Domingo no Parque: uma tarde no Restaurante… lá – em Secretário, bucólico distrito de Petrópolis

O salão envidraçado é feito de containers - Foto de Bruno Agostini®

Há muitos restaurantes lindos, com obras de arte e objetos de decoração de extremo bom gosto. Mais raros, mas existentes, também encontramos lugares em meio à natureza, como se a mata invadisse o salão, coisa de quem está em lugares privilegiados no interior. Já vi alguns com os cachorros dos donos andando pra lá e pra cá, ajudando no serviço de hospitalidade, encantando os clientes logo na chegada, recebendo a todos com os rabos abanando.

Gastronomia, arte, arquitetura e natureza em harmonia: você encontra np Restaurante… lá – Foto de Bruno Agostini®

Gosto de restaurantes únicos, que só poderiam existir ali, naquele local, com aquelas pessoas que o idealizaram e que cuidam dele. O Restaurante… lá (assim mesmo é o nome, com reticências e letra minúscula no advérbio que o batiza) é tudo isso, e um pouco mais.

Marcelo, Bebeto e Belinha, que vive a abanar o rabo, pedir e dar carinho – Foto de Bruno Agostini®

O chef Bebeto e seu marido Marcelo são mestres na arte de receber. Poderiam fazer isso em qualquer parte, mas escolheram uma chácara bucólica aqui pertinho, em Secretário, para abrir as portas para a gente. Mas, que sorte a nossa.

Eu e a super Belinha, muito simpática – Arquivo pessoal®

Porque, além de tudo o que já foi dito, ali encontramos comida muito da boa, que reflete tudo o que é esse restaurante incopiável.

A colher mais linda que já vi e o ovo, encoberto pela farofa de panko – Foto de Bruno Agostini®

O salão é coabitado por uma pequena e simpática matilha. As mesas são espaçadas. Escutamos e observamos passarinhos. Alguns ingredientes saem da horta. Não poderia ser diferente em ambiente assim. Quero dizer que louça também é linda, e muito bem escolhida: vi a colher mais bonita e elegante da vida, da Cutipol, de Portugal.

Gaspacho de abóbora – Foto de Bruno Agostini®

Há um clima chique de roça, com design, arquitetura e artes se integrando a uma cozinha que não exagera nas pretensões, e que é extremamente confortável e reconfortante. Apesar de enxuto, o menu consegue ser bem variado, com opções a todos. Clique no link pra ver.

Dá vontade de comer todas as entradas, destacando o ovo, com shimeji, creme de aipim e crocante de panko com alho porró; o ravióli de beterraba com recheio de boursin, pesto e castanha-de-caju; e o camarão com creme de maçã verde e alho-poró e pó de Parma.

As vieiras sobre ninho de couve – Foto de Bruno Agostini®

O mesmo acontece entre os principais. Fiquei tentado por três, assim como aconteceu com as entradas. Porco em baixa temperatura com ragu de lentilha, ninho de alho-poró e farofa de alho negro; a costela bovina assada e depois desfiada e prensada, servida com molho de castanha-do-pará, purê de maçã em redução de maracujá e cebolas crocantes; e vieiras canadenses sobre ninho de alga de couve salpicada com amêndoas torradas, arroz thai de manga com alho-poró e gengibre e molho de soja com melado foram os três que mais me chamaram a atenção.

A costela bovina em longo cozimento – Foto de Bruno Agostini®

Deixei, como quase todo mundo na mesa, que o Bebeto escolhesse o que eu deveria comer. E me olhou bem, ficou um pouco na dúvida, mas depois de refletir, escolheu o ovo de entrada e a costela de principal. Ele conseguiu me ajudar a resolver a dúvida, e ainda por cima acertou em cheio nas minhas predileções.

O inusitado e muito saboroso nhoque com massa de bacalhau, e apimenta da casa – Foto de Bruno Agostini®

Fiquei bem feliz de ter provado, para compartilhar, o inusitado nhoque de bacalhau com molho de tomate e sálvia. Delícia. Só provando para ver a massa. Pedi a pimenta da casa, que é muito boa, feita por eles, naquele estilo macerado e pastoso, nem muito forte, mas também não é fraquinha, ao contrário, equilibrada e saborosa. E o gaspacho de abóbora com granola salgada, refrescante e com sabor equilibrado, e bom jogo de texturas.

Torta de chocolate em calda quente de laranja: TEM QUE PROVAR! – Foto de Bruno Agostini®

Das sobremesas, dá vontade de provar tudo. E quase fiz isso. Como convém em grupos grandes, fomos para uma mesa no jardim, com aquele lindo sol de fim de tarde que rasgava a copa de uma árvore para nos atingir, com suavidade de uma luz de fim de tarde.

Mas o que que é isso? cocada de forno com sorvete de quebra-queixo – Foto de Bruno Agostini®

Veio torta de chocolate meio amargo com calda de laranja quente (tem que provar); rabanada com sorvete de caramelo salpicado com flor de sal (idem), cocada de forno com sorvete de quebra-queixo (igualmente), torta de mel com mascarpone e castanha-de-caju (também) e torta de maçã com coalhada com raspas de limão (sem sombra de dúvidas).

Biscointinhos de especiarias, deliciosamente crocantes e amanteigados – Foto de Bruno Agostini®

Vale destacar que todos os deliciosos sorvetes são feitos ali. Deliciosos. E o biscoitinho que acompanha o café é crocante, amanteigado, tostadinho na medida certa, muito bom mesmo.

Banalizaram o termo “experiência”, que agora vale para tudo. No caso do Restaurante… lá o que experimentamos foi a vivência.

* Obs.: A visita aconteceu na sexta, 28/1, mas o texto escrevi no domingo, e também vem daí a ideia do título, até porque o Restaurante… lá é um programão para este dia da semana.

Uma linda farmácia, do século 19 – Foto de Bruno Agostini®

SERVIÇO
Restaurante…lá: Estrada do Secretário km 5,7, s/nº, Secretário, Petrópolis. Tel.: (24) 2104-7390. Instagram: @restaurante_la

Torta de mel e mascarpone e castanha-de-caju – Foto de Bruno Agostini®

 

 

 

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