As delícias da Sardenha, parte 1: as iguarias da terra

Açafrão selvagem nos arredores de Orgosolo – Foto de Bruno Agostini

Muito amigo que acompanhou minha viagem à Sardenha escreveu dizendo algo do tipo: “Mas que viagem incrível a sua”.

O queijo cazu marzu, proibido – Foto de Bruno Agostini

De fato, pelo (pouco) que mostrei ao longo da deliciosa jornada de duas semanas pela ilha mediterrânea, foram dias espetaculares, e posso dizer que nunca comi tão bem na vida. Tudo era bom, na verdade, mais que isso, delicioso. Até mesmo o proibido queijo cazu marzu é delicioso. Trata-se de um exemplar clandestino, cuja produção foi proibida pela União Europeia, porque ele é maturado com larvas de um tipo de mosca, processo que confere sabor único e marcante (só posso comparar a trufas brancas e caviar de verdade), além de uma cremosidade fabulosa – e provar esse fóssil do mundo dos laticínios, bem como outro, produzido dentro do estômago dos cordeiros de leite, era o meu maior temor: até eles eram deliciosos. E os diferentes tipos de pecorino, que estão por todo canto? Melhor ainda ficam com o mel local.

Parada na estrada para interagir com um rebanho de ovelhas e seus filhotes – Foto arquivo pessoal

Imagine, pois, os cordeiros – que pastam mais de 200 espécies de ervas e plantas diversas, com uma dieta que resulta numa carne de sabor delicado e ao mesmo tempo naturalmente temperado, com perfume mediterrâneo (existe até um selo, o Agnello di Sardegna IGP. Sabem assar leitão, e fazer churrasco, como pouco. Vale investir em casas de carne, e experimentar cortes de cavalo, além do gado local, “bue rosso”, de carne especial. Fora os embutidos e carnes curadas.

A “Cordula di Agnello Sardo” – Foto de Bruno Agostini

Não podemos nos esquecer da Cordula di Agnello Sardo, um espeto de miúdos de cordeiro, simplesmente delicioso.

Monichella, um dos três tipos de caracol selvagem da ilha (entre os terrestres, fora os marinhos) – Foto de Bruno Agostini

Fora as plantas. Muitas crescem naturalmente, de aspargos, funchos e açafrão selvagens a temperos da terra: aroeira, mirto, tomilho, alecrim, que estão por toda a parte. Os tomates, limões, laranjas sanguíneas, alcachofras, o trigo nativo, que resulta em ótimos pães (viva o pane carasau!), doces e massas (viva os culurgiones!!!!)… os caracóis, como a Monichella, melhor que qualquer escargot que eu já tenha comido.

Pães, queijos, embutidos e carnes curadas – Foto de Bruno Agostini

Aos poucos, vamos falando com calma de cada uma dessas delícias, e de tantas outras apreciadas durante a viagem mais rica de minha vida: nunca aprendi tanto em tão pouco tempo.

Se as iguarias da terra já são matadoras, imagine as do mar…

Mas esse é assunto para o próximo post.

 

 

 

 

 

 

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