Vinho da Semana: Viñedo de Los Vientos Arneis-Chardonnay 2016 (aproveite a promoção)

Viñedo de Los Vientos Arneis-Chardonnay 2016 (à direita): um belíssimo vinho – Foto de Bruno Agostini

Existem vinhos que bebemos e eles não nos dizem nada. Não necessariamente são ruins, às vezes são redondinhos, bem acabados etc e tal. Mas não encantam a gente.

Parte da linha desta bodega uruguaia, com vinhos bem originais – Foto de Bruno Agostini

Outros, porém, são justamente o oposto, e cada gole é um momento de deleite. Isso acontece com os rótulos da bodega uruguaia Viñedo de los Vientos. Gosto de toda a sua linha, hoje importada pela www.wine.com.br.

Anarkia: um Tannat de excelência, feito com leveduras indígenas – Foto de Bruno Agostini

Como boa vinícola uruguaia, um Tannat se destaca: o Anarkia (R$ 84,90, para sócios do clube, e R$ 99,88, a safra 2017), com fermentação natural de leveduras indígenas.

Reprodução

No entanto, a grande barganha do momento é o Viñedo de Los Vientos Arneis-Chardonnay 2016 (R$ 53,90, na promoção, ou R$ 63,51, para não sócios), talvez o melhor branco nessa faixa de preço no mercado atualmente (o preço é R$ 114,90).

Ele tem tudo o que um grande vinho deve ter, mas com preço de commodity enológica: é equilibrado, perfumado, gastronômico e cheio de personalidade. Aliás, essas características encontramos, de uma maneira geral, nos vinhos produzidos nesta vinícola, resultado do trabalho artesanal de um simpático casal, o uruguaio Pablo Fallabrino e a argentina Mariana Cerutti. Acho que foi a única vez na vida que fui recebido por um enólogo de chinelos – ele é um sujeito despojado, surfista e gente boa até não poder mais, e isso se reflete em suas garrafas.

O casal Pablo e Mariana, em meio aos vinhedos – Foto de Bruno Agostini

Descendente de italianos do Piemonte, presta homenagem aos parentes plantando uvas típicas da região. Além da rainha dos Barolos e Barbarescos, a Nebbiolo, ele planta também a pouco conhecida Arneis – não me lembro de ter visto essa uva fora dessa nobre área vinícola no norte da Itália. Ela domina o corte, com 60%, enquanto a Chardonnay contribui com 40%. E o resultado é um vinho realmente encantador, que passa seis meses em tanques de aço inox sobre as borras (processo conhecido como “sur lie”). O resultado é um vinho com complexidade aromática, agradável de beber e muito bom para ser levado à mesa: imagino ostras cruas, lagostins e sobretudo uma boa cavaquinha, com suas notas adocicadas, em contraposto ao teor mineral do vinho. Consegue ser marcante e delicado, expressando a pureza da fruta, com acidez muito apropriada para pratos de pescados, de modo geral, e eu arriscaria com frango, codorna e galeto na brasa.

É, sobretudo, um vinho que merece ser conhecido.

SERVIÇO
Site da vinícola: https://www.vinedodelosvientos.com/
Link para a página da coluna “Vinho da Semana”

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Na época de minha viagem ao Uruguai, passei uma tarde bem agradável na propriedade, e escrevi o texto que reproduzo abaixo.

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Não muito longe da capital, mas no sentido oposto, em direção a Punta del Este, fica o Viñedo de los Vientos, que também serve ótimos vinhos e uma deliciosa comida aos visitantes. Mas ali a experiência pode ser ainda mais interessante, diferente de tudo. De boné, bermuda e chinelos, Pablo Fallabrino, dono da vinícola, me recebe para uma visita formidável, que começa por um passeio pelos vinhedos, passa pela bodega com os tanques de fermentação e a pequena sala de barricas, e termina no espaço dedicado à venda dos vinhos e às degustações, uma sala anexa à casa da família, ao lado da cozinha.

Pablo: chinelo, boné e descontração – Foto de Bruno Agostini

Pablo é surfista e produz joias engarrafadas, diferentes de tudo, originais, gastronômicas, uma farra para os apreciadores de vinho. Faz um branco no estilo do Jerez e um tinto com uvas passificadas, tipo Amarone, entre outros (poucos) rótulos, sempre seguindo essa linha, digamos, criativa. Os resultados são surpreendentes, e não é à toa que eles fazem o maior sucesso nos Estados Unidos.

— Um orgulho é ter o nosso Alcyone, um vinho doce produzido através da mistura de várias técnicas de vinificação, servido no menu degustação do Jean-Georges, em Nova York, acompanhando uma sobremesa — conta Pablo.

A sala de barricas – Vinhos, de fato, artesanais – Foto de Bruno Agostini

Só os vinhos e o estilo despojado e único da bodega já justificam a visita. Mas a mulher de Pablo, a argentina Mariana Cerutti, é uma cozinheira talentosa, que enriquece os passeios com receitas como empanadas picantes de mexilhões, costeletas de cordeiro recheadas de roquefort sobre leito de alho-poró e musse de chocolate amargo com calda de framboesas. As visitas devem ser agendadas com pelo menos 24 horas de antecedência.

— Assim tenho tempo de buscar o que está melhor no mercado e comprar os ingredientes bem frescos. Conheço um açougueiro fantástico, que me fornece carnes ótimas. A visita, seguida de almoço harmonizado com os melhores vinhos da casa, custa US$ 150, por pessoa, para um mínimo de duas pessoas. E, conforme o grupo aumenta, e de acordo com o menu e a degustação de vinhos, o preço vai caindo — diz Mariana.

 

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