Destilado do Balcão: Igor Renovato, fala da sua carreira, que começou no Olimpo, passou pela Cicciolina até chegar ao garoa

Igor, no balcão do Garoa recém-inaugurado em Ipanema: aos 28 anos, começa a colecionar prêmios – Foto de Bruno Agostini

Eu perguntei ao Igor Renovato como foi a sua trajetória até aqui, e o que mais gosta de preparar.

Ele deu este depoimento, que acho legal compartilhar, como o complemento ao post sobre o Garoa Bar, que abriu as portas recentemente, tendo o jovem à frente, na companhia de outra grande figura, Pretinho Cereja (para ler, clique aqui).

“Comecei meio por acaso em uma casa de shows na Vila da Penha. Chamava Olimpo. Meu pai conhecia alguém que trabalhava lá. Essa pessoa lhe disse que havia vaga para copeiro. Meu pai achou que era pra lavar copos. Eu não fazia a mínima ideia do que seria.

– Você vive acordado de madrugada aí, vai lá. Pelo menos faz alguma coisa no final de semana. Isso foi há 9 anos atrás. Eu continuo fazendo ‘alguma coisa’ todo fim de semana, desde então.

Já trabalhando lá, depois de três meses eu era responsável por um dos bares. Com cinco meses, virei responsável pelos quatro  bares do camarote. Depois, passei a controlar o estoque de bebidas da casa, fiz de tudo. E foi o grande aprendizado, com 19 anos de idade lidando com pessoas de todas as personalidades e sendo chefe de uns 15 marmanjos e mais dez mulheres. (A maioria deles insatisfeitos, pois pagavam muito mal e com atraso). Olimpo foi um intensivo de vida.  Muito além de encher copo, ou pensar em receitas e técnicas. Foram quase dois anos lá dentro.

Depois busquei mais o conhecimento técnico, cursos no Senac e Faetec,  o que me  levou a um estágio no antigo Méridian, na época Windsor. Estágio era de 13h às 18h.

Na primeira semana saindo às 18h vi um bar com porta entreaberta. Olhei o balcão de madeira, com garrafas de uísque, luz baixa e um senhor chamado João fazendo o mise-en-place. Sem saber do que se tratava, pedi pra entrar. Outro senhor, Agostinho, não deixou, mas cordialmente me atendeu. Deixei meu currículo com ele e disse que gostaria de trabalhar no local. No outro dia iniciei às 19h. O local era a Boate Cicciolina! Por lá fiquei cerca de dois meses apenas.

Ali ouvi algumas estórias da antiga Copacabana. Os três garçons e os dois bartenders já trabalhavam por mais de 20 anos. Saudosos!

Dali fui pro Bar dos Descasados, no Hotel Santa Teresa, para ser cumim (auxiliar de garçom). Abria o trabalho com um bartender. No eu início gostava de chegar mais cedo, pra aprender. E quando ele atrasava, eu gostava porque já me enfiava no bar pra fazer as produções e todo o pré-preparo. Foi o primeiro bar de coquetelaria, de fato em que trabalhei. Moda da época Aperol Sptritz, vodcas saborizadas, coqueteis frutados, doces e a maioria servida em taças de Martini. A moda do Gim Tônica estavam bem no início aqui. Lá fiquei e só saí depois de fazer um curso na Shake-RJ (a Escola de coquetelaria de Walter Garin) e fui convidado pra trabalhar com ele em um bar novo em Botafogo. Era o Alice Bar, com muitas produções artesanais, uso da cachaça, bitters, vermutes, infusões. Uma coquetelaria clássica. Ali, fiz um intensivo de conhecimento técnico e de bar. Quando aceitei ir pra lá e agradeci o convite, recebi uma mensagem: ‘Então aproveita!’

De lá passei pela Pici Trattoria, por pouco tempo. Pra em seguida surgir o Garoa, até então uma aposta. Bela aposta. Onde estou até agora. Nunca foi muito planejado. Sempre foi muito vivido, ao acaso, as coisas foram acontecendo.

Sobre os meus drinques preferidos, gosto dos que já estão aí. Brinco dizendo que ‘As coisas estão no mundo’ porque, algumas vezes, algum bartender, proprietário de bar ou mesmo as marcas da indústria caem na necessidade da criação, do pioneirismo, de inventar novas tendências, de fazer a ‘nova espuma’ mais gostosa. Sei que faz parte do jogo. Mas eu não caminho muito nessa estrada. E é só o que acho também. Posso estar errado ahhahaha.

Respondendo melhor. Gosto dos clássicos e da simplicidade. Gin Tônica, Daiquiri, Rabo de Galo, Negroni, Old Fashioned… Alguma ou outra variação sobre esses temas, e está bom.”

 

 

 

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