Isso no vídeo (ou foto) não é um ovo caipira.
Parece, mas não é.
O prato é um ravióli de bacalhau.
E o alaranjado na imagem vem de uma mousseline de abóbora, cremosa e ligeiramente doce, perfeita para se contrastar com o sal do peixe assim como faz na clássica e brasileiríssima combinação com a carne seca.
O Elia Schrann não é mole, não.
O cara cozinha muito e é gente boa. Galã, fez um restaurante em Ipanema igualmente lindão, e que vive lotado.
Na quinta passada ele, que tem como fiel escudeiro o craque gente boa Lucas Lemos, recebeu um grupo para apresentar um cardápio patrocinado pelo Bacalhau da Noruega, que seria a estrela da noite, ainda que tenha mesmo brilhado.
Mas a estrela foi o chef mesmo, que é meu amigo, eu confesso, mas não é por isso que eu elogio. Também posso dizer que é educado, pontual e culto. Elegante.
O cara, que está gravando uma série de vídeos para a empresa nórdica, tinha a missão de criar um menu completo com bacalhau, mas fugindo inteiramente de Portugal.
Óbvio seria puxar a brasa para a sua sardinha, já que sua casa se chama Babbo Osteria, em homenagem ao pai, e às suas raízes ítalo-suíças.
Pois assim foi.
Primeiro, uma caponata no tom exato de acidez e açúcar. O bacalhau era o ponto de equilíbrio, o que fez a receita mediterrânea crescer, e muito. Sem falar no excelente espumante Victoria Geisse, muito bom, de fato, dos melhores produtores de borbulhas do Brasil.
A Itália tem algumas receitas bem tradicionais de bacalhau, como alla livornese, do litoral toscano, e alla vicentina, do Vêneto.
Depois, um crostini de polenta com baccalá mantecato, este clássico do Vêneto, uma entrada muito popular em toda a região de Veneza e arredores.
A seguir foi servido o tal ravióli citado, realmente muito bom, valorizado pelo tostado das amêndoas e das folhas de sálvia passadas na manteiga até ficarem ligeiramente crocantes, com perfume inestimável. Foi o ponto alto da noite.
Sem deixar de lembrar que muito bom estava o último prato, uma farta porção de lombo, alto, desses que se desfazem em lascas sobre batatas e aspargos – o mais próximo que chegamos de Portugal. Só faltou um Vinho Verde ou bom tinto do Douro para acompanhar.
No fim, ficamos na varanda, esperando a chuva torrencial e trágica da quinta passada passar.
Bebendo Negroni, e colocando o papo em dia.
Foi uma noite foda!
Grazie mille, amico Elia.
Bacio!!!
Forza, Azzura!!!!!
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