Depois que passar esse pesadelo do corona vírus o mundo não será o mesmo, e um dos impactos mais significativos será na gastronomia – pelo menos aqui no Brasil.
Já víamos um movimento em direção a restaurantes com menus mais enxutos, mais simples e em consequência mais baratos. Equipes menores no salão e na cozinha, comida mais voltada às tradições, muitos pratos para serem compartilhados, às vezes servidos na própria panela, no meio da mesa, em detrimento do serviço empratado, e minimalista, em longos menus degustação, com pratos preparados com aparato tecnológico caro, e que precisam de uma brigada grande de cozinheiros para serem servidos.
Foi tão revolucionária a cozinha, desde os anos 1970, com a nouvelle cuisine, processo que culminou no grupo de chefs espanhóis, que espalharam o conceito dessa cozinha moderna pelo mundo. É azeitona explodindo na boca, é um prato que parece ser uma coisa, mas que é outra, é caviar de caipirinha, é espuma para lá e para cá, é
Isso não é uma crítica, mas uma constatação: só tenho preconceito com restaurantes a quilo (e com a comida tex-mex, da forma que é apresentada no Brasil (mas em lugares como o Hometown B B Que, em Nova York, fui imensamente feliz, com tacos de pulled pork, pastrami de bacon e outros pratos que caracterizam essa culinária fascinante que o México apresenta ao mundo, e que se fundiu com a do estado americano: para ler um post sobre essa casa incrível, hoje com filial em Miami, clique aqui).
Dois exemplos dessa busca de cardápios menos rebuscados, em locais mais simples, são dois chefs pelos quais tenho imensa admiração: Claude Troisgros e Roberta Sudbrack, que hoje parecem muito mais felizes à frente do Chez Claude e do Sud, o Pássaro Verde (já escrevi sobre o primeiro nesse post aqui, e sobre o segundo neste aqui).
Distante, isolado na serra, tenho sentido falta de visitar meus restaurantes preferidos, rever os amigos queridos e poder pedir em casa – tenho, ao menos, feito muita comida, uma distração nesses tempos difíceis.
Enxuto, e como sempre faz a chef, privilegiando os pequenos produtores, alguns dos cardápios que mais me fazem salivar e invejar os que estão no Rio e podem pedir entregas no conforto do lar, é justamente do Sud. Mudam todos os dias. Ontem, por exemplo, teve lasanha (amo!), focaccia com sardella caseira, carne de panela com batatinhas, pudim de pão e clafoutis de pera. Hoje é dia de picadinho com arroz maluco, costelinha assada com polenta e taioba, arroz ácido de cogumelos, panqueca de doce de leite e pudim de pão (esses dois últimos também estava em cartaz ontem), além de crostata de jaca (fiquei curioso para provar).
Os pedidos podem ser feitos de 12h ás 19h, pelo WhatsApp (21-99370-9996) e pelo telefone (21-3114-0464).
– O cardápio muda todo dia porque estamos trabalhando exatamente dentro da mesma filosofia do Sud, comida fresca, feita na hora que o pedido, e sai! É delivery, mas é como se estivesse sendo servido no Sud. Quem entrega são dois taxistas amigos, com carros limpíssimos e a comida não chega toda revirada. Os preços deles estão praticamente iguais aos da Loggi e Rappi, mas acaba sendo um serviço muito mais especial! Envio de bebidas vamos entrar na semana que vem – conta a chef.
Na tarde de ontem, pedi o menu de hoje:
– Só tenho mais tarde, porque esperamos os pequenos produtores dizerem o que eles tem. Pode ser? – respondeu Sudbrack.
Fora o deleite de uma comida especial, é uma forma de ajudar seus restaurantes preferidos, que estão passando por um momento muitíssimo complicado, como todo mundo. Nos próximos dias vou me dedicar a indicar casas que estão com serviço de entregas, entre meus lugares preferidos. Distante, escrever sobre eles é uma forma de atenuar as saudades.
2 commentários
gostei muito do seu site, sempre volto para ver conteudo
tão bem elaborado.
Oi, Paolla, muito obrigado pelas palavras.