Com o fechamento do Antiquarius, existem hoje apenas três restaurantes que frequento desde sempre, lugares que povoam as mais borradas lembranças da mais antiga infância: o Garden, em Ipanema; e a Taberna Alpina e a Dona Irene, esses dois em Teresópolis (natural até, já que morava no bairro e passava férias na cidade serrana). A essas três casas chego a lembrar de ir e ficar em cadeirinha alta de criança, se me lembro bem. Como também nos já fechados Rio Nápoles e Jangadeiros, em Ipanema, e Le Coin, no Leblon, além do Café Ângelo, este em Teresópolis.
No Garden, com cinco ou seis anos, eu pedia lasanha verde à bolonhesa. Lembro da varanda aberta, onde hoje é o salão principal. Não havia bar na porta, ficava lá atrás, e o salão principal era onde fica a área dia mais fundos, mais reservada. O cardápio mudou completamente, Ipanema mudou, o Rio mudou e eu mudei. Mas o Garden continua lá, firme e forte, como respeitável e sempre confiável restaurante de bairro, desses que a gente vai regularmente quando bate vontade de comer uma comida gostosa, sem erro. Não é à toa que a casa tem entre os seus clientes alguns dos mais nobres apreciadores da Boa Mesa no Rio (inclusive os companheiros da confraria de mesmo nome), gente como Roberto Hirth, Reinaldo Paes Barreto e Pepe Torras – pra citar apenas três -, clientes assíduos e entusiastas daquela cozinha. Prove a paella, por exemplo. e a feijoada sábados. Os pratos de bacalhau, os camarões e as receitas de pato – três especialidades que até viraram festivais, que acontecem anualmente.
Agora – e até o Dia das Mães, estamos na temporada do Festival de Pato, um dos três que ocupam o calendário. “Os Festivais são três fixos. Pato, sempre no outono. Camarão, 30 dias após a liberação do defeso e vai até a proibição. E Bacalhau, no fim de ano, começando em novembro. Estou criando mais dois pra por nos intervalos. Surpresa ainda”, diz o sócio da casa, Jorge Renato Thomáz. Os pratos (12 ao todo) custam R$ 59. Provei três: o bêbado, com delicioso molho etílico, o cassoulet e o arroz peruano. Já provei outras vezes o com molho au poivre, e também recomendo as versões do peito grelhado (eu ainda prefiro ao coxas confitadas, maioria do menu). Sem falar no arroz de pato, outro já apreciado e aprovado em outros carnavais.
O preço inclui uma coxinha de pato que destaco como uma das melhores já servidas nesta cidade, e como apreciador do salgado há tempos, sou ativo pesquisador do assunto.
OS PRATOS DO FESTIVAL
MAGRET DE CARNARD
Sempre mal passado, ao molho de mel e limão siciliano, com maçãs verdes carameladas e batata palito
PEITO NA BRASA
Servido fatiado com molho de damasco e de cuscuz marroquino
ARROZ DE PATO À MODA PORTUGUESA
Servido bem molhadinho na caçarola com paio.
RISOTO DE PATO À MODA ITALIANA
Preparado com arroz arbóreo italiano
ARROZ COM PATO À MODA PERUANA
Preparado com especiarias peruanas, e arroz molhadinho com ervilhas frescas.
PATO AO PORTO
Coxa preparada ao molho de vinho do Porto, guarnecido de purê de maçã e arroz de ameixas
PATO BÊBADO DO SUL
Ensopado de pato, temperado com whisky, cachaça e cerveja preta, servido com polenta mole
PATO COM LARANJA
Coxa assada ao molho de laranja e servida com arroz branco e batatas coradas
PATO CAIPIRA
Ensopadinho de pato, com legumes e feijão de corda, servido com arroz e couve refogada
CASSOULET DE PATO
Coxa à moda francesa, servido em caçarola com feijão branco, paio, linguiça, acompanhado de arroz branco
CONFIT COM BAROA
Coxa confitada, servida com purê de batata baroa
PATO AO POIVRE VERT
Peito de Pato grelhado e fatiado, ao molho de pimenta do reino verde e guarnecido de arroz com castanha do Pará
SERVIÇO
Garden: Rua Visconde de Pirajá 631, loja B, Ipanema (Jardim de Alah). Tel. (21) 2259-3455.