“Você já provou as alheiras do português, ali depois da pracinha do Alto”?
Era meu pai. Estávamos em casa, na Granja Comary, em Teresópolis. Lembro perfeitamente deste dia. Eu tinha uns 20 anos, minha família paterna é inteiramente portuguesa, e frequentar como o Antiquarius, o Adegão e A Marisqueira eram programas corriqueiros (também a Camponesa da Beira, em Teresópolis). E nesses almoços a alheira vez ou outra engradecia nossas mesas.
Era final dos anos 1990, e não era muito fácil ainda encontrar embutidos bons e artesanais por aí. Desde então virei cliente dos Defumados Trasmontanos, com suas alheiras e linguiças, salpicões e joelhos, lombos, picanhas, frangos e um presunto tipo Chaves (um dos meus sobrenomes, aliás) que é realmente fantástico.
Levei muitos amigos até lá, e outros tantos viam fotos no meu Instagram e pediam informações. Assim, seus produtos já foram usados, por exemplo, nos menus de Roberta Sudbrack, no seu antigo endereço. E, nesses tempos de pandemia, vi também alguns itens deles colocados em cestas e kits, como um montado por Rafa Costa e Silva no ano passado, para o seu Empório Lasai. Viraram cult, por puro merecimento.
Na semana passada estive lá novamente para umas comprinhas, porque acordei um dia com desejo de alheiras. Fiquei sabendo da morte do patriarca, um tempo atrás. Fiquei triste, adorava ficar lá papeando com o seu Eduardo, da região de Valpaços, em Trás-Os-Montes, que me mostrava sua área de produção e falava dos processos de tempero e defumação enquanto contava boas histórias. Uma figura.
Mas os filhos – que ajudavam o pai desde criança no ofício da charcutaria lusitana, assumiram o negócio. Preservaram as receitas, mas passaram a dar mais atenção ao marketing, e hoje trabalham com entregas programadas. Para mim, foi um alívio. Porque eu achava que com a morte dele o negócio morreria, mas ao contrário, se modernizou, para a minha imensa alegria, sem perder a essência. Linda maneira de homenagear o pai.
Eles estão na Servidão do Viaduto 220, no bairro do Alto. O telefone é 21-98468-5210. Entregam no Rio, em média, a cada 15 dias (vai ter na semana que vem!) e, em Teresópolis, diariamente, a partir das 16h.
Estava saudoso das alheiras, já não comprava há algum tempo. Cheguei em casa e corri para a churrasqueira. Assei uma alheira e um pedaço de pimentão vermelho, além de umas batatinhas, que ficaram crocantes. Sobre o pimentão, quebrei um ovo, e servi assim: alheira, ovo no pimentão e batatinhas, do jeito que eu gosto. Alheira, ovo e batata é dessas combinações que só podem ter sido criadas por Deus. Aproveitei que também trouxe um bacon, e fiz uma miniespetada, com cebola (que delícia!).
Um amigo português, grande entendedor do assunto e próspero empresário do ramo gastronômico no Rio, Gonçalo Carvalho, viu a foto e me escreveu o seguinte, só para corroborar a minha tese de que os produtos deles são mesmo fantásticos:
– A melhor alheira produzida no Brasil é essa aí. E olha que disso em entendo. Minha avó faz até hoje lá em Portugal rsrsrs – escreveu ele, na mensagem direta no meu Instagram, depois de ver o Stories do preparo (Gonçalo é sócio da Hamburgueria da Alfândega, da Low Fire Smoke House, da Oggi Pizza Napoletana – em breve será inaugurada uma kebaberia e também uma tasca portuguesa).
Deixo a tabela de preços, lembrando que:
– As alheiras (R$ 62/kg) e os salpicões (R$ 78/kg) pesam em média 250 gramas cada.
– Os chouriços/linguiças pesam em média 200 gramas cada: há a gorda (R$ 67/kg) e a magra (R$ 69/kg).
– Os lombinhos (R$ 80/kg) são vendidos em peças a partir de 400 gramas.
– As copas (R$ 80/kg) são vendias em peças a partir de 300 gramas.
– Os presuntos (R$ 130/kg) são vendidos em peças a partir de 400 gramas.
– Os joelhos (R$ 40/kg) pesam a partir de 800 cada peça, vendidas inteiras.
– Bacon (R$ 60/kg) é vendido em peças a partir de 200 gramas.
Sob encomenda fazem linguiça picante (R$ 69,50/kg), costelinha (R$ 80/kg), frango e até picanha (esta era produzida regularmente em certo período). Tudo defumado.