O restaurante Alloro sempre teve grandes cozinheiros no comando. Nos tempos de Leme brilhava o talento do italiano Luciano Boseggia, que me serviu refeições memoráveis.
Quando reabriu no Windsor Miramar, que foi adicionado ao nome, em Copacabana, Kiko Faria foi o escolhido para chefiar a cozinha, apresentando sua comida reconfortante, no seu estilo ítalo-mineiro, burilado por anos nos fogões do Gero, em Ipanema, e do Quadrifoglio, no Jardim Botânico.
Depois foi a vez de outro italiano assumir o posto de chef do Alloro al Miramar, imprimindo seu estilo clássico, que passeia por todas as regiões de seu país, com especial atenção à culinária urbana de Roma, onde nasceu, e ao receituário tradicional da Úmbria, onde cresceu e se fez (grande) cozinheiro.
Então, chegou a vez do lombardo Michele Petenzi, nascido em Ponte San Pietro, apresentar o seu consistente repertório de receitas italianas, transitando entre as consagradas e mais conhecidas e as menos famosas e difundidas, além de pratos autorais e também apresentações criativas, e distintas.
Acompanho de perto essa trajetória. Ô, sorte! Escrevendo aqui, logo chego à conclusão de que vou menos do que deveria ao Alloro al Miramar. Nem é tão pouco. Acho que foram cinco vezes no ano passado, incluindo um convite do chef, uma degustação de vinhos gregos, com menu harmonizado; e um jantar trufado que aconteceu durante uma deliciosa estadia de três dias no hotel Windsor Miramar, que me encantou pelas boas acomodações e a localização atlântica, mas ainda mais por conta do serviço atencioso e educado, elegante.
Nesse jantar eu fui apresentado ao alla zonzona, sobre o qual escrevo na próxima quinta, uma receita divertida, e que me parece logo vai ficar famosa.
Hoje, falo da cozinha atual do Alloro, como um todo. Por exemplo; quando quero comer uma bela carbonara é pra lá que eu vou, porque Petenzi faz a melhor do Rio. Uma montanha amarela com pequenos rochedos de guanciale crocante, precipitações bicolores na finalização: uma nevasca de pecorino romano e uma chuva de de pimenta-do-reino.
A cada garfada, um gemido contido, e um prazer desmedido. O vinho branca faz salivar, e o resultado é sempre sublime. É divino, maravilhoso. Madonna mia!!! Grazie Mille!!!
Há esmero nos processos da cozinha, a alquimia do chef, literalmente, já que ele é formado em química, e cozinha aliando técnica e intuição, repertório e imaginação, irreverência e deferência.
No serviço de pães bem acertado há uma manteiga que não tem igual no Rio, batida, ganhando leveza e aeração, e temperada com mascarpone e raspas de limão.
Os pratos podem ser litorâneos ou montanhosos. Do mar, podemos pescar o deliciosa lasagnetta di polenta, baccalá confit alla vicentina, boa pedida de entrada; o gnocchetti di polpo alla luciana, um nhoque com polvo, azeitona, alcaparra, tomate, e o camarão e burrata, com ravióli de peixe alla vodka dois dos destaques do setor “primi piatti”; e o peixe do dia com pappa ao pomodoro e bok choy grelhado ao molho caesar, entre os principais.
Da terra, laçamos o Arancini di agnello, um bolinho de risoto de cordeiro com maionese de limão, para começar; o cavatelli com ragu de cordeiro e queijo pecorino, das massas preferidas ali; e a guancia bovina brasata, passatina di fagioli, broccoli, uma bochecha bovina braseada, purê de feijão branco e brócolis, uma delícia.
Inclusive, há receitas da mais fina linhagem maremonti, como o tartare tonnato, de mignon com molho de atum e alcaparra com brioche tostado
Penso que não se pode ir ali sem comer o crudo di scampi, um carpaccio de lagostim com maçã verde, sorbet de aipo e ovas de salmão. Das minhas entradas preferidas na cidade, leveza, frescor, delicadeza e equilíbrio, muito sabor, jogo de texturas, e além de tudo, é lindo.
A parte de massas do menu apresenta de cara três clássicos romanos: spaghetti alla carbonara; tonnarelli cacio e pepe ; e rigatoni alla amatriciana.
Excelente trio, muito bem executado, e com o ingredientes devidos (guanciale e pecorino, em especial), mas não posso deixar de indicar um massa campeã, que também recomendo muito e entusiasmado: linguine burro e alici, tartare di tonno e pane alle erbe, com a massa preparada na manteiga de alici, servida com tartare de atum e farofa de ervas finas. Maraviglia! Dio mio!!!
Só isso já vale a visita. Com louvor…
Destaco as sobremesas, que não abusam do açúcar, e para os petit fours, sem falar ainda na seleção de queijos brasileiros, escolhidos em pequenos produtores por Daniel Martins, do Queijo com Prosa (Instagram: @queijocomprosa) servidos com compotas caseiras – obrigatório pedir antes da sobremesa, ou mesmo em lugar dela. E o café tem delicados petit fours.
Assim, fica fácil explicar porque adoro o Alloro al Miramar, com ou sem rima, comida italiana comigo combina. Molto.
SERVIÇO
Alloro al Miramar: Miramar Hotel, Av. Atlântica 3668, Copacabana. Tel.: 2195-6200. Instagram: @alloroalmiramar Menu neste link.
Alloro al Miramar: Miramar Hotel, Av. Atlântica 3668, Copacabana. Tel.: 2195-6200. Instagram: @alloroalmiramar Menu neste link.
1 comentário
Adoooro o Alloro e somos fãs do chef Petemzi.
Os serviços de salão é vinhos são excelentes também.
Pretendo voltar ainda esse mês.