Vinho da Semana: Ribeiro Santo tinto 2015 – um notável representante do Dão, versátil e excelente escolha para a ceia de Natal

 

 

 

O vinho do meu Natal será uma raridade: Saperavi. Conhece? Trata-se de uma uva da Geórgia, um dos berços da enologia, país cujas castas de antigas heranças genéticas são o principal foco do trabalho de James Martini Carl, que faz microvinificações (naturais) no Rio Grande do Sul. Um privilégio poder provar uma das 16 primeiras garrafas produzidas com esta variedade aqui no Brasil. Em breve – depois de provar – eu escrevo mais sobre o assunto (este exemplar, os vinhos da Geórgia, James etc).

Por ora venho sugerir um vinho para a ceia. Mais que indicar um rótulo, indico uma região, como um todo, que está entre as minhas preferidas, de onde saem vinhos fino, com personalidade e ótimos companheiros para a comida. O vinho é o Ribeiro Santo tinto 2015 (R$ 87, na Winebrands; www.winebrandes.com.br), rótulo de entrada desta vinícola, do enólogo Carlos Lucas, um dos grandes nomes de Portugal. E a região é o Dão, de onde saem brancos e tintos de alta classe (procure também, entre outros, os vinhos Álvaro Castro e da Quinta dos Roques, por exemplo, dois dos meus preferidos), uma denominação em alta em todo o mundo.

E por que este é um excelente vinho para a ceia? Porque é versátil, um tinto que podemos até refrescar  em um balde de gelo no caso de um dia muito quente, e que é das melhores companhias para o bacalhau, aquele ingrediente que não pode faltar em qualquer ceia natalina que se preze (para mim, obrigatório). Não só com bacalhau, mas também com todo o cardápio típico da época. Peru? Pode mandar que ele encara, posso garantir, mesmo sem ter feito o teste: basta provar o vinho. Posso dizer o mesmo em relação ao pernil e ao tender. Chester eu não comento, não recomendo e não me lembro sequer de já ter provado/comprado algum dia na vida.

É aquele vinho suculento, cheio de frutas (especialmente essas tradicionais do Natal, de amoras e cerejas a framboesas), vívido, com boa acidez e frescor. E carrega o DNA da região: as notas florais, de violetas, e uma textura agradável, que combina álcool, acidez e taninos em perfeita harmonia. Excelente escolha abaixo dos R$ 100.

A linha da vinícola Ribeiro Santo é consistente, com vinhos de diferentes estilos, mas sem abrir mão das características da região. Vez ou outra, lembra Borgonha, e principalmente o Piemonte. Duvida? Prove o Ribeiro Santo Vinha da Neve 2012 (R$ 510) e me diga se ele não lembra um (muito bom) Barolo de parcela única.

Para encerrar, já que falamos de Natal… Para mim, uma ceia perfeita deve começar com espumante (brasileiro, ou champanhe, ou o italiano Ferrari), passar para um branco ou tinto (o Dão é sempre boa pedida nos dois casos) e encerrar com Porto Tawny (20 anos é o ideal) ou Madeira antigo.

 

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