Seleção Carioca: você precisa provar esses três pratos com língua bovina

A versão do renovado Amarelinho, na Cinelândia: ao madeira, com purê e farofa (a pedidos) – Foto de Bruno Agostini®

Tanto quanto a portuguesa, a língua bovina também me encanta.

Quando vejo em um cardápio, sempre paro, penso e considero pedir. É das coisas que mais gosto de comer, certamente. Gosto do sabor e da textura macia, e das múltiplas possibilidades. Aliás, é fresca ou defumada¿

Uma versão clássica dos botecos cariocas tem lugar cativo em minhas memórias afetivas: ao molho madeira, com arroz à piemontese que tantas vezes comi no Alvaro’s, onde tem outro prato que adoro devorar: o delicioso filé à zíngara, bem-sucedida combinação de mignon ao madeira com língua bovina e presunto.

Muitas casas não aderiram ao modismo do piemontese, movimento do qual sempre fiz parte e olho com simpatia e lindas lembranças da infância e adolescência. É o caso do Amarelinho, quem tem em seu menu de almoço executivo de bom preço uma língua ao madeira com purê de batatas, outra guarnição certeira para a língua ao madeira: o purê de batatas, que acomoda o molho de modo arrebatador. Quando fui da última vez, pouco depois da reinauguração que lhe deu um quê de Belmonte (agora pertence ao grupo), eu pedia, ainda, uma porção de forofa, que nem foi cobrada.

– Mas farofa combina com língua pimenta¿, perguntou o garçom, surpreso com o pedido e estranhando a montagem de meu prato.

– Amigo, eu sou farofeiro. Esse molho com farofa é algo sublime. Só falta uma boa pimenta, pode trazer¿

Só tinha Tabasco, pena. Eu adoro Tabasco, mas quando vou num boteco eu queria uma boa pimenta caseira, potente mesmo, dessas que ardem de verdade, e não um pote de azeite oxidado onde nada malaguetas tristonhas, murchas e feias, e que não fazem nem cosquinha na língua. Meti Tabasco, e ficou melhor, como imaginava, porque este é o tipo de prato que pede pimenta.

A versão colorida servida no belo e surrado prato de ágata do Bar Madrid: boa para caramba! – Foto de Bruno Agostini®

No Bar Madrid, que serve croquete de língua, esse músculo bucal também é servido e forma de apetitivo, lindo assim: imerso em uma espécie de molho madeira, adornado com tomate, ervilha e farofa. Mas, no caso, a pimenta é da casa, e da boa.

Ao curry, a versão surpreendente do Herr Pfeffer – Foto de Bruno Agostini®

Outra língua que andei petiscando no fim de 2021 é a do Herr Pfeffer, que prepara ela em versão típica da Alemanha, defumada (aliás, o sanduíche de língua defumada da Casa do Alemão é tão espetacular quando o de linguiça). Só que, aí, eles jogam uma bossa de criação própria, meio que inspirada no currywurst de Berlim: sim, ao molho cremoso de curry. Quando peço, acompanha purê de batata e chucrute de repolho roxo. Como agradecendo.

Na quarta passada abriu as portas, em Botafogo, o Chanchada Bar, reunindo uma turma da pesada. Estive lá, e comi uma maravilhosa salada de batata Romanov com polvo e ova estalado. Lindo de ver e de devorar. Entre os demais destaques do menu, que listo no próximo post (link aqui), está um vinagrete de língua que meu deixou com muita, mas muita vontade. Em breve em volto, porque o lugar está incrível, e já bombando desde o início, merecidamente.

 

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