Muito amigo que acompanhou minha viagem à Sardenha escreveu dizendo algo do tipo: “Mas que viagem incrível a sua”.
De fato, pelo (pouco) que mostrei ao longo da deliciosa jornada de duas semanas pela ilha mediterrânea, foram dias espetaculares, e posso dizer que nunca comi tão bem na vida. Tudo era bom, na verdade, mais que isso, delicioso. Até mesmo o proibido queijo cazu marzu é delicioso. Trata-se de um exemplar clandestino, cuja produção foi proibida pela União Europeia, porque ele é maturado com larvas de um tipo de mosca, processo que confere sabor único e marcante (só posso comparar a trufas brancas e caviar de verdade), além de uma cremosidade fabulosa – e provar esse fóssil do mundo dos laticínios, bem como outro, produzido dentro do estômago dos cordeiros de leite, era o meu maior temor: até eles eram deliciosos. E os diferentes tipos de pecorino, que estão por todo canto? Melhor ainda ficam com o mel local.
Imagine, pois, os cordeiros – que pastam mais de 200 espécies de ervas e plantas diversas, com uma dieta que resulta numa carne de sabor delicado e ao mesmo tempo naturalmente temperado, com perfume mediterrâneo (existe até um selo, o Agnello di Sardegna IGP. Sabem assar leitão, e fazer churrasco, como pouco. Vale investir em casas de carne, e experimentar cortes de cavalo, além do gado local, “bue rosso”, de carne especial. Fora os embutidos e carnes curadas.
Não podemos nos esquecer da Cordula di Agnello Sardo, um espeto de miúdos de cordeiro, simplesmente delicioso.
Fora as plantas. Muitas crescem naturalmente, de aspargos, funchos e açafrão selvagens a temperos da terra: aroeira, mirto, tomilho, alecrim, que estão por toda a parte. Os tomates, limões, laranjas sanguíneas, alcachofras, o trigo nativo, que resulta em ótimos pães (viva o pane carasau!), doces e massas (viva os culurgiones!!!!)… os caracóis, como a Monichella, melhor que qualquer escargot que eu já tenha comido.
Aos poucos, vamos falando com calma de cada uma dessas delícias, e de tantas outras apreciadas durante a viagem mais rica de minha vida: nunca aprendi tanto em tão pouco tempo.
Se as iguarias da terra já são matadoras, imagine as do mar…
Mas esse é assunto para o próximo post.