deu origem ao Malta Beef Club. Enquanto o primeiro, na Dias Ferreira, ocupando o espaço do lendário Tio Sam, o clima é mais de boteco, e a comida é sempre impecável. Vá sem medo nas carnes, que também podem ser compradas para fazer em casa.
E no Malta Beef Club, que este ano abriu sua primeira filial, no Leblon, só se pode concordar com as premiações recentes: se o assunto é carne o Malta é hoje a melhor casa do ramo no Rio. Prove o Bloody Malta – que aparece na foto de capa deste post – e seja feliz.
Aí, lembramos do Giuseppe Grill, que vai além das carnes, especialidade da casa, é serve uma das melhores seleções de pescados da cidade, com abastecimento diário de vermelhos, pargos, camarões e lagostas. A melhor picanha da cidade está ali, penso eu, e atende pelo nome de supra-sumo. Prove as panelinhas, como a que combina camarão, molho bisque, bechamel e cogumelos Paris, ou a com costela desfiada, funghi e purê de batata baroa.