Ainda funcionando em sistema de soft opening, o novo hotel Fairmont já aceita reservas não apenas para um limitado número de quartos, mas também para o seu restaurante, Marine, comandado pelo chef boa-praça Carlos Cordeiro. Gente boa e competente.
– Como precisamos abrir o restaurante para atender esses nossos primeiros hóspedes, também estamos aceitando reservas para até 20 passantes, pessoas que não estejam hospedados conosco – conta o chef, que conheci desenvolvendo um excelente trabalho, com foco em peixes e frutos do mar muito frescos, e ingredientes brasileiros, no hotel Insólito, em Búzios.
Tanto a escolha do nome do restaurante quanto a contratação do chef fazem todo sentido. Os pescados são o fio condutor do cardápio, cuja atração principal são os pratos preparados nos dois fornos Josper, destaques na bela cozinha aberta. Cordeiro segue em Copacabana a mesma linha adotada nos tempos de Búzios, quando ele se notabilizou não apenas pela ótima cozinha, mas também por pescar nas águas da praia da Ferradura, onde está o hotel, alguns dos peixes e frutos do mar usados na casa, como lagostas imensas.
– A ideia é fazer pratos focados nos ingredientes, de certo modo preparações simples. E temos várias opções para serem servidas no meio da mesa, para serem compartilhadas por duas, quatro ou até seis pessoas – diz o cozinheiro, a respeito de opções como as cavaquinhas com emulsão de limão siciliano (R$ 150), o polvo com aioli de pimenta fermentada (R$ 100), os camarões VG ao molho hollandaise com beurre noisette, ou – saindo dos domínios de Netuno, o porterhouse ao molho bordalaise (de vinho tinto).
Há uma série de acompanhamentos, como palmito assado no Josper (R$ 60), batatas rústicas com aioli de pimenta (R$ 35) e purê de cenoura (R$ 30).
No setor das entradas, atenção para a burrata com pangratatto de rúcula e tomate às lagareira, assado no Jorper (R$ 65), muito bom.
Ou, então, para o steak tartare, que não só é coroado com gema mole, mas vem acompanhado por excelente torrada, com gordura de pato (R$ 55).
Para o prato principal, além das opções para serem divididas há uma seção de receitas individuais. Entre elas risoto de moqueca de camarão com bottarga (R$ 90), pancetta com abacaxi e demiglace de jabuticaba (R$ 85) e arroz de polvo com barriga de porco (R$ 85).
Para encerrar, boa pedida é a torta de limão desconstruída, uma montagem bonita (R$ 40) e saborosa. Dá vontade de provar todas as sete sobremesas. Principalmente a chamada Favo de mel, um sponge cake com especiarias, servida com sorvete de mel. Voltamos em breve para conferir.
Inclusive por neste primeira visita ficou faltando uma parada no Spirit Copa Bar, que já nasce como um dos principais endereços da coquetelaria, isso porque no comando está Tai Barbin, que dispensa apresentações: é dos melhores bartenders do país. E o hotel mantém o DNA francês do grupo Accor, dono da rede Fairmont, através de Jérôme Dardillac, que coordena a gastronomia. No térreo, o Coa&Co Café aposta no serviço impecável desta bebida que está em alta entre brasileiros e estrangeiros, e os a apreciadores vão gostar do espaço.
Para quem estava habituado a frequentar o antigo Sofitel, a reforma vai se mostrar muito bem sucedida. Além da decoração – parece que é uma loja da Richard’s, muito carioca – o ambiente valoriza a vista da praia de Copacabana, e ficou tudo mais leve e menos rebuscado. Dá vontade de gastar uma tarde naquela piscina, pedindo uns drinques do Spirit, e depois jantar de modo preguiçoso no Marine.
E no dia seguinte, ao acordar, dar umas braçadas nas águas aprazíveis do Posto 6, aquele recanto onde podemos encontrar alguns dos melhores peixes e frutos do mar do Rio, comprados diretamente dos pescadores da colônia. Inclusive, além do Fairmont, esses pescados brilham no cardápio do Venga Chiringuito, perto dali.
Daí, falando em Fairmont e Venga, eu fico pensando em quanta coisa muita boa abriu as portas nos últimos tempos em Copacabana. Desde a parrilla La Copa, excelente, passando pelo Haru, um japonês fantástico, pelo Escondido Beef Bar, onde encontramos algumas das melhores carnes e cervejas da cidade, o Bar do David, novinho em folha, o hotel Emiliano e seu Emile, o Alloro al Miramar. Tem tanta coisa relativamente nova, inauguradas nos últimos três anos. A Barraca da Chiquita, filial da cozinha mais famosa da Feira de São Cristóvão. Também é bom ver o renascimento do L’Ulivo, um italiano que tem hoje a consultoria de Michele Petenzi, que organizou a cozinha e o cardápio. Fora o Copacabana Palace, que virou uma atração gastronômica à parte, e à altura deste hotel icônico, hoje com três restaurantes, fora do bar da piscina, dignos de nota – dois deles com estrelas Michelin – não é fácil um hotel ter dois restaurantes premiados pelo guia francês. E ainda tem a sorveteria Momo, muito boa. Fora o Leme, extensão natural de Copacabana, onde encontramos novidades como o quiosque do Aconchego Carioca, o Salomé Bistrô e a volta triunfal do chef belga Frédéric de Mayer, que abriu a Frédéric Epicerie no bairro.
A verdade é que Copacabana nunca foi tão gostosa.
SERVIÇO
Marine: hotel Fairmont, Av. Atlântica 4240, Copacabana. Tel.: (21) 2525-1232. Site do hotel.