Amnésia IPA: uma lembrança ‘amarga’ dessa cerveja forte da Mistura Clássica

A cerveja é uma Double IPA, produzida pela Mistura Clássica, com 9% ABV – Foto de Bruno Agostini®

Essa é uma lembrança ‘amarga’, sem dúvida. E deliciosa. Eu não me recordo bem o mês, porque não fazia a mínima ideia de onde aquilo ia dar. O ano era 2011. Acho… Talvez 10, ou 12. Acredito que 11 mesmo. Mas sei que cheguei numa tarde de sol, devia ser inverno, pois não me lembro de calor, mas da luz bonita. Sentei numa mesinha na calçada do Herr Pfeffer, e decidi pedir uma cerveja. Pedi a Amnésia só porque gostei do nome, e achei atraentes os seus 9% de álcool, e também fiquei curioso, porque não tinha o hábito de beber cervejas, além das convencionais lagers, naquela época.

Pela primeira vez vi uma carta de cervejas longa e bem explicada, como se faz com as de vinho, muitas vezes. Falava dos estilos, das escolas cervejeiras, e trazia uma seleção com o que havia de melhor naquele momento no mercado brasileiro, emergente no ramo naqueles tempos não tão distantes. Havia as mais importantes marcas estrangeiras, com boa amostra de rótulos importados, os mais emblemáticos, e mais uma apanhado com as cervejarias artesanais brasileiras, das melhores procedências. Isso me chamou a atenção.

Não foi ele quem tirou o pedido, mas o Fabinho – hoje o chamo assim – fez questão de ir servir a cerveja, talvez para explicar bem àquele cara que ela era muito amarga e maltada, forte mesmo, bem diferente do que eu deveria estar acostumado, o que era uma verdade.

Trocamos algumas palavras, eu bebi a cerveja, e comecei ali a explorar este universo. Porque gostei.

Uma porrada: de lúpulo, que aparecia em aromas resinosos e herbáceos, de skank, inclusive; de caramelo, vindo dos maltes que dão o tom castanho escuro da Amnésia; e as notas frutadas, de manga, e cítricas, de maracujá. Explosão. Pancada. Exclamação: puta, eu gosto disso!, pensei. Fato.

Dali em diante, passei a estudar e beber cerveja, de vários estilos, com algumas predileções, entre elas toda a família das IPAs, tão vasta, desde as sessions até as mais diabólicas imperials – além de porters potentes e sours, como um todo, com predileção por estilos com passagem em barricas.

Naquele dia, lá de 2011, se não me engano, fui comer um escondidinho na Academia da Cachaça, e acabei fazendo um aperitivo ao lado, para gastar o tempo. Lembro, ainda, que ou eu estava de folga, ou estava de férias. Não era dia de trabalho. Usava bermuda e chinelo. não sei porque lembro disso. Numa época em que ainda usava câmera fotográfica reflex, eu estava sem ela, e não registrei o momento, fotografia. Mas, na memória, sim, e muito claramente.

Fato é que, dali em diante, virei cliente assíduo do Herr Pfeffer, além de apreciador de cervejas. Com o tempo, fui ficando amigo do Fabio Santos, o Fabinho, que muito me ensinou sobre o assunto. Assim, esse virou meu bar preferido no mundo. Onde como e bebo bem, onde o Flamengo sempre vence as partidas quando vou lá ver. Além de tudo, é um boteco pé-quente.

Onde sempre tem Amnésia na geladeira. Esta, da foto, bebi com o amigo Pedro Mastellaro, coordenador do guia Duo Gourmet, do qual eu sou curador no Rio (e que você pode usar no Herr Pfeffer). Em homenagem ao Fabinho, pedimos uma Amnésia. Porque, se não fosse ela, nada disso estaria acontecendo, e muito menos estaríamos ali brindando o aniversário do amigo Pedro, no dia de nossa primeira reunião, ao meio-dia chegamos ao Herr Peffer. Foi a nossa primeira parada, de muitas, naquela semana agitada, que aconteceu há um ano: em março do ano passado, exatamente.

Valeu, Amnésia: eu me lembro muito bem de você!

Escrevi este texto ontem pela manhã, no ônibus, descendo a serra. Não sei porque me deu vontade de falar dessa cerveja e deste dia. Depois, eu lembrei: neste dia 28/2/2023 meu amigo Fabinho fazia 50 anos. Eu passei no Herr Pfeffer para lhe dar um abraço, sem me dar conta da data. Mas ele já não estava. Parabéns, meu irmão!!! Cinquentão! Grande abraço!

 

 

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