Quando pensamos em carnes no Rio de Janeiro podemos lembrar de vários lugares, a começar pelas casas especializadas no assunto, como Esplanada Grill, CT Boucherie, Rubaiyat Rio, Pobre Juan, Royal Grill, Giuseppe Grill, Majórica, Filé de Ouro, para ficar só nas mais conhecidas e recomendáveis, e as churrascarias rodízio, como Palace, Moccelin, Carretão, e Assador Rio’s. Também podemos pensar em restaurantes e bares famosos por seus cortes, onde as carnes são muito bem tratadas, como Churrasquetto, Zinho’s Bier, Costela’s, Vamo, Bazzar e vou parando por aqui, porque se tem uma coisa que brasileiro faz bem é carne. Não faltam boas referências no assunto.
Há um lugar, porém, que não tem equivalente quando o assunto é carne: Malta Beef Club é o nome deste templo carnívoro, onde veganos sequer devem passar pela porta. Tem até vitrine de carne, uma câmara de maturação onde vemos vários cortes que passam pelo processo: prime rib (R$ 179, 750g) e porter house (R$ 142, 750g).
Até a coquetelaria, amigo, é encharcada de carne: o Bloody Malta (R$ 32) é picante e untuoso, feito com gim infusionado com pimenta, coentro, folhas de louro, suco de tomate temperado e fatias de bacon. Uma loucura, o melhor bloody mary do Rio, na opinião deste que vos escreve, carnívoro e suinófilo assumido. Também é dos poucos lugares do Rio que preparam um legítimo bull shot (R$ 32), com caldo de carne caseiro mesmo, como manda a regra: além dele, este coquetel clássico que combina vodca e especiarias, como pimenta-do-reino, suco de limão, molho inglês, sal, tabasco. (para ler um post sobre “seis versões animais do Bloody Mary”, clique aqui).
Quem batiza o lugar é um dos sócios, Marcelo Malta, referência no assunto, famoso fornecedor de carnes e pescados para os melhores restaurantes da cidade, e churrasqueiro muito solicitado por celebridades globais para mostrar seu talento na grelha. Costumo a dizer que ele é o Pat LaFrieda (o mais famoso açougueiro dos EUA) do Brasil – não à toa, há um livro dele, “Meat”, com destaque na decoração. Além de seu primo, Sérgio Malta, a casa tem um terceiro sócio, o arquiteto André Piva, que fez o belo projeto do lugar, com varanda, bar, adega, lojinha de carnes e cozinha aberta para o salão. No térreo, uma mesa grande pode ser compartilhada pelos clientes. Aliás, o pai de Piva produz vinhos no Sul, e eles são e melhor pedida na casa, além dos drinques e cervejas.
No cardápio o que encontramos, claro, é um culto à carne. São pelo menos nove cortes diferentes da raça angus (Aberdeen Angus uruguaio ) preparados para serem compartilhados (servem de duas a quatro pessoas). Há clássicos das churrasqueiras brasileiras, como picanha (R$ 259, 1,2 kg), fraldinha (R$ 139) e maminha (R$ 134, 800g), além da costela de dianteiro (R$ 199, 1,8kg), o famoso costelão, que é servido daquele jeito, com os ossos se soltando da carne (foto de abertura deste post, de divulgação: de Tomas Rangel). Consulte a disponibilidade de cortes de wagyu, além dos que são maturados na adega no sistema de dry aged, de maturação a seco, por pelo menos 30 dias (aliás, peça para dar uma olhada na coleção de carnes em maturação, na escada que leva ao segundo andar).
Mas também há, por supuesto, aquelas carnes hermanas que aprendemos a amar nos últimos tempos, como bife ancho R$ 99, 400g), bife de chorizo (R$ 112, 400g) e asado de tira (R$ 99, 450g), bem como, of course, “some english and american cuts”, como além dos já citados prime rib e porter house, um excelente Denver steak (R$ 112, 600g). Fora do cardápio, um dos pratos mais impressionantes servidos ali é a milanesa de chorizo de wagyu.
Para acompanhar, aquilo mesmo o que esperamos: farofas, batatas e arrozes. Há fritas crocantes (R$ 28) e uma farofa amanteigada de bacon (R$ 28), feita com farinha amarela grossa, de Cruzeiro do Sul, no Acre, que eu vou te contar. Arroz maluco? Tem. E molhos? Tem béarnaise também. Chimichurri também tem. Campanha, poivre, aioli, barbecue? Claro que sim.
O Malta Beef Club é uma verdadeira celebração dos prazeres carnais, do início ao final. Para a entrada, o pastrami da casa é obrigatório.
E, num lugar como esse, não poderia mesmo faltar um o steak tartare (R$ 45 com fritas ou salada) ou uma boa linguiça toscana (R$37 servida com farofa na manteiga e molho à campanha). Na lista encontramos, ainda, pastel de costela (R$ 26, com 160g de costela desfiada servida com geleia de pimenta).
Os sanduíches também festejam a carne, como o Malta Burger (R$40), blend da casa servido com cheddar, molho barbacue, picles de pepino e cebola frita no pão brioche; e o platense choripán (R$ 35), de linguiça na baguete com molho chimichurri), além de uma duplinha de minisanduíches de barriga, desses bocados que ficam para sempre na lembrança.
O melhor sanduíche de frango frito “american way” do Rio (R$ 38), provavelmente do Brasil, também encontramos ali, bem como uma respeitável montagem na baguete, de rosbife com rúcula, mostarda, grana padano e picles de pepino (R$ 35).
Ou, ainda, que tal uma linda milanesa de patinho servida com tonkatsu de maçã verde (R$ 33)? Torresmo crocante de barriga (R$ 25)? Também tem.
Sugiro, para a sobremesa, que eles passem a servir o famoso pudim abade de priscos, aquele doce português, feito com toucinho de porco, só para termos carne até na confeitaria. Porque o Malta Beef Club é isso, um clube que reúne adoradores convictos da carne.
E pensar que tudo começou em uma portinha, na Rua Dias Ferreira, onde era servido um menu enxuto, baseado em carnes. Na verdade, o Sabor D.O.C. nasceu como fornecedora de ingredientes, e caiu nas graças dos chefs de cozinha, ao ter talvez a melhor oferta de carnes e pescados do Rio.
SERVIÇO
Malta Beef Club: Rua Saturnino de Brito 84, Jardim Botânico. Tel. 3269-4504. maltabeefclub.com
1 comentário
Ótimo artigo!
Parabéns pelo trabalho!