Quinta da Henriqueta: novidade do mês, a cozinha dos Açores reluz no Jardim Botânico

O casarão tem bela decoração, valorizando as antigas paredes de tijolinho – Foto de Bruno Agostini®

Abriu as portas no começo do mês, na Rua Lopes, a Quinta da Henriqueta, restaurante cujo desenvolvimento eu acompanhei desde o início, com grande entusiasmo, lusófono que sou. Estiva lá na semana passada, e passei uma noite para lá de agradável, entre gavetas, taças, bonitas panelas com recheios deliciosos, com as alcatras, ensopados típicos do arquipélago dos Açores, o fio-condutor do menu, que assim traça uma linha entre Portugal e o Brasil, com escala nas ilhas atlânticas.

Abrindo o picaporte: o boas-vindas cenográfico e delicioso – Foto de Bruno Agostini®

Em um ano que chega ao fim com tantas novidades, posso dizer que a @quintadahenriqueta é uma das melhores.
É uma casa portuguesa, com certeza, mas é diferente de todas as outras.

 

Alcatra de peixe: especialidade dos Açores – Foto de Bruno Agostini®

Tem sangue e espírito açoriano – algo que só se encontra ali, fruto da paixão de @diogocoutinho2013 pela terra de seus pais, as vulcânicas ilhas atlânticas.

A reforma do casarão ficou linda – Foto de Bruno Agostini®

Com ele na empreitada está o querido e admirado amigo @ederheck – que fez do Mr. Lam referência em serviço, e elegância.
Quando digo que o lugar é diferente dos outros, é porque encontramos ali coisas que não existem em outros restaurantes portugueses, como a linda caixa de boas vindas, chamada Abrindo o Picaporte, que traz entre outras coisas um pão de chouriço espetacular, e as mais finas torradas, pra gente lambuzar com pasta de atum, com o queijinho feito na casa, com tartare de pimenta. É parada obrigatória, um início descontraído, para dividir.

Trio de tartares: atum, vieira e polvo – Foto de Bruno Agostini®

Pedimos, a seguir, o trio de tartares, que traz atum com teriaki de Porto e pipoca de alcaparra, vieiras azeitadas na pimenta dedo-de-moça e na salicórnia e polvo com páprica, que foi apreciado com bom Chardonnay francês.

Cataplana de mariscos – Foto de Bruno Agostini®

Pedimos, ainda uma cataplana de pescados, exalando aquele perfume de azeites, crustáceos e tomates, que tornam rico o caldo, para ser tomado de colher ou para passar o pão, encharcando de alegria a broa.

Delírio!

E nos chega a baixela brilhante e perfumada, que abriga uma seleção de lambretas, com as conchas embebidas em vinho branco, alho, limão e ervas.

 

O @cheffcarlosgleyson está fazendo um trabalho incrível na cozinha, que privilegia mais os pescados do que outros endereços portugueses de referência: é uma casa açoriana, com orgulho.

 

Alcatra de carne: jeito açoriano de cozinhar em panelas de barro – Foto de Bruno Agostini®

Dos dias que recentemente ele passou por lá, trouxe referências culinárias, a mais notória e notável são as alcatras, um modo açoriano de cozinhar, em panelas de barro, cortes de peixe e de carne, que fervilham  em caldos ricos, com base de vinho e especiarias. Ontem, provei a alcatra de carne, deslumbrante em seus aromas, em sua textura de seda, e na profundidade de sabores que entrega.
Nem precisava, mas o lugar é lindo, com paredes cruas de tijolinho, as armações dos telhados aparentes e uma adega tão bonita que dá vontade de viver nela.

Um Volney de categoria elevou a reta final do jantar inesquecível – Foto de Bruno Agostini®

Saí de lá com imensa sensação de conforto e de confiança, com aquele calor no coração que as coisas boas da vida nos colocam.
Quando for, repare no serviço bem treinado na apresentação dos pratos, perceba os aromas que a comida emite, e as louças e panelas, a cataplana de cobre, o barro do caldeirão fumegante, e a maneira gestual dos garçons.

Doces portugueses encerram em alto nível – Foto de Bruno Agostini®

A Quinta da Henriqueta tem alma de verdade, tem espírito luso-carioca como poucos lugares desta terra.
E, desta forma jeitosa, consegue ser um restaurante original, acolhedor e que promete se colocar com o tempo entre os melhores desta cidade deliciosa chamada Rio de Janeiro.

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