Sabores da Espanha. O que vem à cabeça quando pensamos nisso? Antes mesmo das tapas ou da paella, o que brilha em minha mente é o jamón, apresentado em muitas variações, desde o tempo de cura do pernil suíno até a raça e a alimentação dos porcos. Os melhores exemplares estão (ibérico e serrano) entre as mais finas, cobiçadas e caras iguarias do mundo. E para beber? A escolha mais sensacional vai para um bom Jerez Fino, ou Manzanilla. Nascidos um para o outro.
Mas estamos falando de Espanha, e não podemos nunca descartar também uma bela cava, o espumante espanhol que tem na Catalunha a sua mais nobre tradição, uma denominação que cobre grande parte do território do país, e vai de rótulos de qualidade bem duvidosa até outros que são borbulhas tão boas quanto os melhores exemplares de Champanhe, Franciacorta e – vá lá – do Brasil.
Existem marcas gigantes, que apresentam vinhos que representam bem essa imensa variação de qualidade possível, caso da Freixenet e Codorniú. Tenho minhas marcas preferidas. Juvé & Camps, Raventós i Blanc e Gramona, queridas e velhas conhecidas bodegas especializadas no ramo, e também a Llopart, que fui apresentado “in loco”, e logo me encantei pela História e os produtos da empresa, ainda familiar.
Os bons exemplares de cava são grandes companheiros da boa mesa, e há alguns dias numa degustação magistral de presuntos de porco preto e cortes do bicho, como presa, pluma e secreto da marca Josep Llorens, talvez a maior referência no assunto (ambos da importadora Casa Flora). No Esplanada Grill, dos poucos restaurantes da cidade onde encontramos essa maravilha (em breve haverá um festival, com todos os cortes, e eu informarei por aqui e pelas nossas mídias sociais).
Abrimos a tarde lindamente, com a Cava Gramona Imperial Gran Reserva 2010, que segurou a onda, e não é para qualquer um encarar uma carne tão saborosa, que tem aparência mais com cortes bovinos do que suínos, e que deve ser servido assim, malpassado, como na foto.
O vinho brilhou, moderando a gordura e limpando o paladar com sua acidez eletrizante, e a paleta de aromas característicos das cavas, em geral, e dos espumantes, em particular: muita maçã, toques de panificação devido ao bom trabalho com as leveduras, que também reforça as notas amendoadas, com perfume ainda algo floral e cítrico. Uma delícia.
Já íamos esquecendo de dizer. Também pode abrir uma dessas com o jamón que inspirou o início dessa coluna. Cava de alta classe e jamón serrano: um bom resumo do que é a Espanha, um lindo casamento.
Custa R$ 236. Não é fácil encontrar espumantes melhores a esse preço. (no site https://www.meuvinho.com.br).